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Com remake atualmente sendo exibido pela Globo, com início promissor, o maior fenômeno da história Rede Manchete, Pantanal (1990), de Benedito Ruy Barbosa, quase ganhou uma continuação na extinta emissora. Intitulado Flor de Cera, o projeto foi elaborado por Jayme Monjardim, o mesmo diretor da exitosa novela ambientada no Mato Grosso.
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O profissional foi contratado pela Manchete em 1988 para assumir a função de diretor artístico da emissora. Foi responsável pelas novelas Olho por Olho (1988), Kananga do Japão (1989), Pantanal (1990) e A História de Ana Raio e Zé Trovão (1991). Ainda à frente da direção de Ana Raio, o diretor pediu demissão da Manchete.
Uma das versões sobre seu pedido de demissão é a de que ele teria ficado descontente com o orçamento de um dos projetos do autor na emissora, a novela Amazônia. A Manchete teria liberado apenas US$ 6 milhões, uma vez que Pantanal custou US$ 13 milhões.
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Globo na jogada
Após sua saída da Manchete, Monjardim levou à Globo um projeto de novela chamado Flor de Cera. Escrita pelo compositor Renato Teixeira, Jayme dependia da aprovação da emissora carioca para tocar a direção da novela e marcar seu retorno à antiga casa, onde havia trabalhado antes de acertar com a Manchete. Porém, as partes não entraram em acordo.
Em janeiro de 1993, a Folha destacou que Monjardim havia assinado novamente com a Manchete para ocupar o mesmo cargo de antes. Ele propôs algumas mudanças na emissora e queria implantar a ‘cara da Manchete’ de volta.
Isso incluía a produção de Flor de Cera, que havia sido preterida pela Globo, bem como Pantanal havia sido no passado. No elenco, Ingra Liberato e Cristiana Oliveira encabeçavam a trama. Dois meses depois, o cargo de Monjardim foi extinto.
De acordo com o livro Aconteceu, Virou História, de Elmo Francfort, a novela Flor de Cera era tida como a continuação de Pantanal. A novela havia surgido em meio às discussões da Eco-92, uma das maiores conferências realizadas no planeta.
Trama ambiciosa
Segundo nosso colunista Duh Secco, a trama de Flor de Cera se iniciaria em 1993 e seria ambientada em Murundu, uma pequena cidade que pertence ao Estado Ambientalista do Pantanal. Ambiciosa demais, a história trazia uma aldeia de índios remanescentes de astecas e incas que haviam desenvolvido uma barreira mental para impedir que os brancos chegassem lá.
A trilha sonora da novela ficaria a cargo de Marcus Viana, aclamado músico e compositor de trilhas para TV, cinema, teatro, ballet e musicais infantis. Marcus já havia atuado na trilha de Pantanal para a Manchete. Em 2015, o músico revelou que havia produzido um CD chamado Sinfonia da Natureza, composto para ser o vortex gerador da trama de Flor de Cera.
Em 2010, Renato Teixeira (foto abaixo), em sua coluna no Jornal Contato que, ao saber da possível continuação de Pantanal, o próprio Benedito foi ao seu encontro buscar esclarecimentos.
Projeto ficou no papel
“Quando soube de Flor de Cera, Benedito veio em minha casa altas horas da noite, trazido pelo Abelardo Figueiredo, meu amigo, para saber que tipo de sacanagem o Jayme estava aprontando contra ele com essa novela que, ao que parecia, seria a sequência de Pantanal. Agora, a Globo propunha juntar os dois novamente e o Jayme estava completamente agoniado com essa ideia”, escreveu o autor.
Passados os anos, com a crise econômica se agravando cada vez mais na Manchete, o projeto da novela acabou ficando só no papel.
O que a história nos mostrou foi que a Globo preferiu produzir Renascer (1993), que – de fato – ficou conhecida como a Pantanal da Globo. Ou seja, no final das contas, nem a Manchete e muito menos a Globo levaram Flor de Cera ao ar e a história segue engavetada até hoje.
“Se me pedirem para mostrar uma cópia de Flor de Cera, não a tenho. A novela toda está numa maleta, guardada com Jayme. O Alucinado que, dependendo da situação, pode ser o Alucinante, diz que um dia ele produz a novela. Aguardem o próximo capítulo”, finalizou Renato em seu texto.