Há 46 anos, a Record exibia o último capítulo de Pingo de Gente, trama de Raimundo Lopes – autor de Redenção (1966), a mais longa novela da TV brasileira – centrada nos conflitos da pequena Ana Maria (Elisa D’Agostino). Não há registros da obra na internet. Também não sabemos se a emissora preservou o folhetim em seus arquivos; afinal, ‘Pingo’ é de um tempo em que a manutenção da memória da televisão não era usual. Mas a história é bastante conhecida dos brasileiros por conta de um remake mexicano.

O texto fora adaptado pela Televisa em 1978, com o título Gotita de Gente. A habitual parceira do SBT lançou uma segunda versão vinte anos depois. E foi Silvio Santos, claro, quem trouxe Gotinha de Amor ao Brasil. A novela substituiu em definitivo a já desgastada Chiquititas (1997). Os dilemas das órfãs do Raio de Luz eram sempre “interrompidos” nas férias de janeiro; entre as duas últimas temporadas, o SBT exibiu mexicanas voltadas para o público infanto-juvenil – Luz Clarita (1999) e O Diário de Daniela (2000), ambas estreladas por Daniela Luján.

Com novelas de fora, menos onerosas do que as daqui, rendendo tanto quanto a produção Brasil-Argentina, o “patrão” optou por “entregar o horário” a Televisa. Nesta versão de Pingo de Gente, Ana Maria virou Isabel (Andrea Lagunes). Inteligente e astuta, a menina empreende uma fuga do orfanato em que vive, sempre hostilizada pela diretora Justa (Maria Clara Zurita), encontrando amparo apenas na faz-tudo Nana (Alicia Montoya). Nas ruas, Isabel encontra o apoio de Jesus (Alejandro Ibarra).

Órfão desde os dez anos de idade, Jesus ganha a vida como ambulante. Suas ambições são sempre ceifadas pela namorada, Célia (Pilar Montenegro). O relacionamento, no entanto, começa a ruir frente o desprezo com o qual a moça trata Isabel e a proximidade do rapaz com a milionária Maria Fernanda Santiago (Laura Flores). Hoje namorada de Ricardo (Gerardo Murguia), médico de boa índole, Fernanda padeceu no passado ao se envolver com um tipo que a abandonou grávida, para desespero de seu pai, Otávio (Téo Tapia).

Foi ele, com o auxílio do mordomo Clemente (Guillermo Zarur), quem entregou a neta para adoção. Maria Fernanda, desde então, se dedica a buscar pela filha. A menina, coincidência do destino, é Isabel. Esta descoberta, ao invés de unir, separa o casal protagonista, vitimado pelas intrigas de Lucrécia (Mercedes Molto), prima invejosa de Fernanda. Posteriormente, surge Ulisses Barroso (Miguel de Léon), pai biológico da “órfã”.

No ar por aqui, de janeiro a abril de 2001, Gotinha de Amor arrebatou o público. A novela demandou cuidados especiais do SBT. Pegando carona no êxito de Daniela Luján, a emissora apostou num tema de abertura, gravado em português pela atriz. A trama foi reapresentada – com mais capítulos do que a exibição original – entre setembro de 2012 e fevereiro de 2013, às 14h15, substituindo a brazuca Pequena Travessa (2002). Quem sabe um dia não pinta por aqui outra vez, quiçá como remake…


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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.