Se já não bastasse todo o sofrimento vivido por personagens como Marê (Camila Queiroz), Orlando (Diogo Almeida) e Marcelino (Levi Asaf), Amor Perfeito escapou de ter um final bastante ainda mais melancólico.

Diogo Almeida como Orlando em Amor Perfeito
Diogo Almeida como Orlando em Amor Perfeito (reprodução/Globo)

Os autores Duca Rachid, Júlio Fischer e Elísio Lopes Jr. tinham imaginado um final emocionante para a novela das nove da Globo . O desfecho da trama mostraria Marcelino, já adulto, levando seu filho ao cemitério para visitar o túmulo dos religiosos que o criaram. No entanto, a sequência foi considerada muito pesada e acabou ficando de fora do folhetim.

Porém, mais pesado que o final imaginado inicialmente pelos novelistas é o do livro Marcelino Pão e Vinho, do qual a novela é livremente baseada. O desfecho do romance de José María Sánchez Silva também é bem macabro.

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Visita ao cemitério

Tony Tornado e Tonico Pereira
Tony Tornado e Tonico Pereira em Amor Perfeito (Reprodução / Globo)

De acordo com o portal Notícias da TV, a cena final de Amor Perfeito mostraria Marcelino, já adulto, ao lado de seu filho, que seria vivido por Levi Asaf – o Marcelino criança. O garoto se chamaria Ângelo, o nome que Marê (Camila Queiroz) deu ao filho antes de perdê-lo.

Marcelino e seu filho estariam em um cemitério, diante dos túmulos de Tomé (Tony Tornado), Leão (Tonico Pereira) e Euzébio (Francisco Torres). O rapaz contaria ao filho quem eram os religiosos e como eles foram importantes em sua criação.

Ao lado de Ângelo, Marcelino colocaria flores no túmulo dos religiosos e contaria ao menino que eles já eram bastante velhinhos quando ele tinha a idade do filho. Marcelino também relembraria de Cícero, um frei que teria morrido quando ele ainda era muito menino. Ângelo apareceria fascinado ouvindo as emocionantes histórias do pai.

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Sequência vetada

Amor Perfeito - Júlio Fischer, Duca Rachid e Elisio Lopes Jr
Júlio Fischer, Duca Rachid e Elisio Lopes Jr, autores de Amor Perfeito (Paulo Belote / Globo)

A promessa era de uma sequência de forte emoção. Os autores pretendiam homenagear os freis e padres mais velhos que criaram Marcelino enquanto ele viveu na Irmandade dos Clérigos de São Jacinto.

Mas, segundo o NTV, a direção de Amor Perfeito teria vetado a cena ainda antes da gravação. Na pré-produção, os diretores constataram que a sequência seria pesada demais, já que falaria de morte num momento que deveria ser mais alegre.

Como Amor Perfeito foi essencialmente dramática do início ao fim, a direção da novela considerou que o desfecho da produção devia ser mais leve e otimista. Com isso, a ideia foi engavetada de vez.

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Final dramático

Marê (Camila Queiroz), Marcelino (Levi Asaf) e Orlando (Diogo Almeida) em Amor Perfeito
Marê (Camila Queiroz), Marcelino (Levi Asaf) e Orlando (Diogo Almeida) em Amor Perfeito (divulgação/Globo)

Mas vale acrescentar que o desfecho do livro que inspirou os autores de Amor Perfeito é ainda mais macabro. A novela das seis da Globo é livremente inspirada em Marcelino Pão e Vinho, publicação espanhola do autor José María Sánchez Silva. O livro é um sucesso mundial e já rendeu um filme e uma série de animação.

Marcelino Pão e Vinho conta a história de Marcelino, um garoto órfão que é criado por padres em uma instituição religiosa. Ao mesmo tempo em que ele apronta muitas estripulias, Marcelino sonha em conhecer a mãe. O menino conversa constantemente com Jesus, a quem sempre oferece pão e vinho.

No final do romance, Marcelino pede a Jesus que o leve até sua mãe, pois ele gostaria muito de conhecê-la. O ser divino, então, pede ao garoto que durma para poder sonhar com ela. Assim, Marcelino morre sem dor e sofrimento, indo ao encontro da mãe no além.

Felizmente, em Amor Perfeito isso não vai acontecer, já que a mãe de Marcelino está viva. No final da novela, o garoto finalmente descobrirá que é filho de Marê (Camila Queiroz) e Orlando (Diogo Almeida) e viverá feliz ao lado dos pais.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor