Globo Cor Especial, Baila Comigo e mais: o que passava na Globo em 1981?
08/06/2020 às 2h00
Baila Comigo, de Manoel Carlos, estreou há 39 anos. Nunca reapresentada por aqui, a trama – que está na fila de reprises do Viva – marcou aquele 1981, com os encontros e desencontros dos gêmeos João Victor e Quinzinho (Tony Ramos), além da primeira Helena (brilhantemente defendida por Lilian Lemmertz). A Globo se aproveitou da estreia da novela às 20h para turbinar sua grade de programação, lançando, no mesmo 16 de março, um programa educativo, a nova temporada de um clássico infantil e um novo “velho” telejornal. Confira!
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A emissora entrava no ar às 7h, com o Telecurso 2° Grau. Às 7h15, a estreia do Telecurso 1° Grau – um programa da Fundação Roberto Marinho, concebido com apoio do Ministério da Educação e Cultura. Em estudo, Língua Portuguesa, Matemática, Geografia, História, Ciências, Organização Social e Política do Brasil e Educação Moral e Cívica (oi?). As aulas eram reapresentadas aos sábados, no mesmo horário. Na sequência, em parceria com a TVE (hoje, TV Brasil), Ginástica (7h30) com Yara Vaz, pioneira na difusão desta atividade no Brasil – na foto acima, com Tônia Carrero, em 1966.
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O episódio do Sítio do Picapau Amarelo visto no dia anterior (no caso, na sexta-feira, 13) era reapresentado às 8h. Aqui, o repeteco de ‘A máscara do futuro’, exibido na temporada 1980. O TV Mulher, com Marília Gabriela e Ney Gonçalves Dias, trazia o ator Dionísio Azevedo – o Salomão Hayala, de O Astro (1977) – no quadro ‘Ponto de Encontro’. A atração, prestes a comemorar seu primeiro ano, em abril, contava com Marta Suplicy no ‘Comportamento Sexual’ e Clodovil, num segmento que levava seu nome, falando sobre moda e costumes; além de Marisa Raja Gabaglia e seu “consultório sentimental”.
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O Globo Cor Especial, com Gasparzinho e Godzilla, abria a programação vespertina (12h). O Globo Esporte (13h) revelou, naquela primeira metade dos anos 1980, a promissora Isabella Scalabrini – posteriormente, repórter de rede; hoje apresentadora do MGTV 1ª Edição. Já o Jornal Hoje (13h15) passou a ser tratado como o “Jornal Nacional da hora do almoço”. Embora os apresentadores Berto Filho, Lígia Maria e Sônia Maria continuassem anunciando pautas sobre arte e lazer – como as de Leda Nagle -, o foco em “hard news” aumentou consideravelmente, com as participações de Carlos Campbell, de Brasília, e Sérgio Roberto, de São Paulo, ao vivo.
A faixa de reprises vespertinas já existia há tempos, mas o Vale A Pena Ver de Novo (13h45) – título lançado no ano anterior – ainda estava em seu segundo cartaz: A Sucessora, do mesmo Manoel Carlos que ocuparia o horário naquela noite, baseada no romance homônimo de Carolina Nabuco. Em cena, Susana Vieira com Marina Stein, a interiorana desposada pelo viúvo Roberto (Rubens de Falco), em conflito com a imagem “ilibada” da primeira mulher dele, a falecida Alice, quase uma “entidade religiosa” para a governanta Juliana (Nathalia Timberg). Com o passar do tempo, Marina “descobre” a verdadeira Alice. E Juliana perde a sanidade mediante as tentativas de se aproximar ao máximo da primeira patroa – e de Roberto.
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Na Sessão da Tarde (14h30), o épico O Falcão dos Mares (1951), estrelado por Gregory Peck. O filme narra as desventuras de um capitão da marinha inglesa (Peck) durante as Guerras Napoleônicas. Logo após, a Sessão Aventura (16h30), com Batman – e aqui não encontramos informações a respeito do gênero: a série de 1966 ou o desenho de 1968. Ainda, o Show das Cinco (17h), uma faixa dedicada a animações, como Pernalonga, Tom & Jerry e Super Mouse. Por fim, o Globinho, espécie de noticiário para os pequenos, com Paula Saldanha – que, naquele ano, ganhou a companhia do macaquinho Loiola, boneco criado por Álvaro Apocalypse, com voz de Dirceu Rabello.
Às 17h30, a nova temporada do Sítio do Picapau Amarelo! Responsável pelo programa, Geraldo Casé buscava reconectar a versão televisiva e as histórias de Monteiro Lobato. Para tal, escolheu o clássico ‘A Chave do Tamanho’ para abrir a leva de episódios 1981. Além dos efeitos de imagem inovadores para a época – na trama, Emília (Reny de Oliveira) liga a “chave do tamanho”, encolhendo todos os personagens do ‘Sítio’ – a história contou com os repaginados Pedrinho e Narizinho: Marcelo José e Danielle Rodrigues foram eleitos substitutos de Júlio César e Rosana Garcia em um concurso promovido pela emissora, que mobilizou 7.000 crianças em todo o país. Gabriela Storace e Paulo Vignolo, que levaram o segundo lugar na disputa, participaram desta primeira história.
As Três Marias (18h) se aproximava da reta final, mobilizando seus personagens em torno da morte de Teresa (Kátia D’Ângelo), amiga de colégio das três protagonistas – Maria Augusta (Nádia Lippi), Maria da Glória (Maitê Proença, foto) e Maria José (Gloria Pires). Naquele capítulo, Antônio (Denis Derkian), confidente de Teresa, descobriu o nome da pessoa que indicou a ela o médico Macedo (Roberto de Cleto), envolvido em abortos clandestinos. Na última cena, o resgate de um carro submerso em um rio revelou a nova vítima do misterioso assassino que rondava a turma do folhetim: Antônio! Naquele momento, o roteiro apontava para a culpa de Leonel (José de Abreu), que perseguia o carro do rapaz a mando de Jonas (Cláudio Corrêa e Castro). No último capítulo, o delegado Damasceno (Jorge Cherques) elucidou o mistério: Alzira (Jacqueline Laurence) matou Teresa, por ciúmes do ex-marido Raul (Edney Giovenazzi); depois, livrou-se do cúmplice Macedo, assassino de Antônio.
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O Jornal das Sete, às 18h50, privilegiava o jornalismo de serviço. Foi o embrião para os noticiários locais, o ‘Praça TV’, que estrearam dois anos depois. O ‘JS’ contava então com edições em Brasília (Carlos Campbell), Rio de Janeiro (Marcos Hummel) e São Paulo (Celso Freitas). Na reportagem, em diferentes estados, nomes como André Luiz Azevedo, Caco Barcellos, Glória Maria, Ilze Scamparini, Leilane Neubarth e Pedro Bial.
Alerta bafão para o capítulo daquela noite de Plumas & Paetês (19h)! Amanda (Maria Cláudia) estava decidida a não mais sofrer por Renato (José Wilker). Mas não hesitou em procurar Yara (Cleyde Blota), mãe do rapaz, para saber quem era a “outra” na vida dele. Mal sabia Amanda que sua rival estava mais perto do que ela pensava: sua confidente Marcela (Elizabeth Savala), a quem Renato abandonou grávida, reencontrando-a meses depois, vivendo como Roseli, na casa da família de Edgar (Cláudio Marzo) – que a acolheu pensando estar ela grávida do falecido Osmar (Stepan Nercessian), irmão de Edgar, apaixonado pela “cunhada”. Destaque também para os atritos de Sandra (Elizangela) e o pai, Márcio (John Herbert): decidida a avacalhar com a reputação dele, então nomeado gerente da fábrica de jeans de Rebeca (Eva Wilma), Sandra aceita a “ofensiva” oferta de Márcio para trabalhar como “moça do cafezinho”. Novelão de Cassiano Gabus Mendes e Silvio de Abreu!
O Jornal Nacional (19h50), com Cid Moreira e Sérgio Chapelin, apostava alto nas pautas produzidas pelo recém-inaugurado escritório do noticiário na Região Amazônica. Em tempos de abertura política, a Globo conseguiu levar ao ar reportagens que, nos anos anteriores, seriam vetadas pela Censura, como das condições precárias de trabalho no garimpo de Serra Pelada (no Pará) e dos danos causados pela chuva na BR-364, que ligava Cuiabá (Mato Grosso) a Porto Velho (Rondônia), que levaram a uma reação imediata do então presidente João Batista Figueiredo, que determinou a liberação de verbas para o asfaltamento da estrada.
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Pontualmente às 20h15 foi ao ar o primeiro capítulo de Baila Comigo. Na primeira cena, um parto de gêmeos mobiliza Dra. Lúcia (Natália do Vale), responsável por trazer as crianças ao mundo, e Dr. Plínio (Fernando Torres), que se encanta com os dois bebês no berçário, rememorando o nascimento de João Victor e Quinzinho (ambos Tony Ramos), filhos da mulher com quem Plínio se casou, Helena (Lilian Lemmertz), e Joaquim Gama (Raul Cortez). João Victor então vivia em Lisboa com o pai; já Quinzinho morava em Santa Teresa com a mãe. A volta de Quim ao Brasil aterroriza Helena, que teme a revelação de seu segredo. A ideia do empresário é se reaproximar do filho que deixou para trás. Já Marta (Tereza Rachel), a senhora Gama, não admitia a doação de bens a João Victor, “filho adotivo”, em detrimento a Débora (Beth Goulart), a herdeira biológica. Revoltada, ela conta a Victor que sua verdadeira família está no Brasil. No mesmo momento, Quinzinho, talvez tomado pela sintonia que liga irmãos gêmeos, tonteia e acaba colidindo sua moto no carro de Lúcia.
Às 21h10, o segundo episódio de Viva o Gordo. O primeiro programa solo de Jô Soares apostou, neste início, em edições temáticas – a estreia, na semana anterior, foi dedicada aos gordos. Dentre os tipos que marcaram presença no Viva o Gordo 1981 estão Sebá, o último exilado, que desistia de voltar ao Brasil após receber notícias sobre a situação política de então; Zé, o operário que reagia ironicamente às informações sobre economia relatadas pelo amigo Juca (Flávio Migliaccio); Reizinho, o voluntarioso monarca baixinho – que obrigava Jô a atuar ajoelhado; Bô Francineide, atriz de pornochanchadas, gênero em voga no cinema brasileiro, que queria trabalhar na TV; e Gelatina, um policial com pânico de assalto.
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Com a abolição do horário das 22h, e ainda preparando a estreia de minisséries (no ano seguinte), a Globo passou a apostar em reapresentações de clássicos das 20h às 22h10. O Astro, de Janete Clair, era o cartaz da faixa, promovendo a presença dupla de Tony Ramos e Tereza Rachel no vídeo – os dois também estavam no ar em Baila Comigo. Centrada na figura de Herculano Quintanilha (Francisco Cuoco), vidente charlatão que chega ao topo do império dos Hayala, O Astro (compactada em 20 capítulos) substituiu Duas Vidas, também de Janete, no horário. Em 1982, a emissora resgatou Pecado Capital (1975), da mesma autora; também Gabriela (1975), de Walter George Durst, e Dancin’ Days (1978), de Gilberto Braga.
A última estreia daquele 16 de março de 1981 se deu às 23h10. O Jornal Nacional 2ª Edição, também ancorado por Sérgio Chapelin, substituía o Jornal da Globo – que, ao longo de sua trajetória, contou com três fases distintas: 1967, 1979 e 1982 (a “definitiva”). O ‘JN’ propunha resgatar as principais manchetes do dia, além de cobrir os acontecimentos noturnos. Na sequência, o Coruja Colorida (23h20), com Sonho de Reis (1969), encerrando a programação.