Zamenza

O elenco de Pantanal é repleto de talentos e até hoje vários atores da obra original da Manchete são lembrados. Muitos viveram o auge da carreira na novela de Benedito Ruy Barbosa. Alguns nunca mais conseguiram papeis tão marcantes. A missão do remake produzido pela Globo era manter o alto nível do time escalado. Algo que nunca foi difícil para a emissora, sempre repleta de grandes nomes. E de fato os atores selecionados são excelentes. Um dos maiores é, sem dúvida, Osmar Prado.

Osmar Prado

O veterano ganhou um dos perfis mais icônicos da trama: o Velho do Rio. O personagem foi interpretado pelo saudoso Cláudio Marzo na obra de 1990, que também protagonizava na pele de José Leôncio. O ator teve um trabalho duplo na época. Ou seja, ele vivia o pai e o filho. Isso porque o ‘veio’ é na verdade Joventino (Irandhir Santos), o pai do protagonista que desapareceu na natureza atrás de marruás há muitos anos.

A única falha do remake foi ter colocado Osmar aparecendo na primeira fase, o que confundiu o público. Afinal, era para ter surgido apenas após a passagem de tempo. Mas, como é um tipo místico, não afetou tanto a produção.

Dúvidas do público

Pantanal

O telespectador nunca tem certeza sobre a figura do Velho do Rio. É um espírito? Uma entidade? Uma pessoa comum? E as dúvidas fazem parte da fantasia proposta. Até porque o personagem se transforma na maior sucuri do pantanal para se camuflar ou quando precisa instaurar a ordem no ecossistema. O ‘veio’ também vira uma espécie de proteção para Juma Marruá (Alanis Guillen) depois que Maria (Juliana Paes) é assassinada.

Vira quase um avô para a filha da mulher-onça. Tanto que devorou o sujeito que matou a mãe da menina. Mas é um tipo que acumula funções. Além de fazer justiça, como costuma dizer, também dá conselhos enigmáticos para os poucos que conseguem vê-lo, como a própria Juma e o neto Joventino (Jesuíta Barbosa). Não por acaso, é chamado de Mestre dos Magos (a clássica figura do desenho Caverna do Dragão) nas redes sociais.

Pantanal

A força cênica de Osmar Prado é conhecida. Já foram vários personagens que contaram com ela e ficaram marcados na memória do telespectador. Mas o ator tem impressionado na pele do Velho do Rio. Como a entidade tem uma carga dramática constante, não existe cena que passe despercebida ou tenha menos impacto. Todas as suas aparições provocam emoção.

Intensidade

Osmar Prado em Pantanal

E não é uma tarefa fácil manter viva a intensidade do perfil. Até porque alguns textos soam até repetitivos em determinados momentos. Mas Osmar consegue diferenciar cada sequência e imprimir sensibilidades distintas dependendo da situação. Pode ser durante um conselho amoroso a Juma, um aviso cifrado a Joventino, um olhar desconfiado a Zé Lucas (Irandhir Santos), enfim. Não há um instante sequer sem a entrega do intérprete.

Uma observação: a capa do personagem, quase uma camuflagem que remete a uma cobra, pesa mais de cinco quilos e Osmar tem 74 anos.

Pantanal

O veterano está tão bem que é impossível desviar a atenção enquanto o Velho do Rio está em cena. E vale ressaltar que a novela tem uma narrativa lenta, então não é raro que ocorra um certo desligamento em algumas situações que acabam andando em círculos. Osmar tem protagonizado sequências maravilhosas com Alanis Guillen, sua melhor parceira e que está começando na carreira.

Os momentos do ator ao lado de Jesuíta Barbosa também merecem menção. E o ator emocionou na sequência das queimadas. A dor e o choque do ‘veio’ com a devastação provocada pelo homem provocaram todo o impacto que a cena pedia.

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Tinha que ser Osmar

Antonio Fagundes

É sempre um privilégio ver Osmar Prado em cena. Ainda mais em horário nobre. O intérprete ainda estava recentemente no ar durante a reprise de O Clone, no Vale a Pena Ver de Novo, onde interpretou com brilhantismo o alcoólatra Lobato.

E vendo o Velho do Rio todos os dias fica difícil imaginar outro profissional na pele do personagem. Vale lembrar que Antônio Fagundes foi o primeiro nome escolhido para o papel, mas o veterano recusou. Sorte do Osmar que ganhou mais um tipo para engrandecer seu respeitado currículo e o remake de Pantanal.

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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor