Há exatamente 20 anos, no início de fevereiro de 1998, Lillian Witte Fibe deixava o comando do Jornal Nacional. A jornalista estava na bancada do principal telejornal da televisão brasileira desde 1° de abril de 1996, ao lado de William Bonner, e tinha contrato até 8 de março daquele ano.

Na Folha de S. Paulo de 7 de fevereiro de 1998, Cristina Padiglione informou que Lillian poderia ir para as redes norte-americanas CBS, NBC ou ABC – ou ainda para algum canal de notícias internacional. “A Folha apurou que a vontade da jornalista, no momento, é fazer uma espécie de estágio em uma dessas redes, por três meses. A jornalista chegou a conversar sobre o assunto com alguns colegas da Rede Globo, planejando se afastar do Brasil até julho”.

Em sucinta entrevista ao jornal, via fax, Evandro Carlos de Andrade (1931-2001), então diretor da Central Globo de Jornalismo, disse que Lillian Witte Fibe “saiu porque quis”. Ele se negou a responder se procedia a informação de que havia um alto índice de rejeição à jornalista na apresentação do JN.

Sandra Annenberg substituiu Lillian no telejornal a partir de 5 de fevereiro de 1998. A Globo colocou Carlos Nascimento ao lado de Bonner até que fosse definido quem ficaria na posição.

Pouco tempo depois, foi anunciado que Fátima Bernardes, que estava no Fantástico, assumiria a apresentação do Jornal Nacional ao lado do então marido a partir do dia 31 de março, quando estrearia a nova programação da Globo.

Dança das cadeiras no jornalismo global

A saída de Lillian Witte Fibe promoveu uma verdadeira dança das cadeiras no jornalismo global.

Ela renovou seu contrato com a emissora e retomou o comando do Jornal da Globo, que apresentava antes de se transferir para o Jornal Nacional.

Sandra Annenberg, que estava no JG, foi para o Jornal Hoje, então apresentado por Mônica Waldvogel. Já Carlos Nascimento assumiu o Bom Dia São Paulo.

Carla Vilhena, que recentemente anunciou sua saída da Globo, ganhou lugar fixo na bancada do Fantástico. Ela já havia substituído Fátima Bernardes durante a licença-maternidade dela.

O SPTV ficou com Chico Pinheiro e Mariana Godoy na primeira edição e Carlos Tramontina e Débora Menezes na segunda. Já o Bom Dia Rio foi para Márcio Gomes, enquanto Cláudia Cruz e Renata Capucci passaram a comandar, respectivamente, a primeira e a segunda edições do RJTV.

Os únicos que foram mantidos em seus postos foram Renato Machado e Leilane Neubarth (Bom Dia Brasil), Pedro Bial (Fantástico) e Sérgio Chapelin (Globo Repórter).

Viralizou na internet

Lillian Witte Fibe ficou na Globo até 30 de abril de 2000, quando deixou a emissora e, consequentemente, a apresentação do Jornal da Globo.

Em seguida, apresentou o primeiro jornal feito exclusivamente para a internet brasileira, o Jornal da Lilian, no portal Terra. Foi lá que surgiu um dos primeiros vídeos nacionais viralizados, quando teve um ataque de risos ao final de uma edição ao noticiar a prisão de uma velhinha que carregava milhares de comprimidos de ecstasy em sua mala, enquanto seu namorado pensava ser Viagra.

Recentemente, a jornalista foi contratada pela Veja, onde mantém um blog e participa de transmissões online da TV online da revista.


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Thell de Castro

Apaixonado por televisão desde a infância, Thell de Castro é jornalista, criador e diretor do TV História, que entrou no ar em 2012. Especialista em história da TV, já prestou consultoria para diversas emissoras e escreveu o livro Dicionário da Televisão Brasileira, lançado em 2015 Leia todos os textos do autor