A Próxima Vítima (1995), sucesso que a Globo disponibilizou recentemente no Globoplay, parou o país. Todo mundo buscava saber quem era o assassino da trama de Silvio de Abreu.
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A produção, que também abordava temas polêmicos, teve uma cena cortada por falta de autorização judicial, já que envolvia o ator Patrick de Oliveira, na época, com 13 anos.
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Sequência barrada na Justiça
Patrick deu vida a Arizinho, filho perdido de Quitéria (Vera Holtz) e Zé Bolacha (Lima Duarte), amparado pela socialite Júlia Braga (Glória Menezes). Em uma das cenas, o garoto cheirava cola ao lado de outras crianças.
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A emissora enviou o roteiro da sequência a 1ª Vara da Infância e da Juventude no Rio. A promotora Maria Lúcia Ceglia fez uma análise do texto e acabou rejeitando o script.
“Não tenho nenhum problema com as cenas em si. Só não concordo que sejam feitas por profissionais menores de 18 anos. Se a Globo usasse apenas atores mais velhos, tudo bem”, declarou a promotora em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, em 5 de abril de 1995.
A decisão do autor
A Folha teve acesso ao roteiro da cena. Júlia encontrava Arizinho cheirando cola ao lado de outros garotos. No texto, a mulher buscava impedir que o menino fizesse uso da substância e acabava sendo ridicularizada por ele e pelo grupo. Júlia tirava o saco de cola da mão de Arizinho e começava a cheirar ao lado deles.
Assustado, o menino dizia que aquilo poderia fazer mal a ela, tomando o objeto de suas mãos. Júlia se levantava, afirmando que aquilo não fazia bem para ninguém. O menino retrucava, dizendo cheirar cola para espantar a fome.
Como a juíza de menores, responsável pela liberação da cena, não deu resposta positiva à Globo sobre a exibição, Silvio de Abreu decidiu deixar essa passagem de fora da novela.
“Lamento profundamente tudo isso. Minha intenção é denunciar o abandono das crianças brasileiras”, argumentou o autor.
“Quem se droga é o Arizinho, não o Patrick”
O próprio Patrick foi contra o corte, afirmando que nada daquilo iria prejudicar a sua vida pessoal.
“Os meninos de rua vivem uma situação muito triste. É importante denunciá-la. Talvez as imagens sensibilizem os poderosos, os que têm força para tomar uma atitude contra a pobreza. Ninguém vai me confundir com um marginal que cheira cola. Sou um ator. Quem se droga é o Arizinho, não o Patrick”, afirmou o ator à Folha.
Tereza de Oliveira, mãe de Patrick, concordou com o filho e ressaltou que ele contava com todo o apoio da família.
“Meu filho tem uma família que o protege. Não se deixa influenciar à toa. Quando sai da Globo, esquece o que se passou nas gravações”, salientou ela.
“Acho muito forte uma novela mostrar crianças se drogando”
Mas, para ela, a melhor coisa foi a Globo não ter exibido as cenas em que Arizinho cheirava cola:
“Parece contraditório – afinal, permiti que o Patrick vivesse o papel. Só que, no fundo, acho muito forte uma novela mostrar crianças se drogando”.
Patrick de Oliveira esteve presente em várias produções, como Despedida de Solteiro (1992), Fera Ferida (1993), Pecado Capital (1998) e A Muralha (2000).
Casado e pai de um filho, o ator está com 40 anos e é diretor da produtora Forever Filmes, especializada em trabalhos institucionais. Ele também responde pela direção do esportivo Os Donos da Bola, na Band Rio.