Novela em reprise nas tardes da Globo, Mulheres de Areia (1993) constitui um dos grandes sucessos da emissora às seis. A trama de Ivani Ribeiro foi a arma mais poderosa contra a concorrência, então representada pelo jornalístico Aqui Agora, do SBT.

Mulheres de Areia - Gloria Pires
Gloria Pires como Ruth em Mulheres de Areia (Divulgação / Globo)

O canal chegou a cogitar uma mudança de horário, cobrindo a vaga de O Mapa da Mina (1993), folhetim das sete marcado pelo insucesso e pela despedida do autor Cassiano Gabus Mendes, que faleceu dias depois de concluir os últimos capítulos.

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Concorrência

Aqui Agora
Ivo Morganti e Christina Rocha na bancada do Aqui Agora (divulgação/SBT)

O Aqui Agora foi lançado por Silvio Santos em 1991. O noticiário voltado para denúncias e prestação de serviço – e de tom sensacionalista – impactou a audiência da Globo. A emissora não perdeu a liderança, mas passou a ter dificuldades para manter os altos índices das novelas das seis e das sete.

Tramas como Salomé (1991), Vamp (1991), Felicidade (1991), Perigosas Peruas (1992) e Deus nos Acuda (1992) padeceram com a concorrência. O caso mais grave, contudo, foi o de O Mapa da Mina.

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A produção garantia o primeiro lugar, mas as médias estavam bem abaixo das comumente registradas às sete. Enquanto isso, Mulheres de Areia, embalada pelo bom desempenho da antecessora Despedida de Solteiro (1992), virava o jogo às seis.

Na semana de 17 a 22 de maio de 1993, o folhetim de Ivani Ribeiro emplacou 51,7 pontos enquanto o de Cassiano Gabus Mendes rendeu 38,7 de média. As duas obras só se aproximaram nos últimos capítulos de ‘Mapa’, de 30 de agosto a 4 de setembro, ainda assim com vantagem para ‘Mulheres’: 52,7 x 52,3.

Mudança de horário

Carolina Ferraz
Carolina Ferraz em O Mapa da Mina (divulgação/Globo)

Com O Mapa da Mina em baixa, a Globo cogitou encurtar a novela e transferir Mulheres de Areia para o horário das sete.

O pesquisador Nilson Xavier relembra a história em seu site Teledramaturgia:

“A aceitação de Mulheres de Areia pelo público foi tanta que a novela registrou uma média final de audiência de 50 pontos no Ibope da Grande SP, um fenômeno para a época. Dava mais audiência que a novela das sete contemporânea, O Mapa da Mina. Cogitou-se inclusive a transferência de horário das 18 para as 19 horas, já que O Mapa da Mina teve seus capítulos encurtados por causa do estado de saúde do autor, Cassiano Gabus Mendes (que veio a falecer)”.

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Mais remakes!

Irmãos Coragem
Letícia Sabatella e Marcos Palmeira em Irmãos Coragem (divulgação/Globo)

A resolução não foi tão drástica. Ainda assim, Mulheres de Areia ocupou o espaço de O Mapa da Mina. A Globo esticou os capítulos do folhetim das seis, em cerca de 15 minutos, reduzindo o tempo de arte da trama das sete, exibida logo na sequência – o jornal local entrava no ar antes do Jornal Nacional.

A emissora também cogitou produzir um remake para a faixa de ‘Mapa’. No caso, Irmãos Coragem (1970), clássico de Janete Clair. A ideia foi engavetada por conta das coincidências com o enredo de Gabus Mendes e Fera Ferida, então em produção para o horário das oito. As três narrativas giravam em torno da busca por fortunas em pedras.

Olho no Olho ocupou a vaga de O Mapa da Mina, mas o canal só respirou aliviado no ano seguinte, com a segunda versão de A Viagem (1994). Mulheres de Areia foi substituída por Sonho Meu, baseada em dois folhetins de Teixeira Filho, A Pequena Órfã (1968) e Ídolo de Pano (1974). A regravação de Irmãos Coragem foi ao ar em 1995, às seis.

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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.