Imagine a cena: é noite de véspera de Natal e a família está reunida, compartilhando a ceia, trocando presentes e espiando a TV para ver o que está acontecendo na novela. De repente, tiros são disparados e a vilã da trama cai morta, ensanguentada. Não combina nem um pouco com a noite de Natal, certo?
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Mas foi isso o que aconteceu na véspera de Natal de 1988. O público que esperava por Papai Noel se surpreendeu ao se deparar com o assassinato de Odete Roitman (Beatriz Segall) em Vale Tudo, um clássico da teledramaturgia nacional.
Grande sucesso
Exibida de maio de 1988 a janeiro de 1989 no horário nobre da Globo, Vale Tudo é considerada uma das melhores novelas brasileiras de todos os tempos. Escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, a trama escreveu seu nome na história da televisão do país.
A trama girava em torno da batalhadora Raquel (Regina Duarte) e de sua filha, a carreirista Maria de Fátima (Gloria Pires), capaz das maiores atrocidades contra a própria mãe para se dar bem. Outra personagem icônica é a vilã Odete Roitman, personagem mais marcante da carreira da veterana Beatriz Segall.
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Mau-caráter e politicamente incorreta, Odete destilava seu ódio contra o Brasil e os brasileiros com suas frases mordazes e cheias de preconceito. Após muito aprontar, ela acaba sendo misteriosamente assassinada com três tiros, numa cena que foi exibida em 24 de dezembro de 1988.
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Quem matou Odete Roitman?
O assassinato de Odete Roitman não chegou a pegar o público de surpresa, já que a imprensa especializada já havia adiantado que a vilã seria alvejada na noite de Natal. Por isso, desde antes de a cena ir ao ar, já haviam matérias sobre os possíveis assassinos nos jornais e nas revistas.
Após a exibição da cena, as especulações sobre a identidade do assassino de Vale Tudo se intensificaram. O mistério mexeu com todo mundo, ao ponto de o Caldo Maggi lançar uma promoção na qual os participantes tinham que adivinhar o nome do personagem misterioso. A promoção, inclusive, superou as expectativas mais otimistas de seus realizadores.
Para despistar a imprensa, os autores escreveram cinco finais diferentes. Curiosamente, um dos finais apontava que o assassino era uma criança, Bruno (Danton Mello), que teria pegado a arma do pai Marco Aurélio (Reginaldo Faria) para levar a ele. Mas, ao chegar à casa de Odete, ele testemunharia uma discussão entre o pai e a vilã e atiraria.
Segundo o jornal O Globo de 7 de janeiro de 1989, além de Bruno, os outros finais apontavam para César (Carlos Alberto Riccelli), Olavo (Paulo Reis), Queiroz (Paulo Porto) e Leila (Cassia Kis).
Mistério revelado
Apesar do enorme sucesso, o mistério em torno do assassinato de Odete Roitman durou pouco tempo. A identidade do assassino foi revelada no último capítulo, que foi ao ar em 6 de janeiro de 1989.
No episódio final, é mostrado que a responsável por acabar com a vida de Odete era Leila. Ela acreditava que o marido Marco Aurélio estava se encontrando com a amante Maria de Fátima e atira, sem saber que, na verdade, tratava-se de Odete.
O desfecho deixou a atriz Cassia Kis satisfeita.
”Eu achei o desfecho fantástico. Leila era uma mulher comum demais, carente, com valores horrorosos, desequilibrada. Acredito que o fato dela ter sido escolhida como a assassina foi a melhor solução”, declarou a atriz ao jornal O Dia.