Marina Ruy Barbosa tem divertido o público com as caras e bocas da vilã Preciosa em Fuzuê. A personagem da novela de Gustavo Reiz é quase uma novidade na carreira da atriz, que viveu mais mocinhas que megeras em folhetins.
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Uma de suas mocinhas foi Amália, a protagonista de Deus Salve o Rei (2018). A novela de Daniel Adjafre foi uma ousada tentativa da Globo de emplacar uma trama medieval. No entanto, a produção não empolgou e precisou trocar de autor para decolar.
Na onda de Game Of Thrones
Em 2018, a série Game Of Thrones, da HBO, era uma das produções mais aplaudidas da TV mundial. Isso gerou uma espécie de “febre medieval”, que chegou à TV brasileira. Record e Globo tentaram surfar nesta onda e lançaram novelas que se passavam na Idade Média: Belaventura (2017) e Deus Salve o Rei, respectivamente.
Para atrair o público jovem e ligado nas redes sociais, a Globo teve a ideia de apostar no segmento e, ainda, unir dois nomes em alta junto a este nicho: Marina Ruy Barbosa e Bruna Marquezine. A primeira era a mocinha Amália, enquanto a segunda dava vida à vilã Catarina. Completando a trinca central estava Romulo Estrela, como o príncipe Afonso.
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Mas a aposta não se revelou tão bem-sucedida. A direção da Globo constatou uma perigosa oscilação de audiência em Deus Salve o Rei, indicando que a novela não estava conseguindo fidelizar o público. Por isso, o canal decidiu intervir.
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Intervenção
Na época, Silvio de Abreu, que ocupava o cargo de diretor de teledramaturgia da Globo, determinou as primeiras mudanças em Deus Salve o Rei. O veterano solicitou ao autor Daniel Adjafre, que assinava sua primeira novela, algumas mudanças no eixo central da história.
Abreu pediu que Adjafre reescrevesse capítulos e desse um destaque maior ao triângulo amoroso central. Ao mesmo tempo, o diretor solicitou mudanças nas tramas paralelas, já que foi constatado que muitas das histórias não empolgavam o público.
Além disso, foi pedido que o diretor Fabrício Mamberti corrigisse a atuação de Bruna Marquezine, que foi bastante criticada. A proposta do diretor era fazer com que Catarina fosse uma vilã “gélida”, mas o tom monocórdico e a falta de expressão da atriz a fizeram parecer um robô. Depois disso, a performance da atriz foi suavizada.
Novo autor
Apesar das solicitações de Silvio de Abreu, Daniel Adjafre não conseguiu implementar as mudanças necessárias. Com isso, o diretor de teledramaturgia da Globo convocou Ricardo Linhares como supervisor de texto, para que o veterano fizesse as alterações desejadas.
Linhares, então, promoveu uma reforma na trama. O autor conseguiu estabelecer um maior foco sobre a relação entre Afonso, Amália e Catarina. Além disso, foi criado um novo personagem, rei Otávio (Alexandre Borges), que deu um fio condutor mais bem definido ao conflito central.
A nova fase também focou em personagens mais promissores, como a bruxa Brice (Bia Arantes) e a guerreira Selena (Marina Moschen). Por fim, o núcleo cômico, encabeçado por Lucrécia (Tatá Werneck) e Rodolfo (Johnny Massaro), ganhou piadas mais bem sacadas, estabelecendo um diálogo com a contemporaneidade.
Entrou nos eixos
A intervenção de Ricardo Linhares se revelou acertada. Deus Salve o Rei tinha uma trama pouco amarrada, muito focada em situações. Com o auxílio do supervisor de texto, esta falha foi resolvida.
Na reta final, a audiência se consolidou. A trama não foi considerada um sucesso, mas esteve longe de ser um fracasso A média final foi de 25,5 pontos no Kantar Ibope Media, resultado satisfatório para a faixa.