Uma das principais estrelas da Globo, Deborah Secco coleciona personagens marcantes em obras de muito sucesso. A atriz cresceu diante do público e acumulou mocinhas e vilãs, protagonistas e coadjuvantes, sempre com muita competência.

Deborah Secco como Lara em Elas por Elas
Deborah Secco como Lara em Elas por Elas (reprodução/Globo)

No entanto, a direção da Globo não tem facilitado a vida da atriz. A emissora sempre a escala para o mesmo papel, desperdiçando a versatilidade de sua estrela. Lara, de Elas por Elas, é divertida, mas repete os mesmos cacoetes de Alexia Máximo de Salve-se Quem Puder (2020) e de outras personagens da atriz.

Seria simples preguiça ou uma injustiça contra a atriz – nesse caso, a Globo perdeu uma excelente chance de corrigir esse fato.

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Perua deslumbrada

Protagonistas de Elas por Elas
Protagonistas de Elas por Elas (divulgação/Globo)

Lara apareceu esfuziante logo em sua primeira cena em Elas por Elas. A dondoca se viu empolgada com a possibilidade de reunir suas amigas, afastadas havia 25 anos. Ao contar às filhas quem eram essas mulheres, a ricaça não economizou nas caras e bocas.

A “empolgação” seguiu quando Lara reencontrou Taís (Késia), Carol (Karine Teles), Adriana (Thalita Carauta), Helena (Isabel Teixeira), Renée (Maria Clara Spinelli) e Natália (Mariana Santos). Sempre um tom acima, Lara recebeu as amigas com uma euforia exagerada.

Com isso, foi impossível não ver Lara em cena sem se lembrar de Alexia Máximo, personagem de Deborah Secco em Salve-se Quem Puder – e que foi vista também em Bom Sucesso (2019) e Vai na Fé (2023). Na verdade, as duas são exatamente a mesma pessoa, sem tirar nem pôr.

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Tipo que se repete

Salve-se Quem Puder - Deborah Secco e Vitória Strada
Vitória Strada e Deborah Secco em Salve-se quem Puder (Divulgação / Globo)

Não é de hoje que Deborah Secco tem feito moças sexies, deslumbradas e empolgadas como a Lara de Elas por Elas. O tipo “nasceu” em Celebridade (2003), quando a atriz viveu a espevitada Darlene, e que se repetiu mais adiante com Maria do Céu em A Favorita (2008), ou Natalie em Insensato Coração (2011) e, mais recentemente, a Karola de Segundo Sol (2018).

É um tipo que Deborah faz bem, é verdade. A atriz tem um bom timing para a comédia e consegue imprimir graça a estas personalidades exageradas. Porém, para o público, fica a impressão de que Deborah Secco só sabe fazer isso, o que não é verdade.

A atriz já foi a adorável Carol de Confissões de Adolescente (1994) e a terrível vilã Iris em Laços de Família (2000), personagens que marcaram sua carreira. Ela também já foi mocinha sofredora em A Padroeira (2001) e América (2005), a vilã ardilosa Beth em Pé na Jaca (2006), além de ter encarado personagens “gente como a gente” em Boogie Oogie (2014) e Malhação: Pro Dia Nascer Feliz (2016).

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Versatilidade

Rensga Hits! - Deborah Secco e Fabiana Karla
Deborah Secco e Fabiana Karla em Rensga Hits! (reprodução/Globo)

Deborah Secco também já mostrou versatilidade no cinema. Ela convenceu tanto como a prostituta de Bruna Surfistinha (2011) quanto como a soropositiva de Boa Sorte (2014), entre tantos outros trabalhos. A atriz, vale lembrar, também foi vista bem diferente na série Rensga Hits!. Ou seja, na telona e no streaming, Deborah consegue mostrar outras facetas.

Mas, na TV, ela parece ter sido colocada em uma caixa. Curiosamente, ela quase driblou isso quando foi escalada para viver Carolina em Verdades Secretas (2015). Deborah seria vista pela primeira vez na televisão como uma mãe de uma adolescente e com problemas de autoestima. Porém, a atriz engravidou e precisou deixar a trama, sendo substituída por Drica Moraes.

Depois disso, a Globo nunca mais desafiou sua estrela lhe entregando personagens diferenciados. Isso é ruim para a atriz, que não tem a chance de fazer algo novo na telinha.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor