Globo surpreende ao escalar cantor para estrelar substituta de Travessia

Walcyr Carrasco

Victor Pollak / Globo

A próxima novela das nove da Globo, que vem sendo escrita por Walcyr Carrasco, terá como tema central um conflito envolvendo terras no interior do Mato Grosso do Sul. Por conta disso, a história trará quatro personagens representando os povos originários que habitam a região.

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Victor Pollak / Globo

Para retratá-los, a emissora tem procurado garantir a representatividade no elenco de sua novela, que deve se chamar Terra Bruta. Por isso, contratou o cantor e líder indígena Mapu Huni Kui para estrear como ator na substituta de Travessia.

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Assim, o canal evitará erros do passado que lhe renderam inúmeras críticas, como os cometidos em Geração Brasil (2014) ou Sol Nascente (2015). De certa forma, um erro cometido em outra novela do mesmo autor, Alma Gêmea, também será corrigido.

Núcleo indígena

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De acordo com informações do Notícias da TV, Terra Bruta (também conhecida como Terra Vermelha, mas este título deve ser descartado) terá um núcleo formado por uma família descendente dos povos originários do Brasil. O clã vai lutar contra a agricultura predatória na região do Mato Grosso do Sul.

Neste núcleo, estará Rudá Paraguaçu, interpretado pelo estreante Mapu Huni Kui. O ator será o primeiro artista indígena a participar de uma novela no horário nobre da Globo. Com isso, o canal preza pela representatividade em seu elenco, abrindo espaço para atores indígenas.

Assim, a Globo repara um erro. Até pouco tempo atrás, a emissora costumava escalar atores “não-indígenas” para assumir estes papéis. Roberto Bonfim (foto acima), por exemplo, viveu um cacique em Uga Uga (2000). Já André Gonçalves foi um indígena em Alma Gêmea (2005).

Aos poucos, a emissora tem se movimentado para evitar este tipo de erro. Tanto que, recentemente, dois atores indígenas participaram da segunda temporada de Aruanas, disponível no Globoplay, e que deve ser exibida na TV Globo este ano.

Elenco diverso

Além de escalar atores brancos para viver indígenas em suas produções, a Globo também já errou feio na representação de diferentes etnias em suas novelas e séries. Algumas delas renderam inúmeras críticas e são lembradas até hoje como erros que não devem se repetir.

Em Geração Brasil (2014), por exemplo, o canal foi duramente criticado por ter escalado o ator Rodrigo Pandolfo (foto acima) para viver um personagem coreano. Para viver Shin-Soo, o ator passava por uma caracterização que incluía “esticar” os olhos, numa prática conhecida como “yellow face”, considerada ofensiva.

Algo semelhante aconteceu em Sol Nascente (2015), obra em que Luis Melo foi escalado para viver um patriarca japonês. O ator aparecia em cena com um óculos de lentes pesadas para deixá-lo mais parecido com um oriental. A falta de atores japoneses ou descendentes de japoneses numa novela que tratava da cultura do Japão foi muito criticada.

Enquanto isso, Segundo Sol (2018) foi atacada por ter um elenco majoritariamente branco, mesmo sua trama principal sendo situada na Bahia, estado de maioria negra. A situação pegou tão mal que, desde então, o canal tem dado mais espaço a artistas negros. Tanto que Terra Bruta terá uma mocinha negra, Aline, personagem de Bárbara Reis.

Outros cuidados

Além de garantir mais representatividade no elenco, a Globo também quer evitar erros na abordagem da cultura indígena. Para isso, a emissora contratou o escritor e professor indígena Daniel Mundukuru (foto acima) para atuar como consultor.

Assim, o canal pretende evitar desconfortos como o que aconteceu com Nos Tempos do Imperador (2021), que teve uma cena em que Pilar (Gabriela Medvedovski) e Samuel (Michel Gomes) comentam sobre um possível “racismo reverso” sofrido pela mocinha, que é branca. A sequência pegou mal, já que não existe “racismo reverso”. Após a má repercussão da cena, a emissora recorreu a consultores para evitar repetir erros.

Quem é Mapu Huni Kui?

Lançamento da próxima novela das nove da Globo, Mapu Huni Kui tem uma sólida carreira na música. No ano passado, por exemplo, ele atendeu a um chamado da ONU (Organização das Nações Unidas) para se apresentar durante a Assembleia Geral. Na ocasião, ele fez uma apresentação junto com o DJ Alok.

Ele é um dos líderes do povo Huni Kui, também conhecido como Kaxinawá. Atualmente, são 14 mil pessoas pertencentes ao povo, que habitam cinco regiões/municípios.

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