André Santana

Principal canal de notícias do Brasil e um dos mais vistos dos Canais Globo, a GloboNews vive uma séria crise de audiência. A emissora paga perdeu uma significativa parcela de seu público e tem vivido num traço preocupante.

Daniela Lima apresenta Conexão GloboNews
Daniela Lima apresenta Conexão GloboNews

A queda da GloboNews coincide com o encolhimento da TV paga no Brasil, que segue em queda livre em seu número de assinantes. No entanto, não é só isso que explica o aparente baixo interesse do público pela estação noticiosa.

Atualmente, a GloboNews é refém de uma programação ao vivo que peca pela repetição constante de informações, análises e opiniões. Seus telejornais são arrastados e pouco atrativos.

A queda da GloboNews

De acordo com dados do Painel Nacional de Televisão do Kantar Ibope Media divulgados pelo site Teleguiado, a GloboNews perdeu 38% da audiência em um mês. Em maio, a média do canal foi de 0,13 pontos; já em junho, esse número caiu para 0,08.

No último mês, a GloboNews ficou atrás de outros Canais Globo, como Viva, SporTV e Premiere – estes dois últimos foram beneficiados com a Eurocopa e Copa América. Trata-se de uma queda expressiva para um canal que sempre figurou entre os mais vistos da TV paga brasileira.

Mas o que estaria levando a GloboNews a perder público de maneira tão acentuada? Além da evidente concorrência com o esporte, a emissora do Grupo Globo pena com a queda da TV paga e com sua programação previsível.

TV paga em crise

Cesar Tralli e Daniela Lima na GloboNews
Cesar Tralli e Daniela Lima no Edição das 18h (Reprodução / GloboNews)

Recentemente, o portal Metrópoles revelou dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mostrando que metade dos clientes abandonou a TV por assinatura nos últimos 10 anos.

A TV paga atingiu seu ápice em 2014, com 19,6 milhões de assinantes, mas, depois disso, o serviço só fez encolher. De acordo com a publicação, a queda foi de quase 50%, um total de 9,5 milhões de consumidores a menos na década.

Enquanto isso, aumenta o consumo de vídeo pela internet. A Kantar Ibope revelou que, em fevereiro de 2024, plataformas como YouTube, TikTok e streamings pagos, como Netflix e Globoplay, já representam 30,7% do mercado brasileiro. Ou seja, superou a TV por assinatura, que representa 8,1% da fatia de mercado.

Programação estagnada

Em meio a essa mudança de comportamento do público, a GloboNews também mudou bastante. A partir de 2019, a emissora fez transformações drásticas na grade, abrindo mão de programas informativos gravados para investir pesado em telejornais ao vivo.

A aposta mais expressiva em hard news se intensificou ainda mais durante a pandemia de Covid-19, quando a demanda por informação aumentou consideravelmente. Foi neste contexto que longos programas ao vivo, como o Em Ponto, Conexão GloboNews e GloboNews Mais foram criados.

Porém, o problema desta opção é que os jornais passaram a abusar do formato que consiste num time de comentaristas dispostos a espremer até a última gota os assuntos do dia. O que mais se vê são analistas repetindo as mesmas informações e emitindo as mesmas opiniões o dia inteiro. Sem dúvidas, essa previsibilidade ajudou a afugentar o público do canal.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor