Quem está acompanhando a reprise de Chocolate com Pimenta (2003) tem visto Rosamaria Murtinho em ação. A atriz dá vida a Margot, uma mulher charmosa e simpática, porém muito interesseira.
Atualmente com 90 anos, Rosamaria esteve presente em inúmeras novelas. Uma delas, inclusive, trouxe descontentamento e reclamações por parte do público durante o andamento da trama, o que fez sua personagem perder a força.
O episódio aconteceu em Corpo Dourado (1998), quando a atriz interpretava Isabel, mulher de Zé Paulo (Lima Duarte) e mãe zelosa de quatro filhos: Laís (Mara Carvalho), Arturzinho (Marcos Winter), Guto (Marcelo Faria) e Judy (Giovanna Antonelli).
Uma mudança na trama não agradou
A trama de Antônio Calmon sofreu uma grande mudança – o personagem de Lima Duarte foi assassinado ao lado de uma garota de programa e Isabel se tornaria uma mulher esquizofrênica que sofreria com a perda do marido. Mas tudo foi modificado, o que deixou a atriz confusa.
“Com a saída de Lima Duarte, tudo mudou. Estava me preparando para pôr os pés na esquizofrenia. Mas, de uma hora para outra, arranjaram um casamento, às escondidas dos filhos, para a Isabel. Tenho a impressão de que não sou mais necessária na trama. Eu chego no estúdio e as cenas que faço são apenas para dar recados”, desabafou Rosamaria ao jornal O Globo em 12 de maio de 1998.
No roteiro, a personagem não acreditava que o marido estava morto e andava pelas ruas da cidade de Marimbá falando sozinha, dançando e conversando com o falecido. Lima faria algumas participações nas cenas de devaneio de Isabel, mas a trama seguiu outro rumo e ela acabou se casando com o amigo de Zé Paulo, Sérvulo (Sebastião Vasconcellos).
“Não gosto de Corpo Dourado”
Lima Duarte só tinha aceitado fazer a novela por conta de um pedido do diretor Paulo Ubiratan, que faleceu em março de 1998, depois de sofrer um infarto fulminante. Para ele, a saída de seu personagem da atração tirou a força da personagem de Rosamaria.
“Acho que a Isabel murchou. É uma pena. Não assisto. Não tem nada a ver com a minha carreira nem comigo. É uma história que se passa numa praia, cheia de garotinhas e garotões. Não gosto de Corpo Dourado”, confidenciou o ator, que não polpou críticas à trama.
Uma produção conturbada
Mas esse não foi o único problema que a novela enfrentou. Depois da morte de Ubiratan, o diretor geral da trama, Flávio Colatrello, foi demitido da produção e Marcos Schechtman ficou em seu lugar. Na época, a imprensa especulou vários motivos para a saída de Colatrello – atrasos, comportamento inadequado, uma relação difícil com o elenco, entre outros.
Além de tudo isso, a produção passou por uma tragédia – o ator Gerson Brenner, que interpretava Jorginho e que vivia um romance com Alicinha (Danielle Winits), foi baleado na nuca durante uma tentativa de assalto na rodovia Ayrton Senna em 17 de agosto de 1998. Todo o elenco ficou abalado ao acompanhar a luta do ator pela vida.
Hoje, com 62 anos, Brenner vive com sua família e enfrenta as sequelas do crime que sofreu.
Assim, foi a trama que, com tantos desencontros e até uma tragédia, não marcou bons pontos de audiência no horário nobre da Globo.
