Clássico dos anos 1980, Elas por Elas narra a história de sete amigas dos tempos de colégio que se reencontram depois de 20 anos afastadas. Mas, estranhamente, elas tinham idades distintas, o que tornava essa amizade “ginasial” um tanto inviável.
Esse erro foi corrigido pelos autores Alessandro Marson e Thereza Falcão, responsáveis pelo remake da obra de Cassiano Gabus Mendes que estreia na faixa das seis da Globo em setembro, e que terá Deborah Secco (acima) como uma das estrelas. Porém, a “correção” criada pela dupla de novelistas soa mais como desculpa esfarrapada, já que também não faz muito sentido.
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Colégio?
Na primeira versão de Elas por Elas, produzida em 1982, Márcia (Eva Wilma) encontra uma foto sua ao lado de suas seis amigas do colégio. Tomada pela nostalgia, ela decide promover um encontro em sua casa, 20 anos depois da última reunião.
Porém, Márcia, Wanda (Sandra Bréa), Helena (Aracy Balabanian), Natália (Joana Fomm), Adriana (Esther Góes), Marlene (Mila Moreira) e Carmem (Maria Helena Dias) não têm a mesma idade. Márcia, por exemplo, já tinha mais de 40 anos (quase 50), enquanto Wanda estava na faixa dos 30.
“Eu era a chefa, sabe? Era a mais velha… Olha que vergonha! Quase 18 anos de idade e ainda não tinha terminado o ginásio. Sempre fui uma negação pros estudos. A Wanda, com 11 anos, já estava na admissão”, explicou Márcia à amiga Bia (Beatriz Lyra), numa tentativa do autor de justificar a diferença.
Mudança
Se a justificativa criada por Cassiano Gabus Mendes na primeira versão de Elas por Elas já soou meio forçada na época, nos dias de hoje ela faria ainda menos sentido, em razão das mudanças no sistema de ensino. “Admissão”, por exemplo, é coisa dos anos 1980.
Pensando nisso, Thereza Falcão e Alessandro Marson optaram por modificar a origem da amizade entre as sete protagonistas de Elas por Elas. Na nova versão, Lara (Deborah Secco), Taís (Késia), Helena (Isabel Teixeira), Natália (Mariana Santos), Adriana (Thalita Carauta), Carol (Karine Teles) e Renée (Maria Clara Spinelli) ficaram amigas por conta de um curso de inglês.
A alteração traz a trama para a contemporaneidade, já que escolas de inglês se popularizaram bastante no Brasil entre os anos 1990 e 2000. Além disso, as turmas são separadas por níveis de aprendizado, e não por idade. Com isso, é mais crível que as sete amigas tenham dividido uma mesma sala de aula.
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Desculpa esfarrapada
Embora pareça mais crível, a solução criada pelos novos autores para justificar a diferença de idade das sete protagonistas de Elas por Elas também é um tanto forçada. Afinal, embora fosse possível que estas sete mulheres tenham frequentado um mesmo curso, é pouco provável que elas tenham criado um laço tão forte por conta disso.
Amizades que nascem na escola tendem a ser mais sólidas e até duradouras, já que o ambiente escolar viabiliza um encontro diário que dura horas. Por isso, é bastante natural que as relações sejam mais próximas e se consolidem. Além da sala de aula, a escola também oportuniza encontros no intervalo das aulas – ou recreio -, estreitando ainda mais os laços entre crianças e jovens.
Já os cursos particulares de idiomas promovem encontros bem menos próximos. Normalmente, as aulas acontecem uma ou duas vezes por semana, com duração de cerca de uma hora, sem intervalos. Com isso, é bem mais difícil surgirem amizades sólidas nesse ambiente. Portanto, a origem da amizade das sete mulheres continua mal explicada.
