Em 2002, a Globo prometeu que colocaria somente anônimos no Big Brother Brasil. Os participantes escolhidos não eram artistas, mas o método de seleção da emissora, ao ignorar inscritos pela internet, acabou sendo criticado por muita gente.

Antes da estreia, a Globo cogitou colocar famosos dentro da casa, mas ficou receio da comparação com a Casa dos Artistas, do SBT – que era uma cópia do BBB. Depois, pensou-se em mesclar famosos e anônimos, o que acabou acontecendo somente no ano passado. Por fim, manteve-se o formato internacional do reality, apenas com anônimos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


Em janeiro de 2002, a imprensa divulgou que a Globo recebeu mais de 500 mil inscrições para o BBB. Desses, foram pré-selecionados cerca de 12 mil pessoas, que teriam seus vídeos analisados. Depois, na reta final, os escolhidos seriam entrevistados e passariam por testes.

Mas quando a lista de participantes foi divulgada, pouco antes da estreia, começou a chiadeira. Ainda sem redes sociais, os usuários enviavam cartas e e-mails para a Globo, além de reclamar em fóruns e blogs na internet.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“A presença de anônimos descolados na lista dos 12 participantes do Big Brother Brasil já rende suspeitas de que aquela história de inscrição pela internet não passou de jogada de marketing. Pelo menos três teriam sido escolhidos por olheiros”, informou a Folha de S.Paulo de 28 de janeiro de 2002.

A reportagem citou que o modelo Caetano (foto abaixo), que já havia desfilado no exterior, foi agenciado pelo chefe de jurados do quadro Top Model, do Fantástico, além de já ter aparecido no canal GNT; Estela, que era bastante conhecida na noite paulista, era namorada do DJ Renato Cohen; e Xaiane já havia posado nua. Depois, foi descoberto que Helena já havia feito filmes com globais e que Bruno foi namorado de Gisele Bündchen.

A apresentadora Rosana Hermann, inclusive, criou um blog para provar que os participantes do BBB não eram tão anônimos assim. “Se não pode vencê-los, nem juntar-se a eles, ridicularize-os”, disse ela à Folha de S.Paulo de 17 de fevereiro daquele ano.

Na mesma reportagem, o então diretor da Central Globo de Comunicação, Luis Erlanger, disse que já estava subentendido na divulgação do BBB que seria assim. “Foi dito na campanha que a inscrição seria um dos modos de seleção. Na reta final, sequer foi examinada a origem dos candidatos, mas, certamente, entre os escolhidos há inscritos via internet”, citou.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Torcida do Flamengo

Em entrevista à revista Playboy em maio de 2002, o diretor Boninho esclareceu a polêmica. “Fomos muito malhados pela imprensa, mas não podíamos selecionar candidatos levando apenas em conta inscrições com nomes, idade, telefone e o prato preferido. Aí vem, como veio, a torcida do Flamengo inteira. Até demos uma olhada nos perfis que as pessoas mandaram pela internet, mas era impossível escolher os participantes apenas com base naquilo”, explicou.

Ele contou que reuniu a equipe e fechou uma posição do que deveriam ser os candidatos. “Como não haveria tempo para escolher os participantes entre as milhares de inscrições, buscamos outras indicações: o amigo do amigo, o conhecido. Se o sujeito parecia interessante, a gente também mandava um produtor pesquisá-lo e ver se valia a pena passar para uma segunda etapa, uma bateria de perguntas pelo telefone. Se o papo fosse bom, mandávamos alguém fazer uma fita de dez minutos para ver como é a pessoa. Só então chamávamos para uma entrevista cara a cara”, completou.

Boninho ainda contou que cerca de 15 mil pessoas que se inscreveram para o primeiro BBB acabaram sendo chamadas para uma pré-seleção para a segunda edição, a única realizada no meio do ano, também em 2002, mas não confirmou se alguém dali foi escolhido.

“Fomos atrás de outros 5 mil que foram identificados pelos produtores ou por indicações. Também bolamos um questionário com 68 perguntas sobre os mais variados assuntos. Mesmo assim, achar 12 caras interessantes para o programa é o mesmo que procurar uma agulha no palheiro”, enfatizou.

Compartilhar.