Globo faz mudança em Mulheres de Areia e deixa público revoltado

Grande sucesso da faixa das seis da Globo na década de 1990, Mulheres de Areia está sendo exibida pela quarta vez na grade da emissora. Além da transmissão original, em 1993, a trama de Ivani Ribeiro foi resgatada duas vezes no Vale a Pena Ver de Novo, em 1996 e 2011, trazendo de volta à telinha nomes como Gabriela Alves e Eduardo Moscovis (foto abaixo).

Gabriela Alves (Glorinha) e Eduardo Moscovis (Tito) em Mulheres de Areia (Divulgação / Globo)

Desta vez, a história ganha uma Edição Especial, substituindo Chocolate com Pimenta (2003). Mas, apesar do enorme sucesso da trama junto ao público, espectadores ficaram revoltados com este retorno. Isso porque a emissora resolveu fazer alterações consideradas inaceitáveis pelos fãs.

Nova abertura

Na primeira semana, a reprise de Mulheres de Areia vem dividindo a faixa das 14h40 com a reta final de Chocolate com Pimenta. Por isso, os capítulos são menores, com cerca de 20 minutos, e vão ao ar sem a abertura completa, substituída por uma pequena vinheta de 20 segundos.

Mas, mesmo sem exibir a abertura na íntegra, os fãs já notaram que a peça foi modificada para esta reprise. A pequena vinheta deixa claro que as imagens passaram por um tratamento que as deixaram “borradas”, disfarçando a nudez da então modelo Monica Carvalho, que estrela a abertura.

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Ou seja, a vinheta da Edição Especial de Mulheres de Areia passou por mudanças para que os seios e o bumbum de Monica Carvalho não fiquem tão expostos, como acontecia na versão original. Nas redes sociais, o público chiou com a “novidade”.

Não foi a primeira vez

No entanto, vale lembrar que a nudez de Monica Carvalho já havia sido censurada anteriormente. A abertura de Mulheres de Areia já havia sido modificada em sua segunda reprise no Vale a Pena Ver de Novo, em 2011.

Naquela versão, foram inseridas duas barras laterais, na parte de cima e de baixo da tela, onde os créditos rolavam. Essas barras desfocavam o fundo e impediam que os seios de Monica Carvalho ficassem muito visíveis.

Na época, a Globo justificou a mudança. A emissora enviou uma nota ao jornalista Mauricio Stycer, então colunista do UOL, explicando os motivos da alteração.

“Tendo como base seus Princípios e Valores, a Globo resolveu adaptar a abertura para o Vale a Pena Ver de Novo, tornando menos explícitas cenas de nudez. Embora esta abertura tenha ido ao ar com a novela em 1993, a emissora avaliou que não era compatível com os padrões morais atuais do país”, dizia a nota.

Retrocesso

Vale lembrar que, entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990, o país vivia a efervescência da abertura política. Com o fim da censura, a televisão se sentiu livre para ousar e, com isso, sequências de nudez ficaram mais comuns na telinha.

Muitas aberturas de novela desta época retratam bem o período. Hans Donner, grande responsável pelas vinhetas da Globo, adorava explorar o corpo humano em suas peças, sobretudo o feminino. Além de Mulheres de Areia, as aberturas de Pedra Sobre Pedra (1992) e O Mapa da Mina (1993) e do Fantástico, entre outras, também continham mulheres nuas. E não era só a Globo: a abertura de Pantanal (1990), na Manchete, exibia a nudez frontal da modelo Nani Venâncio.

O corpo masculino também aparecia desnudo em aberturas como Roda de Fogo (1986) e Brega & Chique (1987). Esta última até criou polêmica e consagrou o derrière do modelo Vinícius Manne.

Porém, alterar a abertura de uma novela reprisada à tarde para disfarçar nudez não é novidade na Globo. Tieta (1989), quando foi reapresentada em 1994, também teve a vinheta estrelada por Isadora Ribeiro modificada. As imagens do corpo da atriz foram “escurecidas” e os créditos passavam sobre ela, deixando-a menos “exposta”.