Globo surpreende e abre o jogo sobre volta de novela proibida
26/03/2024 às 14h31
O lançamento do Projeto Fragmentos, que disponibiliza no Globoplay tramas clássicas da Globo que estão incompletas em seus arquivos, fez a alegria do noveleiro. Os fãs podem revisitar parte de novelas consideradas raras, como Estúpido Cupido (1976) e Sol de Verão (1982).
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Com o novo projeto, havia a expectativa de que fossem disponibilizadas também novelas que ficaram incompletas porque foram proibidas de ir ao ar. É o caso da primeira versão de Roque Santeiro (1975), liberada 10 anos depois (foto acima) e Despedida de Casado (1977).
No entanto, os fãs podem segurar a onda. O mais provável é que essas novelas, que nunca foram vistas, não sejam disponibilizadas na plataforma de streaming da Globo. Ou seja, elas devem permanecer inéditas para sempre…
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Projeto Fragmentos
No início de 2024, o Globoplay lançou o Projeto Fragmentos, uma espécie de extensão do Projeto Resgate. A nova ação é destinada ao resgate de tramas que não foram preservadas na íntegra nos arquivos da Globo, seja por má conservação das fitas ou por conta de incêndios que aconteceram na emissora no passado.
Desde o lançamento, o Projeto Fragmentos já resgatou partes de tramas como Estúpido Cupido, O Rebu (1974), Chega Mais (1980), Coração Alado (1980), Sol de Verão e Os Gigantes (1979). A ideia da Globo é resgatar ainda mais de 20 novelas incompletas.
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Mas, além de novelas cujos capítulos foram perdidos, a Globo mantém em seu acervo novelas que estão incompletas porque foram proibidas de ir ao ar pela censura. É o caso da primeira versão de Roque Santeiro e Despedida de Casado.
Clássico censurado
Escrita por Dias Gomes em 1975, a primeira versão de Roque Santeiro trazia Francisco Cuoco como Roque, Lima Duarte como Sinhozinho Malta e Betty Faria como Viúva Porcina. Já estava tudo pronto para a estreia da novela, que substituiria Escalada (1975) no horário nobre da Globo.
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Na época da Ditadura Militar, a Globo precisava submeter os capítulos de suas novelas para a aprovação – ou não – dos censores. A princípio, Roque Santeiro havia sido liberada, com algumas ressalvas. No entanto, o autor Dias Gomes era monitorado pelo SNI (Serviço Nacional de Informações).
Assim, quando o autor confidenciou a um amigo que a trama era uma adaptação de O Berço do Herói, peça de sua autoria que havia sido vetada anteriormente, a censura acabou proibindo Roque Santeiro de ir ao ar. Com isso, a Globo precisou reprisar Selva de Pedra (1972), enquanto preparava uma nova produção: Pecado Capital (1975), que aproveitou parte do elenco de Roque Santeiro.
Roque Santeiro teve cerca de 30 capítulos gravados, mas que nunca foram ao ar. Apenas trechos chegaram a ser exibidos no Fantástico e no Vídeo Show. O público só foi conhecer a história dez anos depois, quando a Globo produziu uma nova versão. A novela tornou-se um de seus maiores sucessos.
Sem previsão de volta
Outra novela que nunca foi ao ar foi Despedida de Casado (1977), de Walter George Durst. A trama foi produzida para a faixa das 22 horas, teve cerca de 30 capítulos gravados, mas não foi exibida pela Globo.
A censura proibiu a emissora de mostrar a trama, alegando que ela de explorava “de forma parcial, apenas os pontos negativos da união matrimonial, projetando para o espectador uma visão pessimista e uma série de mensagens nas quais aponta que o casamento, em geral, transformou-se numa instituirão falha, ultrapassada, só mantida nos dias atuais a custa de sacrifícios, e constituindo-se, assim, em insuportável fardo para os casais”, de acordo com o despacho do Serviço de Censura de Diversões Públicas (SCDP).
Diante disso, o público esperava que tanto Roque Santeiro quanto Despedida de Casado fossem contempladas pelo Projeto Fragmentos. Mas, de acordo com a Globo, não há previsão para que estas novelas ganhem uma nova chance.
“Os projetos Fragmentos e Resgate preveem a publicação de novelas que foram exibidas pela Globo e que têm capítulos preservados no acervo. As duas novelas não estão previstas nos projetos”, explicou a emissora ao site Heloísa Tolipan, em janeiro de 2024.