Globo resgata novela que fez sucesso, mas acabou envelhecendo mal

Belíssima

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Dando sequência ao projeto Originalidade, o Globoplay disponibiliza para seus assinantes a versão original de Belíssima (2005). A trama de Silvio de Abreu está na plataforma, mas em sua versão editada para o Vale a Pena Ver de Novo. Mas, a partir desta segunda (22), esta versão será substituída pela íntegra da produção.

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A novela, que traz no centro do enredo a icônica vilã Bia Falcão (Fernanda Montenegro), fez muito sucesso em sua primeira exibição, na faixa das nove da Globo. Belíssima obteve média geral de 48,5 pontos, tornando-se a terceira novela das oito/nove de maior audiência da década de 2000. Foi superada apenas por América (2005) e Senhora do Destino (2004).

No entanto, a reprise do Vale a Pena Ver de Novo não teve a mesma receptividade, já que a novela envelheceu mal. Exibida entre junho de 2018 e janeiro de 2019, Belíssima até estreou bem, com robustos 18 pontos, mas logo perdeu força. Durante um tempo, seus capítulos oscilavam entre 12 e 13 pontos. Na média geral, o repeteco fechou com 14 pontos, um resultado considerado fraco.

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Um dos motivos para tamanha indiferença do público pode estar no fato de Belíssima ser um thriller policial. Em 2005, os seus mistérios pareciam instigantes e convidavam o público a bancar o detetive. Mas, em 2018, já se sabia quem era o grande vilão oculto da obra, o que fez a trama ficar menos interessante.

Thriller

Belíssima narrava a tensão que existia entre Júlia Assumpção (Gloria Pires), uma rica empresária dona da confecção que dava nome à novela, e Bia Falcão, sua avó. Bia humilhava Júlia por ela ser uma mulher simples, bem distante do ícone de beleza que era Stella, a mãe de Júlia, já falecida.

A vida de Júlia muda quando ela conhece o operário André Santana (Marcello Antony), por quem se apaixona. Mas Bia, a princípio, não aceita o romance, já que André é de origem humilde. Porém, Júlia segue firme em seu amor, e se casa com o homem que ama.

Porém, após o casamento, Júlia percebe que André não é a pessoa que ela acreditava ser. Ele se mostra um mau-caráter, que começa a roubar da esposa tudo o que ela tem. Além disso, ele engata um caso com Érica (Letícia Birkheuer), filha de Júlia.

Mas, quando Júlia descobre a verdade, André se mostra arrependido de tudo o que fez. É quando fica claro que o operário, na realidade, é apenas um peão dentro de um plano diabólico para tirar de Júlia tudo o que ela tem. André aparece constantemente recebendo ordens em misteriosas ligações. Apenas no último capítulo o mistério sobre o vilão oculto vem à tona.

Torre de Babel ao contrário

Com Belíssima, Silvio de Abreu levou ao horário nobre seu terceiro thriller policial. Depois de A Próxima Vítima (1995) e Torre de Babel (1998), o autor buscava emplacar mais uma história de suspense e mistério.

A Próxima Vítima foi muito bem-recebida pelo público desde o começo. Mas Torre de Babel demorou a engrenar. O autor iniciou a novela com personagens dúbios, que guardavam segredos, pois queria que todos fossem suspeitos pela explosão do Tropical Tower Shopping, crime que permeia a trama.

No entanto, esta dualidade não foi bem compreendida, obrigando o autor a mudar a maneira de contar esta história. Silvio de Abreu, então, aumentou o tom folhetinesco de Torre de Babel, e a novela emplacou.

Neste contexto, Belíssima pode ser considerada uma “Torre de Babel ao contrário”. A trama começa como uma novela convencional, com uma mocinha rica que se apaixona por um rapaz pobre, o que enfurece sua avó do mal. Mas, aos poucos, os mistérios começam a aparecer, e Belíssima perde o tom de romance para assumir cores de thriller.

O truque deu certo, e, originalmente, Belíssima obteve ótima audiência do início ao fim.

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