Mar do Sertão está fazendo bonito na Globo. De acordo com o publicado pela jornalista Patricia Kogut, a novela manteve os bons índices de audiência da produção anterior (Além da Ilusão) e, após uma pesquisa de opinião, foram encomendados ao autor Mário Teixeira mais capítulos além dos inicialmente previstos.

Ordens para esticar uma novela, ou para encurtar, são comuns na televisão. Fazem parte do jogo, do DNA da “obra aberta”, que é a telenovela, formato dependente das variações de humor do público ao longo do percurso. Esticamentos e encurtamentos existem desde sempre e as razões são as mais variadas possíveis.

Estica e puxa

Beto Rockfeller

Diante do sucesso de Redenção (1966-1968), Beto Rockfeller (1968-1969), Irmãos Coragem (1970-1971), Mulheres de Areia (1973-1974) e O Machão (1974-1975), os executivos de suas emissoras não tiveram dúvida: esticaram as novelas ao máximo, até a exaustão. É uma prática usada até hoje, vide as novelas infantis do SBT. Também na Record TV, com o sucesso de Os Dez Mandamentos (2015-2016).

Contudo, nem sempre o sucesso decide o esticamento. Inúmeros são os casos, também, de novelas espichadas porque a produção substituta não tinha tempo hábil para estreia, geralmente por causa de problemas de produção, caso de O Profeta (1978), Corpo a Corpo (1985), Roque Santeiro (1986), Felicidade (1992), Zazá (1998), e, mais recentemente, de Um Lugar ao Sol (2022).

Morte rápida

Grave é quando a novela é encurtada porque não faz sucesso. A ordem é “largar a mão”, partir para a próxima, caso de O Sheik de Ipanema (1975), O Amor é Nosso (1981), Terras do Sem Fim (1981-1982), As Filhas da Mãe (2001-2002), Metamorphoses (2004), Cristal (2006), Desejo Proibido (2007-2008), Em Família (2014), Babilônia (2015), Apocalipse (2017-2018) e várias outras.

Este não é o caso de Mar do Sertão, uma novela que está agradando, com sua história, se não original, ao menos contada com sabor, com boa carpintaria do folhetim clássico, recheada de personagens carismáticos. Esperamos que mantenha esse pique até o seu término.

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Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor