Desde a extinção da série Armação Ilimitada, em dezembro de 1988, Kadu Moliterno e André di Biase ensaiavam reviver os “heróis nacionais” Juba e Lula. Eles haviam acabado de gravar um disco, que rendeu o hit ‘Surf é o que eu sei’ – versão de Surfin USA, do Beach Boys -, constantemente na playlist do Globo de Ouro. Nascia assim o programa Juba & Lula.

O projeto entrou em produção logo no início de 1989, numa época em que a Globo somava esforços para atingir em cheio o público infantojuvenil, com o Xou da Xuxa nas manhãs de segunda a sábado, o Bobeou Dançou (também com Xuxa) aos domingos, a reexibição de A Gata Comeu (1985) em Vale a Pena Ver de Novo, de Guerra dos Sexos (1983) na Sessão Aventura, a estreia de Top Model às 19h (em setembro) e uma pretensa versão do “Show dos Calouros” para crianças e adolescentes, apresentada por Cláudia Raia, que acabou não saindo do papel.

Juba & Lula estreou em 5 de junho de 1989, dia do Meio Ambiente, às 17h, ocupando o espaço da Sessão Aventura, no mesmo horário em que a Manchete colocava o ar o principal concorrente da atração, Clube da Criança, então comandado por Angélica (foto abaixo). A estreia implicou na mudança de horário da Sessão Comédia, deslocada para 16h20, possibilitando que a atração de Kadu e André viesse coladinha na novela das 18h, Pacto de Sangue.

O cenário do programa era, digamos, nababesco. Ocupava um grande espaço em Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro, dividindo espaço com cidades cenográficas como Avilan, de Que Rei Sou Eu? (1989). Um auditório, um labirinto com obstáculos e uma pista de skate, além de espaço para uma plateia de 200 crianças, compunham o ambiente.

Espaço também para a tecnologia, concedido para o computador Hawaii, estrutura formada por nove monitores, com botões e alavancas, que fornecia informações para as provas e exibida matérias sobre ecologia e esportes. Também o quadro Você Sabia?, com um cachorrinho animado desenhado por Ricardo Nauemberg, que fornecia informações sobre meio ambiente.

A pretensão dos atores era implantar o projeto Natureza Força 1, espécie de instituição ecológica nos moldes do Greenpeace. A iniciativa consistia na criação de um central telefônica para receber denúncias sobre práticas nocivas contra a ecologia, o advento de “brigadas ecológicas” e filmes com os dublês do grupo 7 em Ação – que os acompanhavam no ‘Armação’ – com façanhas (como se aproximar de um jacaré no Pantanal) que serviriam para alertar o público a respeito da matança de animais em extinção.

Séries semanais, de aproximadamente sete minutos de duração, encerravam o programa. As produções, inspiradas nas histórias em quadrinhos do “homem-morcego” Batman, contavam com um time de vilões fixos, a Legião da Má Vontade: Mister Mal (Paulo César Pereio), Gargalhofa (Anderson Muller), Rato (Evandro Mesquita), A Gata (Daniele Dummiere, esposa do músico Lobão), Rancor (João Signorelli) e Crânio (Tonico Pereira). Dentre os números musicais, destaque para a participação de Gilberto Gil e Rita Lee, logo na estreia.

No entanto, Juba & Lula chegou ao fim cerca de um mês após a estreia, há exatamente 32 anos, em 28 de julho do mesmo ano, em razão do alto custo da produção e da audiência aquém das expectativas.

Detentores da marca, Kadu Moliterno e André di Biase tentaram levar o projeto para outro canal. Chegaram a conversar com SBT e Band e quase se acertaram, então em parceria com uma produtora independente, com a Manchete – que queria Kadu em Pantanal (1990) e os heróis nacionais em horário nobre, semanalmente, nos moldes do Armação Ilimitada. No entanto, a empreitada ficou por isso mesmo.

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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.