Parceiros em novelas como Tieta (1989), Lua Cheia de Amor (1990), Pedra Sobre Pedra (1992) e Fera Ferida (1993), Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares desenvolveram para a Globo uma trama baseada no sequestro do menino Carlinhos. O crime mobilizou o Brasil na década de 1970.

Caso Carlinhos
Reprodução / O Globo

O projeto, porém, nunca saiu do papel. Em 2007, Ana Maria usou a história de Carlinhos como base para uma novela que escreveu na Record.

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Polêmica quase virou folhetim

Ana Maria Moretzsohn
Reprodução / Montenegro Talents

A novela sobre o caso Carlinhos foi divulgada pelo jornal O Globo, em 25 de maio de 2000. Ana Maria Moretzsohn pretendia, assim que concluísse Esplendor – folhetim então exibido às seis – retomar o projeto concebido por ela e por Ricardo Linhares, que, na ocasião, desenvolvia a sinopse de Porto dos Milagres (2001) com Aguinaldo Silva.

O sequestro do menino Carlos Ramires da Costa, o Carlinhos, ocorreu em 2 de agosto de 1973. Até hoje, o crime é considerado um dos maiores mistérios da crônica policial no Brasil.

Carlinhos era um dos setes filhos da dona de casa Maria da Conceição Ramires da Costa e do industrial João Mello de Costa. Ele foi levado por um homem armado que invadiu a residência da família, na rua Alice, bairro das Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro.

O sequestrador deixou um bilhete informando que a criança só seria devolvida após o pagamento de 100 mil cruzeiros (moeda da época); caso contrário, a vítima seria liquidada.

Investigações

Caso Carlinhos
Reprodução / O Globo

Apesar da família obedecer às instruções do bilhete, contando com doações para chegar ao montante exigido como resgate, o criminoso – ou a quadrilha – não compareceu no dia e local combinados. Desde então, Carlinhos nunca mais apareceu.

A polícia, que havia armado uma operação para prender o responsável pelo crime no dia do pagamento do resgate, prendeu inúmeros suspeitos. Por fim, as investigações apontaram para João, pai de Carlinhos, como responsável pelo sequestro do próprio filho, devido à crise financeira que se abatia sobre o laboratório farmacêutico de propriedade dele.

Em janeiro de 1974, Adilson Cândido da Silva se apresentou à polícia, assumindo a autoria do crime e apontando João Mello da Costa como mandante. O pai de Carlinhos chegou a ser preso, mas foi liberado no dia seguinte, graças a um habeas corpus. Posteriormente, o relato de Adilson foi considerado inverídico.

Onde está Carlinhos?

Caso Carlinhos
Reprodução / O Globo

O caso sofreu uma reviravolta em 1977, quando a polícia apontou que o bilhete deixado pelo sequestrador havia sido redigido por Silvio Pereira, funcionário do laboratório de João. A irmã mais velha de Carlinhos, Vera Lúcia, chegou a reconhecer Silvio no dia do sequestro. Ela teria indicado Silvio ao pai; João argumentou que, caso Vera insistisse no assunto, ele acabaria preso.

Silvio foi condenado a 13 anos de prisão, mas acabou absolvido após a defesa do funcionário apresentar um recurso. No fim das contas, nunca foi comprovado o envolvimento de João Mello da Costa no sequestro do próprio filho.

O casal se separou em 1976. João se casou novamente. Maria da Conceição ficou com os filhos. Ela recebeu inúmeros contatos de “possíveis Carlinhos”. Exames de DNA, porém, comprovaram que nenhum dos homens era de fato o menino sequestrado.

Inspiração

Luz do Sol - João Vithor Silva, Luiza Tomé e Luma Costa
Divulgação / Record

O caso Carlinhos não foi adiante como novela na Globo, mas acabou retratado em um Linha Direta, exibido em 2003. Quatro anos depois, Ana Maria Moretzsohn usou o drama do menino como inspiração para Luz do Sol, exibida pela Record entre março e novembro de 2007.

O folhetim ambientado no Rio de Janeiro partia do desaparecimento de Drica (Luma Costa), herdeira de uma família milionária, durante sua festa de aniversário de cinco anos. Parentes, como o pai Freddy (Giuseppe Oristânio) e o tio Léo (Guga Coelho), eram apontados como suspeitos do rapto.

Enquanto Stella (Luiza Tomé), mãe de Drica, padecia à espera de notícias, a menina foi localizada pelo casal de pescadores Agenor (Leonardo Brício) e Eliana (Patrícia França), durante uma tempestade, na praia de Saquarema. Eles batizaram a garota como Rosa.

Uma reviravolta acontece quando a família de Drica, que já tinha perdido a esperança de encontrá-la, descobre com ajuda de amigos da família a existência da jovem que vende camarões na praia e que pode ser Adriana.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor