Sai o Catete e entra a Vila Isabel. Motivo de polêmica na exibição da primeira versão de Vale Tudo (1988), o bairro onde ficará o núcleo que abrigará Raquel (Regina Duarte) no Rio de Janeiro será alterado no remake da trama, que tem previsão de estreia para março de 2025.
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Na primeira versão, moradores do Catete protestaram contra a Globo, fazendo barulho na imprensa.
Será o que o mesmo vai acontecer no ano que vem, quando a Vila Isabel ocupará esse espaço na trama?
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Insatisfação
Em 23 de agosto de 1988, o jornal O Globo noticiou que moradores do Catete estavam muito insatisfeitos com a forma como o bairro era retratado na trama.
Tudo por causa das intempestivas declarações de Fátima (Glória Pires), que dizia que achava o lugar brega e queria que a mãe, Raquel (Regina Duarte), fosse morar na Avenida Vieira Souto, em Ipanema.
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Integrantes da Associação dos Moradores do Catete, inclusive, fizeram uma reclamação formal à TV Globo.
“Não tive a menor intenção”
Em entrevista ao mesmo jornal, o autor Gilberto Braga (1945-2021) falou sobre a acusação.
“Não tive a menor intenção de depreciar o Catete, que acho muito simpático. Eu o escolhi como cenário do núcleo mais pobre da novela porque fica perto do Flamengo, onde moro. Gosto de escrever sobre coisas e lugares que conheço e a grande vantagem dessa locação é poder mostrar de vez em quando o aterro do Flamengo, que é lindo, e o pessoal que o frequenta”, explicou.
Além Raquel e Ivan (Antonio Fagundes), no bairro que sediou o poder político da República até a criação de Brasília, sendo palco do suicídio do presidente Getúlio Vargas (1882-1954), estava o núcleo formado por importantes personagens da trama, como Poliana (Pedro Paulo Rangel), inicialmente dono de um botequim, depois transformado em sócio e melhor amigo da protagonista; Aldeíde (Lília Cabral) e Consuelo (Rosane Gofman), secretárias da TCA, empresa do grupo de Odete; o motorista Jarbas (Stepan Nercessian); e os jovens André (Marcello Novaes) e Daniela (Paula Lavigne), entre outros.
Indignação
O jornal O Globo ouviu, inclusive, moradores do local para ver se estavam irritados com o que era mostrado na telinha.
“Toda vez que aparece o Catete na televisão é de modo depreciativo. Mas é porque as pessoas acham mesmo que o bairro é brega. Dizem que a praia do Flamengo é e frequentada por favelados, gente sem classe. Médicos e engenheiros que moram aqui ficam aborrecidos com isso. A verdade é que não recebemos benefícios municipais e estaduais. Temos apenas uma escola pública e para crianças do primário. Não temos creches. Os 13 terrenos do metrô estão aí abandonados. E o descaso para conosco que incentiva essa reputação de que vivemos em bairro de gente que não pode morar em outro lugar”, desabafou a professora aposentada Maria José.
“Bobagem”
“Acho estranho essa preocupação, nunca tinha pensado se o Catete é ou não brega. Brega tem em todo lugar e as famílias da novela que vivem nesse bairro poderiam morar em Copacabana. Ou em Ipanema, que não é só a Vieira Souto”, declarou Pedro Paulo Rangel, que morava no Flamengo e dizia ter vivido muito naquela região na infância.
Com o passar dos capítulos, as reclamações cessaram e Vale Tudo rumou para se tornar um grande sucesso, especialmente com o mistério em torno do assassinato de Odete Roitman (Beatriz Segall) nos capítulos finais.