André Santana

Por conta do enorme sucesso que Todas as Flores alcançou no Globoplay, a TV Globo apostou suas fichas na trama de João Emanuel Carneiro como trunfo para sua linha de shows, sobretudo como arma para barrar A Fazenda, que estreia em breve na Record.

Todas as Flores - Letícia Colin
Letícia Colin como Vanessa em Todas as Flores (Reprodução / Globoplay)

No entanto, os primeiros capítulos da trama registraram audiência aquém do esperado. Mas a emissora já constatou o problema: são os capítulos longos, com cerca de uma hora e meia de duração, que derrubam os números. Por isso mesmo, o canal já voltou atrás na estratégia de exibição da produção estrelada por Regina Casé e Letícia Colin.

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Maratona

Todas as Flores - Regina Casé e Sophie Charlotte
Regina Casé (Zoé) e Sophie Charlotte (Maíra) em Todas as Flores (Reprodução / Globoplay)

Durante a primeira semana de Todas as Flores, a Globo obrigou o público a conferir uma verdadeira maratona do folhetim. Na estreia, em 4 de setembro, a atração ocupou todo o espaço anteriormente destinado à Tela Quente, num capítulo de uma hora e meia. Resultado: alcançou 15,6 pontos, de acordo com dados do Kantar Ibope Media divulgados pelo portal Notícias da TV.

No dia seguinte, 5 de setembro, Todas as Flores voltou a ter um capítulo enorme, com quase duas horas de duração. A trama entrou no ar após Terra e Paixão, por volta das 22h30, e só terminou após a meia-noite. Mais uma vez, os números foram modestos, com 14,3.

Mas, na quarta-feira, dia 6, o jogo virou. Neste dia, o capítulo foi mais curto, com menos de uma hora de duração, e os resultados foram muito mais favoráveis: 17,3. Porém, a “maratona” da quinta-feira (7) voltou a derrubar os índices. O capítulo de mais de 1h40 de duração anotou 13,9.

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Mudança

Todas as Flores - Bárbara Reis e Nicolas Prattes
Nicolas Prattes e Barbara Reis em Todas as Flores (Estevam Avellar / Globo)

Na segunda semana de exibição de Todas as Flores, a Globo fez alterações na grade e evitou os capítulos gigantes. Na segunda-feira (11), por exemplo, a Tela Quente voltou ao ar e, por isso, a novela ficou menor e apresentou um ótimo desempenho, com 18,2. Já na terça-feira (12), por conta do futebol, Todas as Flores foi exibida mais cedo, às 22h, e também apresentou um capítulo mais curto.

Ou seja, ficou claro que os “megacapítulos” de Todas as Flores estão afugentando o público. Isso acontece porque o número de aparelhos de TV ligados cai consideravelmente na faixa das 23 horas. Assim, muita gente acaba “abandonando” Todas as Flores no meio do capítulo, já que a trama sai do ar tarde da noite. Isso afeta a média de audiência do capítulo.

Porém, a mudança vista na segunda semana de exibição será de forma excepcional. Apesar da constatação da falha, a Globo não pretende alterar a duração dos capítulos exibidos às terças e quintas, que continuarão com quase duas horas de duração. Por outro lado, os capítulos de segunda e sexta serão “normais”, por conta da Tela Quente e do Globo Repórter, respectivamente. Já nas quartas-feiras, a novela será mais prejudicada, já que o capítulo será curto, mas entrará no ar só depois do futebol.

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Estratégia

Todas as Flores - Nilton Bicudo, Suzy Rêgo e Thalita Carauta
Thalita Carauta, Nilton Bicudo e Suzy Rêgo em Todas as Flores (Estevam Avellar / Globo)

A inconstância na duração dos capítulos de Todas as Flores faz parte da estratégia de programação da emissora. Como a trama foi muito bem aceita no Globoplay, a emissora optou por exibi-la mais cedo, às 22h30, em vez de mostrá-la como “novela das onze”.

Mas, como o canal ainda precisa exibir este ano o The Voice Brasil, que estreia em novembro, optou-se por uma duração mais curta de Todas as Flores. Se no streaming a produção teve 85 capítulos, na TV ela terá apenas 56.

Por isso, a Globo decidiu extinguir a “segunda linha de shows” das terças e quintas-feiras, estendendo os capítulos de Todas as Flores. Isso evita que a edição para a TV retalhe demais os capítulos originais – embora as cenas mais quentes estejam sendo totalmente limadas da versão para a televisão.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor