Vários são os fatores que fazem de Vai na Fé o maior acerto da Globo este ano até aqui. O texto inspirado de Rosane Svartman, a direção segura de Paulo Silvestrini e um elenco em estado de graça ajudam a explicar o êxito do folhetim das sete.
Um dos trunfos, sem dúvidas, é a protagonista Sol. A heroína parece de carne e osso, já que vive conflitos e dilemas reais, que geram imediata identificação com o espectador. Sheron Menezzes, que há tempos merecia um papel principal digno de seu talento, dá ainda mais credibilidade à mocinha com seu carisma e interpretação sensível.
Mesmo a Globo corrigindo a injustiça de nunca ter presenteado a atriz com uma protagonista – o que aconteceu só agora, após 21 anos da artista na emissora carioca -, vale lembrar que Sheron Menezzes não foi a primeira opção para viver a vendedora de marmitas que faz sucesso como backing vocal de um cantor de funk. Será que Sol seria este êxito todo nas mãos de outra atriz?
[anuncio_1]
Em busca de uma mocinha
Assim que as primeiras notícias sobre Vai na Fé começaram a circular na imprensa especializada, quando a novela ainda atendia pelo título Tente Outra Vez, a atriz Jéssica Ellen foi apontada como a favorita para viver Sol.
De acordo com o portal Notícias da TV, a Camila de Amor de Mãe (2019) era a mais cotada para o papel. No entanto, seu nome foi descartado porque, na época, Jéssica já estava reservada para Mar do Sertão, trama na qual viveria Xaviera. Porém, a atriz engravidou e acabou deixando o elenco da novela das seis, sendo substituída por Giovana Cordeiro.
Deste modo, a equipe de Vai na Fé começou as buscas pela atriz ideal para encarnar Sol. Como a Globo já não dispõe de um grande banco em seu elenco fixo, foi preciso considerar várias opções, incluindo gente “de fora”.
Aliás, foi o que acabou prevalecendo. Sheron Menezzes já não tinha contrato de exclusividade com a casa quando foi a escolhida para viver Sol. Tanto que ela vinha de um trabalho na Netflix, a série Maldivas (2022).
Leia também: Briga dos bastidores marcou saída de astro da Globo: “Dedo na cara”
Difícil imaginar
Mas, apesar da indefinição inicial, a escolha por Sheron Menezzes acabou soando mesmo como a mais acertada. Afinal, do alto de seus 21 anos de televisão, a atriz alcançou a maturidade cênica ideal para viver uma mulher como Sol, que tem 40 anos e é mãe de família.
Ou seja, é difícil imaginar Sol sendo interpretada por outra atriz. Jéssica Ellen é extremamente talentosa e, sem dúvidas, tinha condições de fazer um ótimo trabalho, assim como qualquer outra atriz que viesse a ser escolhida. Porém, seria outra Sol.
Afinal, Sheron Menezzes deu à mocinha de Vai na Fé uma potência que parece emprestada de sua intérprete. A atriz não precisou vender marmitas para sustentar seus filhos como Sol, mas sua trajetória profissional é marcada pela mesma garra demonstrada pela protagonista da trama das sete.
Sheron começou ainda muito jovem na TV, acumulando diversos personagens coadjuvantes. A atriz entrou em cena num momento em que a representatividade inexistia na telinha, e que personagens negros eram, quase sempre, empregados domésticos sem história própria. Tanto que ela mesma viveu várias personagens assim em sua carreira.
Vitoriosa
Na novela de Rosane Svartman, Sol encarou os perrengues da vida com esforço e otimismo. A jovem arregaçou as mangas e fez o possível para sustentar a família, seja vendendo suas quentinhas ou como dançarina de funk. Ela agarrou as oportunidades e deu a volta por cima.
Sheron Menezzes teve trajetória similar. A atriz driblou todas as dificuldades do início da carreira, conseguindo superar até uma fama de arrogante que sempre a cercou. Como resultado, construiu uma carreira sólida e conquistou o público, sobretudo em suas personagens mais recentes, como a Diara de Novo Mundo (2017) e a Gisele de Bom Sucesso (2019).
Assim, Sol é sua consagração. Por isso, é muito difícil imaginar outra atriz vivendo a personagem. E mais: é praticamente impossível enxergar este sucesso todo com outra intérprete no papel de Sol. Vai na Fé é a consagração de Sheron Menezzes.
