Atual novela da faixa das nove da Globo, Um Lugar ao Sol apresentou um começo ágil, promissor e repleto de elementos de um folhetim de qualidade. O horário nobre voltar, após dois anos de reprises, com uma novela totalmente inédita e escrita por Lícia Manzo foi o melhor dos presentes para os telespectadores.

No entanto, com a novela sofrendo na grade voadora da Globo, a audiência não está correspondendo. De acordo com a colunista Patrícia Kogut, do jornal O Globo, a trama está com média de 22,2 pontos de audiência na Grande São Paulo, marcando o pior desempenho de uma novela das nove da Globo.

Como tudo nessa pandemia, a trajetória de Um Lugar ao Sol não foi fácil. Lícia enfrentou uma verdadeira saga até estrear sua primeira novela no horário nobre. Após o êxito de Sete Vidas, a autora foi escalada para escrever uma novela das 11, prevista para 2016.

A sinopse foi criada e o título era Jogo da Memória. A trama abordaria uma relação incestuosa entre uma irmã e seu irmão por parte de pai em três épocas distintas. Mas a Globo achou o investimento caro para uma trama que teria três fases. O projeto acabou cancelado, mas Lícia escreveu a história inteira, que segue engavetado. Pediram, então, para a escritora fazer uma novela sem horário definido. Pedido aceito.

A princípio, a Globo decidiu destinar a nova trama de Lícia para a faixa das seis. Porém, outra vez criaram empecilhos e uma nova ordem veio: adaptar o enredo para às 21 horas. Quando tudo parecia certo, a direção não achou que a história não tinha a força necessária e uma nova adaptação foi feita, segundo várias notas de colunistas.

Enquanto isso, resolveram produzir Amor de Mãe, de Manuela Dias, que nunca tinha escrito um folhetim sozinha, e enfrentou sérias dificuldades de emplacar seu roteiro, que não decolou na audiência.

Apesar do novo adiamento, finalmente as gravações da produção de Lícia tinham iniciado. A novela se chamaria Em seu Lugar e acabou tendo o título alterado para Um Lugar ao Sol. Tudo parecia certo.

Nova interrupção

Até que veio a pandemia do novo coronavírus. Uma nova interrupção ocorreu e o futuro ficou incerto. A Globo priorizou o retorno das gravações das tramas que foram interrompidas no ar e as novas ficaram em espera.

Meses se passaram, reprises dominaram a programação, e somente no final do ano passado os trabalhos foram retomados. A nova novela está toda gravada e as últimas cenas foram finalizadas em novembro, mês da estreia.

A premissa é baseada em um dos maiores clichês da teledramaturgia: os gêmeos que trocam de lugar. No entanto, no caso de Lícia Manzo não há o maniqueísmo do gêmeo bom e gêmeo mau.

Todavia, Lícia enfrenta um desrespeito da Globo com sua obra. A campanha de divulgação sempre esteve a desejar.

A emissora está muito mais preocupada com o remake de Pantanal, que vai estrear no dia 28 de março.

A novela da autora terá uma curta duração: apenas quatro meses. Isso porque a cúpula da empresa não acha que a produção vá emplacar e aposta todas as suas fichas na releitura do sucesso de Benedito Ruy Barbosa da Rede Manchete, na década de 1990.

Infelizmente, todo esse descaso prejudicou a produção, que, apesar do fracasso de público, está sendo um êxito entre a crítica. A Globo simplesmente colheu o que plantou.

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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor