O sucesso de Todas as Flores devolveu o prestígio de João Emanuel Carneiro (na foto abaixo, com o marido Carmo Dalla Vecchia) à direção da Globo. Tanto que o autor mal colocou um ponto final na história de Zoé (Regina Casé) e já foi convocado para assinar uma nova história no horário nobre do canal aberto.
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Ou seja, o novelista, que tinha sido rebaixado para o Globoplay, volta à TV Globo em grande estilo. Mesmo com o criticado desfecho de Todas as Flores, o autor conseguiu virar o jogo.
Fila das nove
A escassez de autores tarimbados para escrever novelas na faixa das nove tem feito a Globo rebolar para conseguir organizar as próximas produções do horário. Após Terra e Paixão, a única certeza é o remake de Renascer (1993), de Bruno Luperi. Há também O Grande Golpe, de Ricardo Linhares e Maria Helena Nascimento, mas sua produção ainda é dúvida.
Assim, “sobra” João Emanuel Carneiro, que acaba de escrever a bem-sucedida Todas as Flores, novela original do Globoplay. Segundo Patrícia Kogut, de O Globo, o autor já começa a desenvolver uma nova história para a faixa das nove, na qual deve repetir a dobradinha com o diretor Carlos Araújo, responsável pela direção da saga de Maíra (Sophie Charlotte).
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Com isso, são grandes as chances de o novo projeto de Carneiro ser encaixado na fila das próximas novelas das nove, provavelmente como substituta de Renascer. Vale lembrar que Todas as Flores foi concebida para o horário, mas foi “rebaixada” para o streaming. No entanto, a trama virou um hit, credenciando o autor a voltar à TV Globo em alta.
Crise criativa
Um dos autores mais festejados da “nova geração”, João Emanuel Carneiro só emplacou sucessos no início de sua carreira. Da Cor do Pecado (2004), Cobras & Lagartos (2006) e A Favorita (2008) conquistaram público e crítica. Com Avenida Brasil (2012, foto acima), seu prestígio aumentou ainda mais. A história de Nina (Débora Falabella) se tornou um clássico incontestável.
Porém, Avenida Brasil acabou se tornando uma “maldição” na vida do autor. Buscando superar o êxito de sua “obra-prima”, o autor tentou emplacar A Regra do Jogo (2015) e Segundo Sol (2018), duas tramas problemáticas que não gozaram do mesmo prestígio de suas novelas anteriores.
Com isso, a criatividade de Carneiro foi colocada em xeque. Sua capacidade de emplacar um novo sucesso foi questionada, a ponto de a direção da Globo ter dúvidas quanto ao potencial de Todas as Flores, que foi criada para, originalmente, substituir Um Lugar ao Sol (2021) no horário nobre da emissora.
Porém, a trama perdeu a vaga para Pantanal (2022) e, posteriormente, foi rebaixada para o Globoplay. Na época, o comentário era que Ricardo Waddington, então diretor-geral dos Estúdios Globo, e José Luiz Villamarim, diretor de teledramaturgia, não confiavam que Todas as Flores fosse capaz de manter o sucesso de Pantanal. Daí a opção por movê-la para o Globoplay e adiantar Travessia (2022) – que foi um fiasco, diga-se.
Volta por cima
No entanto, nem a direção da Globo imaginava que Todas as Flores fosse fazer tanto sucesso. A novela não só figurou entre as produções mais vistas do Globoplay, como ganhou uma repercussão digna de TV aberta. Seus personagens caíram no gosto popular e até viraram meme.
Apesar disso, a novela não escapou das críticas. O público chiou da reta final da trama, recheada de situações inverossímeis e reviravoltas absurdas. Para muitos, os 40 capítulos finais não fizeram jus ao início arrebatador.
Mas as críticas não desencorajaram a Globo, pelo contrário. Todas as Flores vai ganhar um “horário nobre” na TV aberta, virando “novela das dez”. A trama será exibida após Terra e Paixão entre agosto e outubro de 2023.
Ou seja, de “rejeitado”, João Emanuel Carneiro se tornará uma figura quase onipresente no horário nobre da Globo. O autor terá uma nova novela das nove inédita no ar poucos meses após a exibição de Todas as Flores. Isso é que é moral!