Há 10 anos, a Globo lançava um quinto horário de novelas. Em 12 de julho de 2011, estreou o remake de O Astro, escrito por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, com direção geral de Mauro Mendonça Filho. Já por essa época, a emissora considerava a Malhação como novela, e não mais como “soap opera” ou apelidos do tipo “novelinha jovem“. Então eram 1- Malhação, 2- novela das seis, 3- novela das sete, 4- novela das nove e 5- novela das onze.

A faixa das 23 horas, então ocupada por minisséries e seriados, experimentava novelas mais curtas (O Astro teve 64 capítulos). Porém, havia uma diferença em relação às outras produções. A “novela das onze” era exibida no meio do ano, escapando de horários ingratos forçados pela exibição do BBB, no início do ano – problema pelo qual passavam as “minisséries de verão” desde o início da década de 2000.

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A princípio, havia uma dúvida com relação à nomenclatura, se novela, mininovela ou macrossérie. O diretor Mauro Mendonça Filho declarou na ocasião:

É uma aposta em um novo horário e um novo formato. Queremos trazer o público de minissérie que quer ver uma obra feita com mais cuidado, e também aproximar o público de novela que quer acompanhar por um tempo maior a história. Isso já deu certo em outras minisséries que foram ao ar nas férias, como Um Só Coração [2004] e A Muralha [2000], mas agora é no meio do ano, no meio da vida cotidiana. Sim, é uma aposta“.

Uma aposta que deu certo. O resultado final foi além das expectativas da emissora, já que a meta de audiência foi superada. Comprovou-se que existia público para o formato, nesta faixa de horário, neste período do ano. Estrelada por Rodrigo Lombardi, Carolina Ferraz e Regina Duarte, O Astro foi vencedora do Emmy Internacional de melhor novela de 2011.

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Seguiram-se mais sete títulos na faixa, até 2018: os remakes de Gabriela (2012), de Walcyr Carrasco, Saramandaia (2013), de Ricardo Linhares, e O Rebu (2014), de George Moura e Sérgio Goldenberg, e (as criações próprias) Verdades Secretas (2015), de Walcyr Carrasco, Liberdade Liberdade (2016), de Mário Teixeira, Os Dias Eram Assim (2017), de Ângela Chaves e Alessandra Poggi, e Onde Nascem os Fortes (2018), de George Moura e Sérgio Goldenberg.

A partir de Os Dias Eram Assim, as novelas ganharam uma nova designação: supersérie, atendendo ao padrão de nomenclatura internacional do formato (já que a Globo tem participação e interesses no mercado externo de televisão). Porém, só mudou o nome, porque o formato e a narrativa continuavam os mesmos.

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A televisão sempre acompanha e evolução do mercado. As primeiras minisséries (Lampião e Maria Bonita, Avenida Paulista e Quem Ama Não Mata, em 1982), tinham apenas 20 capítulos e um fio condutor dramático. Com o tempo, as minisséries agregaram características da telenovela (várias tramas paralelas, por exemplo). Não passavam de novelas, mas ainda eram chamadas de minisséries – A Muralha, A Casa das Sete Mulheres e Um Só Coração, por exemplo.

A partir de 2019, a Globo decidiu abolir a faixa das onze da noite para novelas (ou superséries). Uma decisão estratégica ante o avanço do Globoplay (plataforma de streaming da emissora). O primeiro fruto dessa decisão está prestes a estrear, a continuação da novela Verdades Secretas, exclusivamente no Globoplay. O lançamento deveria ter ocorrido em 2020, mas foi protelado por causa da pandemia de Covid-19.

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Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor