Uma bomba estourou na Globo nesta quarta (17): Camila Queiroz, protagonista de Verdades Secretas 2, está fora da produção, que ainda está sendo gravada. A produção, que foi amplamente divulgada pela emissora carioca, agora está em sua fase final de gravações e perde a principal personagem da trama, deixando um buraco em uma novela que tem sido duramente criticada pelo enredo.

Não vamos discutir aqui a confusão com a atriz, mas sim o fato de que a Globo tem tropeçado em sua programação. Não espere ler aqui que a emissora carioca vai falir ou está sem dinheiro, pois isso é mentira. Mas realmente falta estratégia em muitos pontos, o que tem deixado a desejar, seja na qualidade das produções, seja na audiência.

A perda de eventos esportivos, como Libertadores da América, campeonatos estaduais e a Fórmula 1, mostra que a emissora não tem mais apego ao exclusivo e nem vai mais gastar mundos e fundos com esse tipo de produto, mas esses mesmos eventos se mostravam importantes para a sua grade e o faturamento.

A Libertadores foi um trunfo do SBT, que teve a sorte de pegar duas finais brasileiras com dois grandes times. A audiência foi grande, muito além do esperado. A Fórmula 1 mostrou que tem público cativo, mesmo sem a presença dos brasileiros nas pistas. O GP do Brasil foi um grande sucesso e deu à Band o primeiro lugar por alguns momentos. Isso mostra que, cuidando bem das transmissões e da cobertura, os números no Ibope serão bons e rentáveis para qualquer emissora. Mesmo sem recordes de audiência, o faturamento comercial é garantido.

Nos últimos tempos, a Globo vem patinando na criação de programas. Fracassos sempre existiram, pois não dá para acertar em tudo, mas a quantidade de insucessos nos últimos tempos assusta. São exemplos atrações insossas como Zig Zag Arena, Se Joga, Tomara que Caia, O Dentista Mascarado, Adnight, Mestre do Sabor e muitos outros. Faustão foi demitido de forma desrespeitosa e Tiago Leifert também deixou o canal, deixando o The Voice após ter estreado a nova temporada.

As novelas que paravam o Brasil também já não chamam mais tanta atenção como antigamente: nos últimos anos, tivemos apenas Avenida Brasil e A Força do Querer nesse patamar.

Isso que estou citando pode ser visto no calvário que marca a nova trama das nove, Um Lugar ao Sol. A produção, assinada por Lícia Manzo, teve uma divulgação pífia e sofre com baixos índices de audiência. Na terça (16), a trama chegou a marcar 15,6 pontos no Ibope. Isso foi a gota d’água para a emissora e agora ela será relançada, com novas chamadas espalhadas pela programação. Pode ser tarde demais.

O Vídeo Show, por exemplo, programa que saiu do ar abruptamente em 2019, era uma vitrine para os programas globais, exibindo entrevistas e bastidores, deixando o público próximo do produto e, principalmente, de tudo aquilo que vai ao ar ao longo da semana. Se houve uma fase boa com Mônica Iozzi e Otaviano Costa, era tão difícil assim conseguir algo do gênero novamente?

São outros tempos e é complicado comparar, mas a Globo de hoje é muito diferente das épocas em que José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, e Marluce Dias a comandavam. Sobretudo, havia um cuidado com a qualidade e o respeito ao telespectador. Isso sempre foi um ponto importante para o sucesso do badalado Padrão Globo de Qualidade.

Mirar no futuro, deixar de lado contratos milionários, cortar custos e buscar uma aproximação com o público da internet são itens necessários, mas não se deve perder a essência.

Feita de qualquer jeito, Verdades Secretas 2, novela que foi amplamente divulgada por ter cenas de sexo com ousadia, deixou o público insatisfeito com uma trama instável e uma direção confusa.

Mudanças e ousadias são bem-vindas, mas não o telespectador não pode ser subestimado.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor