Globo erra ao proibir Didi de participar de programa que ele ajudou a criar

09/08/2023 às 13h00

Por: André Santana
Imagem PreCarregada
Renato Aragão, o Didi (Reprodução / YouTube)

André Santana

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Exibido na última segunda-feira (7), o show do Criança Esperança arrebatou o público com um espetáculo musical bem produzido e a aguardada presença de Xuxa, Angélica e Eliana, que dividiram o palco pela primeira vez na TV. Fazia anos que o show beneficente da Globo não tinha tanta repercussão.

Renato Aragão, o Didi (Reprodução / YouTube)

Mas, apesar do êxito, nem todos ficaram satisfeitos com a atração. Renato Aragão, que foi o anfitrião da festa durante muitos anos, não gostou de ter sido esquecido pela Globo. De acordo com Lilian Aragão, sua esposa, o intérprete de Didi Mocó ficou “muito triste” por ter ficado de fora.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A tristeza se justifica. A emissora errou feio ao deixar de fora de sua festa justamente o artista que a criou.

Esquecido

Lilian e Renato Aragão

Lilian e Renato Aragão (Reprodução / Facebook)

Em entrevista ao site F5, da Folha de S. Paulo, Lilian Aragão revelou que Renato estava animado com a proximidade do Criança Esperança, e até havia pintado os cabelos e as sobrancelhas para a ocasião. No entanto, o esperado convite acabou não acontecendo.

LEIA TAMBÉM:

“Ele ficou animado com os anúncios do programa. Achou que seria lembrado, mas não deram nem um telefonema”, revelou Lilian.

“Ele participaria com o maior prazer, é um programa que ajudou a criar”, continuou. “Ele se dedicou ao Criança Esperança por quase trinta anos!”, lamentou a esposa do eterno trapalhão.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mudanças

Renato Aragão no Criança Esperança

Renato Aragão no Criança Esperança

A história do Criança Esperança está bastante atrelada à trajetória de Renato Aragão na Globo. Afinal, a campanha beneficente surgiu como um especial em comemoração aos 20 anos de Os Trapalhões, em 1986. O projeto cresceu e se tornou um show anual, que visa arrecadar recursos para apoiar projetos sociais que atendem crianças pelo Brasil.

Ao longo dos anos, o Criança Esperança se estabeleceu como um grande show que mobilizava artistas, sobretudo o elenco da Globo e destaques do cenário musical. Renato Aragão se fixou como mestre de cerimônias, comandando shows históricos.

No entanto, a partir da década de 2010, a campanha foi mudando o formato e Renato Aragão perdeu espaço.

Novo Criança Esperança

Fátima Bernardes no comando do Criança Esperança (reprodução/Globo)

Em 2013, além do tradicional show, a Globo passou a mobilizar seus artistas durante a programação e criou o Mesão da Esperança, que reunia seus contratados para atender telefonemas de doadores. O formato é utilizado até hoje.

No entanto, a partir de 2015, o grande show, que era realizado em espaços como o Ginásio Ibirapuera, em São Paulo, ou HSBC Arena, no Rio de Janeiro, passou a adotar um formato mais enxuto, direto dos Estúdios Globo. Com a mudança, a figura do mestre de cerimônia foi pulverizada e o show passou a ser comandado por “mobilizadores”. Leandra Leal, Dira Paes, Flavio Canto e Lázaro Ramos foram os primeiros apresentadores do novo formato. Mas Renato Aragão seguiu na festa, como participação especial.

Leandra, Dira, Flavio e Lázaro também comandaram as edições de 2016, 2017 e 2018. Já em 2019, o show foi apresentado por Leandra Leal, Fernanda Gentil, Dira Paes, Jonathan Azevedo e Flavio Canto. Em 2020, foi a vez de Fátima Bernardes, Jéssica Ellen, Maju Coutinho, Luis Roberto, Tiago Leifert e Luciano Huck comandarem a festa. Iza, Ivete Sangalo, Luciano Huck e Maju Coutinho apresentaram o show de 2021, enquanto Taís Araújo, Marcos Mion, Paulo Vieira e Tadeu Schmidt estiveram à frente do show de 2022.

Ao mesmo tempo, a participação de Renato Aragão ficou cada vez menor. A partir de 2020, por conta da pandemia da Covid-19, o “trapalhão” sumiu de vez da atração. Mas, este ano, com a volta do grande show fora dos Estúdios Globo, acreditava-se que Renato poderia retornar, o que acabou não acontecendo.

Ingratidão

Renato Aragão e Tom Cavalcante no Criança Esperança (reprodução/Globo)

As mudanças no Criança Esperança são naturais, dada a longevidade da campanha beneficente da Globo. No entanto, ainda assim, é, no mínimo, estranho que Renato Aragão tenha sido esquecido. Num momento em que o canal resgata o grande show fora de seus estúdios, caberia, ao menos, uma menção ao trabalho do eterno Didi.

Além disso, o programa mexeu com o público nostálgico ao reunir Xuxa, Angélica e Eliana, três ícones infantis. A volta do Didi deixaria a onda de nostalgia ainda mais envolvente.

Não é o caso de colocá-lo, novamente, no comando do show. Mas seria interessante, ao menos, reconhecer a importância de Renato Aragão na história da campanha. Afinal, sem ele, provavelmente a atração nem existiria. A Globo perdeu a chance de promover uma homenagem em vida a um artista que muito contribuiu com ela. Não adianta vir com festejos depois que ele não estiver mais por aqui…

Utilizamos cookies como explicado em nossa Política de Privacidade, ao continuar em nosso site você aceita tais condições.