Considerado o primeiro ator brasileiro a ser uma unanimidade junto ao público por conta de seu desempenho nas novelas Alma Cigana e O Direito de Nascer, Amilton Fernandes nasceu em Pelotas (RS), em 27 de abril de 1929, e nos deixou quando atuava numa trama da Globo.
Ele trabalhou no comércio local, mas sempre desejou se tornar ator, iniciando sua carreira na Rádio Pelotas, onde esteve entre 1947 e 1950. Neste ano, foi tentar a sorte no Rio de Janeiro (RJ), sem obter êxito.
Depois de um novo período no Rio Grande do Sul, estreou na televisão em 1957, como ator e apresentador da TV Itacolomi em Belo Horizonte (MG). Em 1958, outra mudança, desta vez para São Paulo (SP), onde participou de teleteatros da TV Tupi, começando a despontar como galã. Em 1963, ganhou seu primeiro papel de destaque na TV, como protagonista de Moulin Rouge – A Vida de Toulouse Lautrec, novela escrita e dirigida por Geraldo Vietri.
Em 1964, Amilton se tornou um dos maiores galãs da televisão ao viver o capitão Fernando na novela Alma Cigana, exibida pela Tupi. Neste mesmo ano, ele ainda faria mais dois trabalhos no canal: O Segredo de Laura e Quem Casa com Maria?.
Consagração definitiva
Contudo, a consagração definitiva vieira com o papel de Albertinho Limonta em O Direito de Nascer. A produção, baseada no original cubano de Félix Caignet, se tornou um enorme sucesso junto ao público.
Na trama, ele fez par com a atriz Guy Loup, que vivia Isabel Cristina. O casal era tão querido pelos telespectadores, que a atriz chegou a mudar seu nome artístico. A novela foi um fenômeno, tendo seu enceramento em ginásios completamente lotados em São Paulo e no Rio, com o público aclamando o elenco.
Antes de transferir para Globo, Amilton Fernandes, ainda fez O Preço de uma Vida, outra adaptação de um original cubano, contudo sem repetir o sucesso do trabalho anterior.
Entrou na nova casa em 1966, participando, com destaque, das novelas O Sheik de Agadir, A Rainha Louca e Sangue e Areia, que acabaria sendo seu último trabalho na telinha.
Desastre automobilístico
A carreira de Amilton Fernandes seria interrompida drasticamente na madrugada do dia 29 de janeiro de 1968. Ele perdeu o controle do automóvel que conduzia e colidiu com dois postes. O ator estava acompanhado do amigo Cláudio Suma, sofrendo ferimentos sem gravidade. Ambos foram encaminhados para a Casa de Saúde São Sebastião.
No entanto, por ser hemofílico, Amilton foi submetido a uma série de seis operações. Após passar pela terceira cirurgia, o ator já havia perdido mais de vinte quilos, mas tinha esperanças de retornar ao trabalho na novela.
Os últimos dias de vida do artista foram os mais críticos, chegando a ficar em estado pré-comatoso. Vários colegas o visitaram, como os atores Leila Diniz, Marieta Severo, Lurdes Mayer e Zilka Salaberry. Um dos últimos pedidos dele, durante a vista de seus dois irmãos José, Ernani e do ator Angelito Melo, foi para que sua barba fosse feita.
Segundo declaração do irmão do ator ao jornal O Globo de 8 de abril de 1968, Amilton disse:
“Dá um jeito e me faz a barba. Um galã precisa estar bem escanhoado. Mano amigo, dá um jeito”, sendo prontamente atendido.
Horas depois deste pedido, Amilton Fernandes morreu, em dia 8 de abril de 1968, com apenas 48 anos. O féretro do ator foi acompanhado por cerca de três mil pessoas. Seu corpo foi sepultado no Cemitério de São João Batista, na capital fluminense. Ele era desquitado e deixou uma filha, Ione.
Seu personagem sem Sangue e Areia, o vilão Dom Ricardo, simplesmente desapareceu da trama.