Na próxima segunda (17), a Globo trará de volta uma novela que marcou a carreira de Gilberto Braga (1945-2021): Água Vida (1980). A obra inaugurou o “quem matou” nas tramas do autor, o que acabou se tornando uma marca de seus folhetins.

Kadu Moliterno e Glória Pires em Água Viva
Kadu Moliterno e Glória Pires em Água Viva

Exibida originalmente entre 4 de fevereiro e 8 de agosto de 1980, em 159 capítulos, a trama gira em torno de Maria Helena (Isabela Garcia), uma pequena órfã que vive em meio a muitos medos e dramas.

Para desenvolver a protagonista, o autor Gilberto Braga buscou inspiração no musical norte-americano Annie, que fala sobre a história de uma menina órfã.

A novela se tornou um sucesso, mas não livrou o novelista de algumas dores de cabeça.

Autor se estressou com novela e fez exigência à Globo

Braga, que escrevia a novela sozinho, acabou ficando estressado com o ritmo de trabalho ao longo da trama e pediu para que a Globo colocasse um colaborar para o auxiliar na escrita dos roteiros dos capítulos.

A emissora, então, escalou Manoel Carlos — que já havia escrito Maria Maria (1978) e A Sucessora (1978) — para ajudá-lo no desenvolvimento de Água Viva a partir do capítulo 60.

“Escrever sozinho 150 capítulos é massacrante. Eu já estava sem energia até para fazer amor”, reclamou Gilberto Braga em entrevista à revista Veja na época.

Água Viva causou polêmica com cena ousada

No decorrer dos trabalhos, a trama também gerou polêmica com cena que simularia topless envolvendo as atrizes Tônia Carrero, Glória Pires, Maria Zilda e Maria Padilha.

A sequência seria gravada no Posto 9, na praia de Ipanema, e os seios seriam cobertos por um par de adesivos. No entanto, as pessoas que estavam no local não gostaram e a gravação foi cancelada.

“Quando os curiosos perceberam que faríamos topless, nos expulsaram da praia jogando latas e areia”, contou Maria Padilha.

Para não ser alvo de mais problemas com a gravação da cena, a Globo rodou a sequência na praia de São Conrado.

Trama iniciou marca de Gilberto Braga

Foi em Água Viva que teve início uma das marcas das novelas de Gilberto Braga: o tradicional “quem matou”. No folhetim, o médico Miguel Fragonard (Raul Cortez) foi assassinado misteriosamente na reta final.

No final da novela, foi revelado que o assassino de Miguel era Kleber (José Lewgoy), que acabou preso.

Gilberto Braga, porém, não gostou tanto do que escreveu. Ao livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”, de André Bernardo e Cíntia Lopes, o novelista contou que a situação foi “bem precária”.

Ao longo da carreira, o autor usou o recurso em várias outras novelas, como Força de Um Desejo (1999), Celebridade (2003), Paraíso Tropical (2007), Insensato Coração (2011), entre outras.

O mais famoso, porém, foi o “quem matou Odete Roitman?” em Vale Tudo, que parou o país em 1988.

Quando Água Viva volta no Globoplay?

Água Viva já foi reprisada pela Globo no Vale a Pena Ver de Novo em 1984, com 145 capítulos, e no canal Viva em 2013, sendo exibida integralmente.

Agora, será a vez de chegar ao Globoplay. A novela entrará no catálogo do streaming da Globo no dia 17 de junho.

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Publicitário e roteirista, escreve sobre televisão desde 2013. Com passagem por diversos sites, atuou como redator, editor e repórter, função que proporcionou entrevistar grandes nomes. Um apaixonado por televisão, que ama novelas desde que se entende por gente.