Travessia ainda não emplacou na audiência e são vários os motivos. A trama de Gloria Perez tem um enredo confuso, personagens pouco carismáticos e muitas situações inverossímeis. Por isso, não conseguiu conquistar o público.
Mas os problemas de Travessia começaram ainda antes da exibição do primeiro capítulo da trama. A novela se mostrou incapaz de conquistar a audiência ainda nas chamadas de estreia. Isso porque a campanha de lançamento do folhetim deixou a desejar e não conseguiu nem ao menos mostrar qual a história que a novela pretendia contar.
No entanto, isso não é um problema exclusivo de Travessia. As mais recentes campanhas de lançamento de novelas da Globo também pecaram na missão de tentar inserir o público na trama que estava prestes a estrear. Parece que a Globo desaprendeu a fazer chamadas de lançamento, algo que já foi especialista.
Travessia pelo desconhecido
A chamada de lançamento de Travessia mostrava que Brisa (Lucy Alves), a mocinha do enredo, seria perseguida após ser confundida com uma sequestradora de crianças, por conta de uma montagem com seu rosto que caiu na internet. As cenas mostravam Brisa correndo, enquanto a população enlouquecida seguia em seu encalço. Mas nada além disso.
A campanha também pouco revelava de Ari (Chay Suede), ao ponto de fazer o público acreditar que ele era o mocinho, quando na verdade o personagem é o antagonista. Já Oto (Rômulo Estrela), o verdadeiro mocinho, mal foi apresentado nas peças de lançamento.
As chamadas de Travessia também mostravam Guerra (Humberto Martins) dando um soco em Moretti (Rodrigo Lombardi), mas não explicavam os motivos da briga. Débora (Grazi Massafera), o pivô da violência, nem ao menos era mostrada. E sabemos da grande importância da personagem
Divulgação problemática
Situação semelhante aconteceu quando a Globo lançou Cara e Coragem. As chamadas da novela de Claudia Souto foram extremamente ineficientes na tentativa de situar o espectador sobre a história que estava vindo. Quando a novela estreou, pouco se sabia sobre seu enredo e seus personagens.
Um Lugar ao Sol padeceu do mesmo mal. A trama de Lícia Manzo, além de ter sido pessimamente divulgada em todos os sentidos, teve chamadas que pouco revelavam sobre os personagens da obra. Com isso, o público teve poucas informações sobre a trama que estava chegando.
Não por acaso, todos estes folhetins experimentaram problemas de audiência. Claro, uma campanha mal feita não decreta o fracasso de uma novela, já que sempre há tempo para a trama se estabelecer e conquistar o público. Mas, sem dúvidas, chamar a atenção do público logo de cara facilita no sentido de fazer uma produção deslanchar.
Histórico
É estranho esta quantidade de campanhas de lançamento ineficientes da Globo. Afinal, a emissora já foi muito boa nisso. Num passado não muito distante, os intervalos da programação eram recheados de chamadas diversas. Algumas apresentavam os personagens e suas relações. Outras, davam uma visão mais geral da obra.
Atualmente, dá a impressão de que a emissora busca fazer chamadas grandiosas, com trilhas retumbantes e imagens de impacto. Mas se esquecem do básico: explicar a história. É válida a tentativa de inovação, mas uma certa dose de didatismo nas chamadas de estreias é necessária para situar a audiência.
Uma novela precisa envolver o público. A plateia precisa conhecer os heróis da trama e torcer por eles. Por isso, eles devem ser bem apresentados logo nas chamadas. Afinal, como torcer por alguém que a gente nem conhece?
