Globo não mostrou o triste fim de personagem real; saiba qual foi

19/03/2023 às 13h24

Por: Sebastião Uellington
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Ana Paula Arósio em Hilda Furacão (Reprodução / Globo)

A minissérie Hilda Furacão marcou a estreia de Ana Paula Arósio na Globo e encantou a todos com a história da jovem vinda de uma família abastada de Belo Horizonte que virou prostituta. No entanto, a verdadeira Hilda, um importante nome para a realização da obra da Globo, não teve um final tão feliz como o mostrado na ficção.

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Ana Paula Arósio

Hilda Maia Valentim nasceu em 30 de dezembro de 1930, em Recife, mas, ainda criança, foi morar com seus pais em BH. Proveniente de família de alto poder aquisitivo, sempre teve tudo que queria.

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Desde muito jovem, ela desejava desbravar os bairros boêmios da capital mineira e, em pouco tempo, iniciou seus trabalhos como garota de programa. Devido ao seu temperamento forte, recebeu o apelido que a marcaria para sempre: Furacão.

Fila

Hilda Furacão

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Mesmo sendo geniosa, fazendeiros e homens de grandes posses faziam fila na porta do Hotel Maravilhoso. Eles levavam presentes e declaravam seu amor para ter algumas horas de amor com a bela mulher, que gostava de ser desejada por seus clientes.

Por volta de 1950, Hilda conheceu o jogador Paulo Valentim, que na época atuava no Atlético Mineiro. Os dois se apaixonaram e Hilda largou a prostituição. Ambos se casaram algum tempo depois. 

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No começo dos anos 1960, o casal mudou-se para Buenos Aires, onde Hilda acompanhou a carreira de sucesso do marido no Boca Juniors, time no qual Paulo Valentim se tornou uma das maiores estrelas do país. Eles tiveram um filho, Ulisses.

Porém, a vida da jovem mudou radicalmente em 1972, quando o marido, viciado em jogos e bebida, levou a família à decadência. Mudaram-se para o México e passaram a viver em estado de miséria. Para levar dinheiro para casa, Hilda precisou trabalhar como faxineira, cuidadora de crianças e costureira.

Tempos depois, a ex- garota de programa sofreu duas dolorosas perdas. Primeiro foi o esposo, falecido em 1984. Ela e o filho voltaram a morar em Buenos Aires e, tempos depois, em 2013, Ulisses também veio a óbito.

Tempos difíceis

Hilda Furacão

Hilda também passou por tempos difíceis após sofrer uma queda que a levou a ficar internada por seis meses em um hospital público de Buenos Aires. Depois, foi levada para um asilo na mesma cidade.

Quem a encontrou foi a assistente social Marisa Barcelos, que reside na Argentina há 20 anos e atende os idosos do asilo Guilhermo Rawson. Em maio de 2014, ela soube que havia chegado por lá uma brasileira. Marisa então decidiu pesquisar a vida daquela senhora que estava vivendo ali por não ter um lugar para morar. Após procurar os documentos de Hilda, ela descobriu que se tratava da viúva do ex-jogador Paulo Valentim.

“Comecei a pesquisar no Google, peguei informações do hospital, fui ver os arquivos do Boca Juniors, escrevi para pessoas de Minas Gerais e cheguei à conclusão de que ela era a Hilda Furacão”, contou a assistente social à Folha de S.Paulo, em 2 de agosto de 2014.

Na época com 83 anos, Hilda alternava alguns momentos de lucidez com outros de apagão. Ela chegou a afirmar que não gostava de ser chamada de Furacão, mas confirmou que o apelido era pela fama de briguenta.

Gloria Perez

Ao ser perguntada sobre a minissérie adaptada por Gloria Perez, primeiro disse que não sabia da existência. Depois, afirmou que pediram a sua autorização para gravar. E finalizou dizendo que “nunca teve a oportunidade” de conhecer a zona boêmia de Belo Horizonte e que trabalhava como empregada doméstica antes de se casar. 

Ao falar sobre sua vida ao lado do marido, disse: “Conheci cinco países com ele, e de avião”. Ela chegou a gravar uma entrevista para o Fantástico, em 2014, mas morreu devido a causas naturais em 29 de dezembro do mesmo ano, na capital portenha.

A minissérie da Globo

Hilda Furacão

A minissérie inspirada na vida da prostituta mineira foi produzida e exibida pela Globo em 1998. Adaptada por Glória Perez, Hilda Furacão era baseada no romance de Roberto Drummond (1933-2002), que contava a trajetória de Hilda Miller (Ana Paula Arósio) uma jovem de uma tradicional família de classe média, que escandalizou a sociedade de Belo Horizonte após fugir no dia do seu casamento e se refugiar entre as prostitutas da zona boêmia da cidade.

A história foi narrada pelas memórias do jovem jornalista Roberto Drummond, repórter do jornal Folha de Minas, que ficou responsável por traçar o perfil da mulher que acabou se apaixonando por Maltus (Rodrigo Santoro), um jovem que almejava ser um frade dominicano.

Hilda Furacão

A obra marcou a estreia da atriz Ana Paula Arósio na emissora carioca. Na época, a atriz ainda era contratada pelo SBT e foi emprestada para atuar na produção. Com o final das gravações, ela retornou para o canal de Silvio Santos, onde permaneceu até o fim do contrato. No ano seguinte, Ana Paula foi contratada pela Globo e protagonizou Terra Nostra, ao lado de Thiago Lacerda.

Hilda Furacão tornou-se um grande sucesso de público e crítica e, com a repercussão da obra, muitos se perguntavam onde estaria a verdadeira Hilda, de quem não se ouvia falar há muito tempo. Exibida de 27 de maio a 23 de julho de 1998, em 32 capítulos, foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor produção de dramaturgia da televisão em 1998.

A minissérie está disponível no Globoplay, plataforma de streaming do Grupo Globo.

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