André Santana

No ar desde os anos 1970, o Globo Repórter já fez importantes contribuições ao telejornalismo. A atração já fez grandes matérias factuais, aprofundando temas de política, criminalidade e pautas históricas, abordando temas atuais sob pontos de vista que não cabiam num telejornal tradicional.

No entanto, este Globo Repórter “quente” não existe mais. Há anos, a direção da Globo o converteu a um programa “light”, explorando, sobretudo, pautas de comportamento e turismo. O tom ficou mais ameno, na tentativa de oferecer um programa mais leve e familiar nas noites de sexta-feira.

Com isso, o Globo Repórter se tornou, basicamente, um programa de entretenimento. Enquanto os assuntos mais vibrantes da semana são explorados nas grandes reportagens do Fantástico, o programa das noites de sexta se dedica a temas que poderiam muito bem estar num programa matinal da emissora.

Isso fica ainda mais evidente agora, quando o Globo Repórter vem ocupando uma lacuna deixada pelo extinto Vídeo Show.

Vitrine

Pantanal

De acordo com o site Notícias da TV, a direção da Globo baixou uma regra para que o Globo Repórter passe a explorar, sempre, o lançamento das próximas produções das nove. Segundo a matéria, a ideia é que a atração seja uma vitrine para os principais lançamentos do canal, na tentativa de evitar erros como Um Lugar ao Sol (2021), que não teve uma boa divulgação e se tornou um fiasco histórico.

Este Globo Repórter com jeitão de Vídeo Show já foi visto na última sexta-feira (23), quando o programa mostrou uma grande reportagem sobre a reta final de Pantanal. A matéria contou com segredos e informações de bastidores, além de uma entrevista com a atriz Isabel Teixeira (Maria Bruaca) e o autor Bruno Luperi.

No dia 14 de outubro, outra novela pautará o Globo Repórter: Travessia, a próxima trama das nove. O programa mostrará os bastidores das gravações em Portugal, onde está situado um dos núcleos principais da obra de Gloria Perez.

Revista eletrônica

Video Show

O Globo Repórter já estava com cara de revista de variedades, com suas inúmeras matérias sobre turismo e comportamento.

Agora, ao ocupar o espaço do Vídeo Show, a atração também reforça a editoria “televisão”. Ou seja, na prática, o Globo Repórter não é mais um programa de “grandes reportagens”, e sim uma revista eletrônica.

O público aprovou a nova configuração da longeva atração. Afinal, o Globo Repórter segue na confortável posição de programa mais visto da linha de shows da Globo. Isso deixa claro que, numa noite de sexta, o espectador quer mesmo é esquecer os problemas e simplesmente relaxar diante da TV.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor