O SBT passou anos comemorando os minutos que conseguia bater a Globo em audiência. Já a Record foi ainda mais longe: adotou o slogan “A Caminho da Liderança” e investiu pesado numa estratégia de programação para derrubar a concorrente (que não deu certo e já foi abandonada). Mas nenhuma delas chegou a ser uma ameaça à liderança global tanto quanto o streaming.

Ivete Sangalo - The Masked Singer Brasil
Reprodução / Globo

De acordo com dados do Kantar Ibope Media divulgados pelo site NaTelinha, o streaming já “encostou” na Globo em audiência. As plataformas, inclusive, conseguiram alcançar a liderança durante várias horas, batendo inclusive a estreia de The Masked Singer Brasil (foto acima), algo considerado impensável até pouco tempo atrás.

Liderança

Pluft, o Fantasminha
Divulgação / Globo

Segundo os dados do Ibope, o streaming assumiu a liderança na audiência pela primeira vez na madrugada de sexta-feira (20) para sábado (21). No horário, a Globo anotou 4,2 pontos e 21,5% de share. Enquanto isso, o streaming alcançou 4,8 pontos e 24,6% dos aparelhos de TV ligados.

No entanto, o feito que chamou mesmo a atenção aconteceu no domingo (22). O streaming passou à frente da Globo e liderou a audiência toda a tarde, entre 12h e 18h. Neste momento, as plataformas somaram 10 pontos no Ibope, enquanto a Globo registrou 9,3 pontos. A Record veio em terceiro, com 6,8 pontos e o SBT em quarto, com 5,9 pontos. Já a TV paga ficou em quinto, com 4,4 pontos.

Durante este período, a Globo exibia a parte final do Esporte Espetacular, o filme Aladdin na Temperatura Máxima, o último episódio de Pluft, o Fantasminha (foto acima) e a estreia de The Masked Singer Brasil, além do trecho inicial do Domingão com Huck.

Mudança de comportamento

Netflix

A Kantar Ibope Media considera “streaming” todo o conteúdo de vídeo consumido online, seja ele gratuito ou pago. Um levantamento feito pela mesma empresa no ano passado, divulgado pelo Notícias da TV, revelou que o YouTube é líder de audiência entre as plataformas no segmento.

Segundo os dados, que foram coletados no primeiro semestre de 2022, a Netflix aparecia em segundo lugar, seguida de Globoplay, Prime Video, Twitch e Disney+. HBO Max e Star+ não entraram na lista.

Ou seja, a proliferação das smart TV’s vem alterando o hábito do espectador brasileiro, que se divide entre a TV aberta e a busca por conteúdos de vídeo em plataformas online. Isso explica a grande queda de audiência registrada pelas emissoras “menores”, como SBT e Record, que perderam a vice-liderança para o streaming.

O que chama a atenção, portanto, é o fato de o streaming, após ter “engolido” emissoras tradicionais, agora está bem próximo da Globo. Algo que nenhum outro canal conseguiu até então.

O que muda?

Streaming

A pesquisa do Kantar Ibope mostra que a Globo já não é tão “onipresente” quanto já foi um dia, em termos de audiência. Não por acaso, a emissora tem concentrado esforços e investindo pesado em conteúdo digital, buscando presença e fortalecimento neste ambiente.

No entanto, do ponto de vista comercial, não muda muita coisa, segundo análise publicada pelo NaTelinha. Isso porque o streaming e a TV paga não são uma coisa só: são vários canais e várias plataformas, o que “pulveriza” a publicidade. Já a Globo é “só” a Globo e, portanto, continua concentrando a maior fatia deste bolo.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor