O autor Gustavo Reiz é um grande fã de novelas. Tanto que ele não escondeu as inúmeras referências às tramas clássicas em Fuzuê, sobretudo nos diálogos do personagem Caíto (Clayton Nascimento).
Porém, mesmo sendo um fã de folhetins, o autor acabou derrapando ao esquecer, em sua história, um elemento essencial para uma novela dar certo: as relações humanas. Pois é justamente esse erro que Daniel Ortiz pretende corrigir em Família É Tudo, que vai substituir Fuzuê.
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Deu errado
Gustavo Reiz prometeu resgatar a essência da novela das sete ao apostar num humor rasgado em Fuzuê. A trama realmente estreou com boas piadas e bons personagens, em núcleos que se encontram por conta do mistério de um tesouro escondido.
Porém, mesmo sendo um profundo conhecer de folhetins, Reiz acabou se esquecendo de um elemento básico do formato, que são as relações humanas. Afinal, por mais estrambólico que seja um enredo, é preciso baseá-lo nos relacionamentos para que o público se identifique.
Veja como exemplo O Clone (2001), uma novela que misturava religião islâmica e engenharia genética. Poderia ser uma trama maluca de ficção científica, mas virou um novelão, já que toda a trama era ancorada num amor proibido entre Jade (Giovanna Antonelli) e Lucas (Murilo Benício).
Mas Gustavo Reiz não criou esse envolvimento com o público que Gloria Perez conseguiu. Fuzuê era tão centrada em enigmas e mistérios, que não houve tempo para que os personagens estabelecessem relações. Ao assumir a supervisão de texto, Ricardo Linhares conseguiu corrigir isso, mas tarde demais.
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Erro corrigido
Já em Família É Tudo, próxima novela das sete, o autor Daniel Ortiz promete ênfase nos relacionamentos. O próprio autor admitiu que sua trama é bastante baseada em relações familiares, como o título da trama sugere.
“Acho que o ponto de identificação com o público vai ser exatamente as relações familiares. A minha família é muito pequena, mas eu conheço várias famílias de amigos meus que são grandes e têm esses conflitos. Eu acho que as pessoas vão se identificar com isso”, disse Ortiz em coletiva de lançamento da novela.
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Essência do folhetim
Ao assumir a supervisão de Fuzuê, Ricardo Linhares propôs boas mudanças na novela. Isso ficou bem claro quando a trama do tesouro perdeu espaço e os dramas familiares ficaram mais evidentes.
Um exemplo disso é a rivalidade entre Luna (Giovana Cordeiro) e Preciosa (Marina Ruy Barbosa), que, antes da chegada de Linhares, não passava de embates verbais. Depois, a relação entre elas evoluiu quando Preciosa roubou os desenhos da irmã. Era isso o que faltava, conflitos concretos entre os personagens.
Linhares ajustou isso em Fuzuê, mas as mudanças não foram o suficiente para chamar a atenção do público. Por isso mesmo, as atenções agora se voltam à nova novela de Daniel Ortiz, que promete entregar tudo o que Fuzuê não conseguiu. Vamos ver se vai conseguir.
