O autor Manoel Carlos estava no ar às 20h, com Por Amor (1997), quando a Globo reestreou, no dia 9 de fevereiro de 1998, a novela Felicidade, no Vale a Pena Ver de Novo.

A trama estrelada por Tony Ramos (Álvaro) e Helena (Maitê Proença) marcou o regresso do autor à emissora após uma ausência de nove anos – motivada pela morte de Jardel Filho, protagonista de Sol de Verão (1982), outro folhetim de Maneco, e amigo deste (que, entristecido, preferiu não renovar contrato).

Baseada em contos de Aníbal Machado, Felicidade acompanhava a trajetória de Helena, moça de boa família, insatisfeita com sua rotina na bucólica Vila Feliz, Minas Gerais. A chegada de dois “forasteiros”, Álvaro e Mário (Herson Capri), alimenta as esperanças de Helena de seguir rumo ao Rio de Janeiro. Ela se apaixona pelo primeiro, mas casa-se com o segundo. Anos depois, os protagonistas se reencontram – e Helena engravida! Ela cria sozinha a filha, Bia (Tatyane Fontinhas Goulart), enquanto Álvaro se une a Débora (Vivianne Pasmanter). Eis que Helena vai trabalhar para Cândida (Laura Cardoso), mãe de Álvaro, estando outra vez próxima do advogado; bem como Bia se aproxima do meio-irmão, Alvinho (Eduardo Caldas).

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Uma das maiores audiências do horário das 18h na década de 1990 – ao lado de novelas como Barriga de Aluguel (1990), Despedida de Solteiro (1992), Mulheres de Areia (1993) e Sonho Meu (1993) – Felicidade padeceu com esticamentos em razão da indefinição de sua substituta: a princípio, ‘Mulheres’; depois, ‘Despedida’. Ainda assim, Manoel Carlos conseguiu manter o pique. E Denise Saraceni conduziu com maestria sua primeira direção-geral. O bom desempenho parecia se repetir no ‘Vale a Pena’: a reprise estreou com apenas 15 pontos. Já no segundo capítulo, os índices subiram; no último, chegou a 26. Mas, sabe-se lá por quê, apesar do êxito, a Globo retalhou a reexibição: os 203 capítulos originais foram condensados em apenas 55.

Enquanto Felicidade registrou média geral de 20,1, Fera Ferida (1993), a antecessora, apontou 19,7 em suas onze primeiras semanas; já A Viagem (1994) registrou 23,4, enquanto Mulheres de Areia surpreendeu até o mais animado diretor de programação com seus 25,7. O Salvador de Pátria (1989), que sucedeu o folhetim das 18h, mesmo com números mais tímidos (18,8 de média geral), ganhou a “complacência” do canal: seus 186 capítulos originais foram reeditados em 88. Não há, desta forma, motivos para explicar a reprise-relâmpago de Felicidade – embora, todos saibam, o grande critério do Vale a Pena Ver de Novo é não ter critério algum. A “tesoura” preservou, essencialmente, o núcleo central, com foco nas crises de Débora.

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Vivianne Pasmanter, aliás, vivia tipo semelhante às 20h – a obcecada Laura, que perseguia o casal formado por Marcelo (Fábio Assunção), seu ex, e Eduarda. A “repetição” do tipo e o protagonismo de Tony e Maitê – estrelas de Torre de Babel (1998), próxima estreia da faixa mais nobre – foram apontadas como motivo para o precipitado término da reapresentação. Além disso, a Globo atravessava um período “confuso” em sua grade vespertina. A novelinha Malhação (1995), desgastada, entrou em férias. Para substituí-la, a emissora escalou a então aposentada Sessão Aventura, com Nikita, FX – a série, Conan – o bárbaro, As Aventuras de Sinbad e Amor e Liberdade. Os índices, na Grande São Paulo, despencaram, cerca de 4 pontos.

Em 16 de fevereiro, a Globo abortou a Sessão Aventura, lançando a faixa Tempo de Verão, com a reapresentação de Riacho Doce (1990). A ideia era fornecer um conteúdo que impulsionasse Anjo Mau (1997), a novela das 18h, então em reta final. O TV História não encontrou dados de audiência da minissérie escrita por Aguinaldo Silva e Ana Maria Moretzsohn, baseada na obra de José Lins do Rêgo e protagonizada por Vera Fischer, Carlos Alberto Riccelli e Fernanda Montenegro. A trama foi substituída por Malhação, temporada 1998, em 31 de março, abrindo a “nova” programação da Globo – então passando por uma troca de comando: saiu o todo-poderoso Boni e chegou Marluce Dias da Silva.

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Naquele mesmo dia, o Vídeo Show deixou a faixa das 13h40, migrando para 17h. A Globo impulsionou a estreia em novo horário, escalando o clássico Free Willy (1993) para a Sessão da Tarde. Com a mudança, Felicidade foi esticada: os capítulos, que duravam cerca de uma hora, chegaram até a uma hora e meia de duração. Apesar da boa estreia (com média 23 pontos na primeira semana), o ‘VS’ perdeu relevância no novo horário (em seus últimos dias por ali registrou “míseros” 13 pontos). Com o término de Felicidade – que entrava, então, na sequência do Jornal Hoje – o vespertino voltou para o início da tarde. Sobre Felicidade, aliás: a novela foi reapresentada, na íntegra, pelo VIVA, entre 2012 e 2013, e recentemente entrou no Globoplay. Valeu a pena ver de novo…

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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.