Luciano Huck parece ter encontrado o caminho do sucesso de seu programa nas tardes de domingo da Globo. O apresentador está à frente do Domingão com Huck (foto abaixo) desde a tumultuada saída de Fausto Silva, que ocupava a vaga do horário na emissora.

Luciano Huck
Reprodução / Globo

Voltado para toda a família, o Domingão em nada lembra o Caldeirão, atração anterior comandada por Luciano que rendeu uma bela dor de cabeça à Globo no início dos anos 2000.

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Brincadeira sem graça

Dragões da Independência
Ana Volpe

No antigo Caldeirão do Huck, que ia ao ar nas tardes de sábado, Luciano resolveu fazer uma brincadeira com os Dragões da Independência (foto acima), soldados responsáveis pela guarda do Palácio do Planalto, em Brasília.

O episódio aconteceu logo após a solenidade com o primeiro-ministro britânico Tony Blair. Na ocasião, o comunicador tentou tirar do sério os Dragões fazendo caretas, cócegas com uma pena no nariz deles, contando piadas e, no momento mais constrangedor da encenação, colocando um rato no ombro de um dos soldados.

Para a realização do quadro, Huck foi vestido a caráter com o tradicional uniforme da tropa.

Mal-estar generalizado

Angélica e Luciano Huck
Reprodução / Instagram

Toda essa brincadeira causou um mal-estar no governo. No dia 2 de agosto de 2001, o jornal O Globo publicou que o então presidente Fernando Henrique Cardoso quis punir os responsáveis pela autorização dada a Luciano Huck (na foto acima, com Angélica) para subir a rampa do Planalto.

O chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o general Alberto Cardoso, chegou a prestar declarações a Fernando Henrique. Mas, no comunicado enviado pelo Exército, ele reconheceu que a pauta acertada com a produção do Caldeirão não havia “especificado suficientemente as cenas” que seriam gravadas e que a preocupação era com a segurança de Tony Blair.

Já o Centro de Comunicação Social do Exército (Ceconcex) informou em nota oficial que a agravação foi autorizada pelo Gabinete de Segurança Institucional. Contudo, o Exército havia feito um pedido para que o programa fosse ao ar na Semana da Pátria, visando “destacar os valores e as tradições cultuadas por um dos mais históricos regimentos de cavalaria do Exército Brasileiro”.

Jogo de culpas

O discurso feito pelo Centro de Comunicação do Exército foi endossado pela própria instituição que, de acordo com matéria publicada na revista Veja em 8 de agosto de 2001, buscava melhorar a imagem dos seus soldados e oficiais, que foram autorizados a aparecer como personagens em programas de TV.

O Exército tentou se eximir da culpa, alegando que o roteiro do programa foi combinado com o Gabinete Militar da Presidência, mas os detalhes do que iria ser feito não.

A matéria ainda destacou que os assessores do presidente comentaram que as brincadeiras feitas por Huck eram bizarras, deixando Fernando Henrique Cardoso bastante irritado com todo o circo que foi armado.

Por fim, os militares admitiram que Luciano exagerou e que desconheciam “os artifícios inadequados” usados pelo apresentador e sua equipe.

O quadro acabou indo ao ar e mesmo com toda a polêmica envolvida,  segurou a audiência do Caldeirão, que na época concorria diretamente com o consagrado show de talentos que era exibido no Programa Raul Gil, da Record.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor