A poucas semanas do seu desfecho, A Força do Querer apresenta uma reta final de tirar o fôlego. A novela de Glória Perez vem quebrando sucessivos recordes de audiência e mobilizando o público como raramente se viu nos últimos anos – e este sucesso se deve ao seu conjunto bem estruturado, com personagens densos, bons entrechos e ótimo aproveitamento de seu elenco. No entanto, especialmente nas últimas semanas, algumas reviravoltas renderam sequências impactantes.

Na semana passada, foi marcante a sequência da operação policial em que Sabiá (Jonathan Azevedo) foi finalmente preso, com direito a uma troca de tiros entre Jeiza (Paolla Oliveira) e Bibi (Juliana Paes). Em meio ao tiroteio, Irene (Débora Falabella) caiu em uma cilada de Elvira (Betty Faria), que chamou o bandido para dar um susto na vilã, que perdeu o bebê. Pouco antes, a major invadiu o Morro do Beco para libertar crianças sequestradas por bandidos que tomaram uma van escolar – caso inspirado em um evento real.

O roteiro da autora e a direção da equipe liderada por Rogério Gomes privilegiaram o talento dos intérpretes nestas cenas, o que tornou o resultado ainda melhor. Paolla Oliveira emocionou no resgate das crianças, enfatizando a força e a multiplicidade de sua personagem – inclusive exibindo um emocionante lado maternal. Débora Falabella também brilhou no desespero de Irene após perder a criança, inviabilizando seu plano de dar um golpe em Eugênio (Dan Stulbach).

Pouco depois, novos desdobramentos se formaram. Bibi fugiu com Rubinho (Emílio Dantas) e Dedé (João Bravo) para o litoral, onde estão vivendo com nomes falsos. Em uma cena aparentemente simples, o garoto acabou ligando para a avó Aurora (Elizângela) a partir do celular grampeado do pai, que reagiu agressivamente. A tristeza do menino se refletiu na tocante interpretação de João Bravo, que emocionou o público mais uma vez.

Paralelamente a isto, as mentiras e o egoísmo de Ritinha (Isis Valverde) quase custaram a vida de Zeca (Marco Pigossi), que levou um tiro do rival Ruy (Fiuk) pouco depois de uma conversa com Jeiza – a militar tentou convencer o ex-namorado a não voltar para Parazinho. Os olhares dos dois deixaram claro que o casal se ama muito, apesar do orgulho, e que este sentimento ainda é forte.

No fim do capítulo, com o esperado embate entre o caminhoneiro e o mauricinho, Marco Pigossi e a direção da cena se destacaram no momento em que o paraense provoca o rival e é atingido. Fiuk, que desde o início se mostrou uma escolha errada para viver um papel de tamanha importância, reafirmou isto nas cenas e não convenceu, porém, o bom trabalho de Pigossi e dos diretores compensou muito bem a falha.

Num ato de covardia, Ruy fugiu e tratou de se esconder, enquanto seguiu-se uma grande cena com Isis Valverde, Bruna Linzmeyer e Maria Fernanda Cândido, na qual Cibele e Joyce acusam a sereia de ser indiretamente responsável pela quase tragédia que atingiu o marrento. As três atrizes deram um show e Bruna vivenciou sua melhor cena, após ficar avulsa e sem função por muito tempo.

Na última quarta-feira, foi a vez de Tonico Pereira se destacar. O veterano emocionou com a tristeza de Abel ao ver o estado do filho e protagonizou, mais uma vez com Pigossi, uma linda sequência em que nada foi dito. Apenas os olhares dos dois atores expressavam perfeitamente o sofrimento. Deve-se também destacar o talento de Luci Pereira com a tristeza de Nazaré, uma vez que a talentosa atriz normalmente é valorizada apenas por Glória Perez.

Todas essas cenas mobilizaram o público e reafirmam que A Força do Querer resgatou a sensação de unanimidade que faltava no horário nobre, fazendo da novela o melhor trabalho da autora em muito tempo e a trama de maior repercussão desde Avenida Brasil (2012).

Ainda há muito mais por vir nas duas últimas semanas. A expectativa pelos desfechos dos principais personagens é grande. O êxito da obra é resultado de um elenco coeso, enredo bem estruturado e direção competente. Sem dúvidas, uma trama que deixará saudades.


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