No ar desde 2012, The Voice Brasil conquistou o público, em seus primeiros anos, ao narrar a luta de cantores em busca da fama. Boas histórias, um time de técnicos inspirados e divertidos e boas músicas caracterizavam a atração.
Porém, não demorou para que a fórmula se desgastasse. Com o passar dos anos, a atração penou com sua incapacidade de renovação. Os mesmos nomes de sempre se revezavam nas cadeiras de técnicos, todos com discursos cada vez mais previsíveis e chatos. Além disso, o programa ficou sem propósito, já que nunca, de fato, projetou um artista da música.
Não por acaso, a audiência, o faturamento e o interesse do público só fizeram cair ano a ano. Assim, com atraso, a Globo anunciou, em setembro, o fim do The Voice Brasil. A 12ª temporada, com estreia confirmada para novembro e apresentação de Fátima Bernardes (foto acima), será a última. Finalmente, a emissora tomou a decisão que já devia ter tomado há anos.
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Programa desgastado
Ao trocar o Encontro pelo The Voice Brasil, Fátima Bernardes ganhou a chance de mostrar uma nova faceta ao público, o de animadora de auditório. No entanto, a jornalista também recebeu uma “bucha”, já que assumiu o comando do programa musical no auge de seu desgaste. A jornalista foi a escolhida para substituir Tiago Leifert, que comandou as 10 primeiras edições.
Fátima, até o momento, apresentou uma temporada do The Voice Brasil e uma leva do The Voice Kids. Foram duas edições da franquia que não empolgaram o público, muito menos o mercado publicitário. Daí a decisão da Globo de encerrar de vez a competição que, na prática, nunca emplacou uma estrela de fato no mercado fonográfico.
Mas a crise na atração começou bem antes de Fátima assumir a apresentação. Ainda sob o comando de Tiago Leifert, o programa já vinha perdendo fôlego e repercussão. Tanto que nem mesmo a liderança de audiência no horário a disputa musical já garantia. Em 2020, o talent show chegou a ser ultrapassado por A Fazenda, da Record.
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Lacuna
Ao que tudo indica, a Globo deve ter muitas mudanças em sua grade para 2024. Afinal, são várias as lacunas que o canal terá que preencher ao longo do próximo ano, já que muitos programas “tradicionais” foram cancelados.
O No Limite, por exemplo, não deve retornar. O mais recente acordo com a Endemol, dona do formato, previa a produção de três temporadas, que já foram realizadas. Como nenhuma delas empolgou o público, o canal não tem interesse em renovar o acordo.
Assim, sem No Limite e sem The Voice Brasil, a Globo tem um “buraco” na linha de shows para preencher. É possível que o canal recorra às séries do Globoplay, mas lançar novos formatos também é uma possibilidade que não se deve descartar. Um deles, inclusive, já é conhecido: o canal vai apostar num formato criado por Boninho, que vai misturar competição musical e confinamento. Ou seja, uma espécie de “BBB da música”.
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Novo domingo
O mesmo acontece com as tardes de domingo, que não terão mais o The Voice Kids. A faixa também não foi bem com Minha Mãe Cozinha Melhor que a Sua e Família Paraíso, que não vão ganhas novas temporadas no horário. O mesmo deve acontecer com Pipoca da Ivete, atualmente no ar.
A emissora, inclusive, já anunciou como será seu início de tarde de domingo em 2024. De janeiro a abril, o espaço será preenchido pela nova temporada de The Masked Singer Brasil, que será comandado por Ivete Sangalo e terá Paulo Vieira e José Loreto como novos jurados. Já Sabrina Sato e Taís Araújo seguirão nos postos.
Com o fim da atração, o horário será preenchido pelo Domingão com Huck, que passará a ter “dois tempos”, um antes e outro depois do futebol. Por conta da expansão do programa de Luciano Huck, a Globo já está adquirindo novos formatos para incrementar o dominical, que passará a concorrer com parte do Domingo Legal, do SBT. Uma das novidades é The Million Pound Drop, formato britânico que já teve uma versão brasileira produzida pelo SBT, com o nome Um Milhão na Mesa.
Futuro
Com o fim do The Voice, abre-se uma dúvida sobre o futuro de Fátima Bernardes na Globo. A apresentadora não chega a ficar sem função, já que acaba de estrear Assim Como a Gente, novo talk show no GNT. A primeira temporada do novo programa terá 10 episódios.
Porém, Fátima é um nome forte da Globo, com apelo junto ao público e ao mercado publicitário. Sendo assim, parece pouco provável que a emissora vá abrir mão de seus serviços, ou mantê-la escondida num canal fechado.
A proposta do Assim Como a Gente é reunir duas pessoas com trajetórias semelhantes para um bate-papo com Fátima Bernardes, no qual trocarão experiências e vivências. A princípio, não parece um programa com cara de TV aberta. Ou seja, é pouco provável que a nova atração repita o caminho do Lady Night e do Que História É Essa, Porchat? e ganhe um espaço na TV Globo.
Deste modo, a emissora terá que pensar num novo projeto para Fátima comandar, caso tenha mesmo interesse em mantê-la em seus quadros. Mas, desta vez, que seja algo feito para ela.
