Nos anos 1990, o SBT investiu forte na teledramaturgia e apostou em novelas clássicas, a fim de mostrar que havia vida fora da Globo. Em 1994, a emissora reeditou Éramos Seis (Tupi, 1977), que foi um grande sucesso e é lembrada até hoje. Em seguida, vieram As Pupilas do Senhor Reitor (1994) e Sangue do Meu Sangue (1995), que foram produzidas por Record (1970) e TV Excelsior (1969), respectivamente.

Nicette Bruno

Mas uma novela que acabou entrando para a história da televisão brasileira por nunca ter sido finalizada tornou-se motivo de briga entre SBT e Globo em meados dos anos 1990.

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Em busca de remakes

Silvio Santos (foto acima) já estava de olho em duas novelas para substituir Sangue do Meu Sangue – Gaivotas, exibida pela TV Tupi em 1979, e Ninho de Serpente, produzida pela Bandeirantes em 1982. Ambas as tramas foram escritas por Jorge Andrade, sendo compradas pela emissora.

Mas o dono do baú queria ir além e ficou de olho em uma trama que nunca foi finalizada: Como Salvar Meu Casamento, que entrou no ar no final de 1979, mas ficou pelo caminho, já que a Tupi enfrentava sua maior crise, que acabaria na cassação da rede em 18 de julho de 1980.

A novela que não acabou

Como Salvar Meu Casamento
Reprodução / TV Tupi

A história que conta a vida do casal Dorinha (Nicette Bruno) e Pedro (Adriano Reys), que, após 23 anos de união, vê seu casamento entrar em crise por conta de uma amante – Branca (Elaine Cristina) –, foi interrompida no dia 13 de fevereiro de 1980, porque a direção da emissora demitiu todos os profissionais da dramaturgia. Faltavam apenas 20 capítulos para o fim.

Mesmo com todos os problemas e a precariedade das gravações, a trama escrita por Carlos Lombardi agradou o público.

“Com dois meses de exibição, os capítulos passaram a ter o dobro do tempo e tivemos dez pontos de audiência. Íamos terminar a história no capítulo 200. Chegamos a escrever o final”, contou o autor ao jornal O Estado de S. Paulo em 19 de novembro de 1995.

A briga pelo roteiro

Lombardi colhia os frutos de Quatro por Quatro (1994, foto acima), um grande sucesso do horário das sete. E a Globo pediu que ele fizesse uma atualização do texto que, futuramente, seria exibida no mesmo horário de sua mais recente produção.

Mas no meio do caminho, havia Silvio Santos, que estava de olho na sinopse da novela, e queria fazer sua versão, apostando em uma novela que passaria nos dias atuais e deixando de lado as tramas de época.

E ninguém salvou o casamento

Adriana Esteves e Irene Ravache em Razão de Viver

A briga não durou muito tempo – Silvio Santos desistiu da trama inacabada, e a Globo engavetou o projeto, deixando, mais uma vez, Como Salvar Meu Casamento sem final.

O SBT produziu Razão de Viver (1996, foto acima), remake da novela Meu Filhos, Minha Vida, exibido pela emissora em 1984. Já Carlos Lombardi escreveu Vira Lata, exibida em 1996. Ambas as produções sofreram críticas e não tiveram êxito na audiência.

Mas, e o fim?

Edy Lima
Reprodução / Web

É claro que esse texto não termina sem o final da novela. Uma das autoras, Edy Lima (foto), contou o desfecho à Folha de S. Paulo em 14 de fevereiro de 1980.

Dorinha e Pedro ficariam juntos no final e Branca, a amante que tumultuou a vida do casal, terminaria a novela sozinha.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor