Nilson Xavier

Jamanta, Dona Armênia e “suas três filhinhas”, Murilo Pontes, Mário Fofoca e muitos outros personagens famosos de nossas novelas retornaram mais tarde em outras produções. A autora Glória Perez, em seu novo trabalho, Travessia (que substitui Pantanal em outubro), irá “ressuscitar” três personagens marcantes de outra obra de sua autoria, Salve Jorge, exibida entre 2012 e 2013.

Giovanna Antonelli

Assim, Alexandre Nero, Giovanna Antonelli e Luci Pereira estão de volta como o carismático casal Helô e Stênio e a divertida empregada Creuza. Acho um acerto da autora, já que esses personagens fizeram o maior sucesso e estavam entre os melhores de Salve Jorge.

Não foi a primeira vez que Glória Perez fez isso! Em Barriga de Aluguel (1990-1991) a autora promoveu o retorno da personagem Sulamita, de sua novela Partido Alto (1984), interpretada pela atriz Marilu Bueno, em uma participação especial.

Beatriz Segall e Mário Lago

Em outra obra da autora, O Clone (2001/2002), foi a vez dos médicos Dr. Molina (Mário Lago) e Miss Brown (Beatriz Segall), de Barriga de Aluguel, voltarem, para participarem de uma discussão ética e científica sobre clonagem humana.

Prática antiga

Beto Rockfeller

A prática de trazer de volta personagens de outras novelas é antiga. Beto Rockfeller, emblemático personagem de Luis Gustavo na novela homônima de 1968-1969, retornou em 1973 na continuação da obra, A Volta de Beto Rockfeller. Porém, neste caso, tratava-se de continuação da antiga novela, o que logicamente implicou em trazer de volta o seu protagonista.

Em uma participação na novela Nino, o italianinho (1969-1970), a atriz Néa Simões viveu a mesma personagem (Catarina) que havia interpretado na novela anterior no horário, Antônio Maria, do mesmo autor (Geraldo Vietri). Catarina, de Antônio Maria, reaparece em Nino, o italianinho para procurar Dona Nena (Dirce Migliaccio), moradora da vila de Nino.

O autor Walter Negrão gostou tanto da performance de Silvio de Abreu (futuro autor de novelas) como o Subdelegado Damasceno em sua novela A Próxima Atração (1970-1971) que fez ressurgir o mesmo personagem e intérprete em sua obra seguinte, Editora Mayo, Bom Dia (1971).

Voltei Pra Você

As crianças Serelepe, Pituca e Tuim, personagens de Aires Pinto, Patrícia Aires e Pelezinho na primeira versão de Meu Pedacinho de Chão (1971-1972), de Benedito Ruy Barbosa, retornaram em uma nova trama do autor, Voltei pra Você (1983/1984) – com Paulo Castelli, Cristina Mullins e Cosme dos Santos interpretando Serelepe, Pituca e Tuim adultos.

Junto com eles, outros três personagens: Zelão, Coronel Epaminondas e Padre Santo. Castro Gonzaga e Percy Aires reviveram os mesmos personagens que interpretaram em 1971 (Coronel Epaminondas e Padre Santo), enquanto Maurício do Valle, o Zelão da novela original, foi vivido por Nelson Xavier em 1983.

Spin off

Era Uma Vez

Os personagens Shazan (Paulo José) e Xerife (Flávio Migliaccio) da novela O Primeiro Amor (1972) fizeram tanto sucesso que, depois do fim da trama, ganharam um seriado só para eles: Shazan, Xerife & Cia (no ar de 1972 a 1974). Em 1998, o autor Walther Negrão os trouxe de volta para uma participação em sua novela Era uma Vez.

O Bem-Amado, a novela de 1973, gerou um seriado de sucesso. Em 1980, o prefeito Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo) ressuscitou – literalmente, já que ele morria no último capítulo da novela – no seriado que permaneceu cinco anos no ar. Com ele, outros personagens da novela, como Zeca Diabo (Lima Duarte) e Dirceu Borboleta (Emiliano Queiroz).

Paulo Gracindo em O Bem-Amado

A personagem Dulcinéia, interpretada por Dercy Gonçalves em Cavalo Amarelo (1980), de Ivani Ribeiro, retornou na novela seguinte, Dulcinéia Vai à Guerra. Ivani não aceitou fazer a continuação e Sérgio Jockyman assumiu o texto.

Mário Fofoca, o detetive atrapalhado vivido por Luis Gustavo em Elas por Elas (1982), gerou um filme – As Aventuras de Mário Fofoca – e um seriado – Mário Fofoca, em 1983. Infelizmente não repetiram o sucesso do personagem na novela.

Mais casos

Cacá Carvalho

Dona Armênia – Aracy Balabanian em Rainha da Sucata (1990) – ressurgiu na novela seguinte de Silvio de Abreu, Deus nos Acuda (1992-1993). Com ela, “suas três filhinhas”: Geraldo, Gerson e Gino (Marcello Novaes, Gerson Brenner e Jandir Ferrari).

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Em 2005, em Belíssima, Silvio de Abreu fez ressurgir outro personagem de uma novela anterior sua: Jamanta (Cacá Carvalho) de Torre de Babel (1998). Luzineide (Eliane Costa), o par de Jamanta em Torre de Babel, fez uma rápida aparição no último capítulo de Belíssima.

Mary Montilla, a hilária personagem de Carmem Verônica em Belíssima, ressurgiu para uma participação em Paraíso Tropical (2007), de Gilberto Braga. Foi a primeira vez em que a personagem de um autor reaparecia na trama de outro autor.

Belíssima

Ainda em Belíssima: Íris Bruzzi viveu a ex-vedete Guida. A atriz já havia interpretado uma ex-vedete chamada Guida em uma novela anterior de Silvio de Abreu, Jogo da Vida (1981-1982). Mas eram personagens diferentes. Enquanto uma se chamava Guida Guevara, a outra era Guida Rivera.

O personagem de Lima Duarte em Pedra Sobre Pedra (1992), Murilo Pontes, retornou em outro trabalho de Aguinaldo Silva, em uma participação especial: em A Indomada, de 1997, Murilo vai a Greenville para uma partida de pôquer. O próprio Lima interpretou um mesmo personagem em duas outras tramas do autor: o senador Victório Vianna aparece em uma participação em Porto dos Milagres (2001) e em Senhora do Destino (2004-2005).

Quase todos os autores fizeram

O Sétimo Guardião

Aguinaldo Silva usou o mesmo recurso com o personagem Pitágoras de A Indomada. O político vivido por Ary Fontoura reaparece em uma participação em Porto dos Milagres. Da mesma forma, o aloprado casal Scarlet e Ipiranga Pitiguari (Luiza Tomé e Paulo Betti), de A Indomada, ressurgiu em O Sétimo Guardião, em 2019.

Lauro César Muniz trouxe de volta a personagem Anabela Freire – Ney Latorraca em Um Sonho a Mais (1985) – para participar em Zazá (1997). Para despistar a atenção de todos, o personagem Silas se traveste de Anabela, fazendo Ney Latorraca reviver sua antiga personagem.

Em Como uma Onda (2004-2005) o ator Paco Sanches viveu o simplório pescador Manjubinha, como já fizera em Tropicaliente (1994), também de Walter Negrão.

Mário Fofoca

No remake de Ti-ti-ti (2010-2011), Maria Adelaide Amaral homenageou Cassiano Gabus Mendes com participações especiais de personagens de outras novelas do autor, interpretados pelos atores que os viveram originalmente. Luis Gustavo reviveu o detetive Mário Fofoca de Elas por Elas (1982), e, em determinado momento, Mário Fofoca se fez passar por Victor Valentim – que Luis Gustavo vivera na Ti-ti-ti original (de 1985-1986).

Eva Todor reencarnou a ex-vedete Kiki Blanche, de Locomotivas (1977). A “divina” Magda (Vera Zimermann) ressurgiu direto de Meu Bem Meu Mal (1990). E Rafaela Alvaray, personagem de Marília Pêra em Brega e Chique (1987), apareceu no último capítulo.

Divulgação de outras novelas

Haja Coração

Houve ainda as participações de atores que divulgavam a estreia da próxima novela, como Fedora (Tatá Werneck) de Haja Coração (2016), que apareceu no último capítulo de Totalmente Demais, a novela anterior.

Totalmente Demais já tivera outros casos. No início da trama, apareceu o caminhoneiro Bino, personagem de Stênio Garcia na série Carga Pesada (1979-1981 e 2003-2006). Lá pela metade da história, os autores trouxeram de volta Lírio, personagem de Paulo Dalagnoli em Malhação Sonhos (2014-2015) – também escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm.

Na trama seguinte da dupla Svartman e Halm, Bom Sucesso (2019), houve o retorno de personagens de Totalmente Demais, em participações especiais: Eliza (Marina Ruy Barbosa), Natasha (Lavínia Vlasak) e a modelo Danielle Liebdish (Fernanda Motta).

Em 2019, sete meses após o término de Segundo Sol, a novela Verão 90 fez o retorno de Beto Falcão (Emílio Dantas, em uma participação), protagonista de Segundo Sol. Como na trama dessa novela Beto havia sido um cantor famoso na década de 1990, ele apareceu em Verão 90 fazendo um show.

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Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor