Exibida originalmente em 2008, a minissérie Queridos Amigos foi a primeira obra 100% autoral de Maria Adelaide Amaral para a televisão. A autora se baseou no livro Aos Meus Amigos, escrito por ela em 1991.

Tarcísio Filho e Aracy Balabanian em Queridos Amigos
Tarcísio Filho e Aracy Balabanian em Queridos Amigos (Divulgação)

A trama, que teve 25 capítulos e reunia um elenco estelar encabeçado por Dan Stulbach, nunca foi reprisada. Mas Queridos Amigos vai ganhar uma nova chance e será lançada no Globoplay em 2024.

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A família

Queridos Amigos
Queridos Amigos

Queridos Amigos se passa no final dos anos 1980, quando Léo (Dan Stulbach) descobre que está à beira da morte. Ele fica obcecado por reunir novamente um grupo de amigos formado nos anos 1970, em plena luta pela liberdade durante a Ditadura Militar. Eles se intitulavam “A Família”.

Mas Lena (Débora Bloch), Pedro (Bruno Garcia), Ivan (Luiz Carlos Vasconcelos), Lúcia (Malu Galli), Pingo (Joelson Medeiros), Tito (Matheus Nachtergaele), Bia (Denis Fraga) e Benny (Guilherme Weber) seguiram por rumos diferentes e já não se reúnem desde o réveillon de 1980. O tempo e a distância os transformou de tal modo que eles já não sabem se a Família ainda existe.

O reencontro, portanto, vai abrir velhas feridas e transformar a vida destes amigos que tanto lutaram pela liberdade e, agora, assistem à eleição de Fernando Collor de Mello nas primeiras eleições presidenciais diretas após o período da Ditadura.

 

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Improvisada

Maria Adelaide Amaral
Maria Adelaide Amaral (Divulgação / Globo)

Entre 1999 e 2007, a Globo sempre abria o ano com grandes minisséries. Maria Adelaide Amaral emplacou várias delas neste período, como A Muralha (2000) e A Casa das Sete Mulheres (2003). Para o início de 2008, a autora já trabalhava a todo vapor em Nassau, minissérie sobre o príncipe Mauricio de Nassau que seria estrelada por Dan Stulbach.

Porém, a Globo reviu os planos e, numa medida de contenção de despesas, optou por abortar o projeto. Ao invés de investir em macrosséries que duravam três meses, o canal preferiu apostar em minisséries mais curtas e encomendou um novo projeto a Amaral. Foi Dan Stulbach quem sugeriu à autora para adaptar seu livro Aos Meus Amigos.

“A história da troca começou no dia em que chamei o Dan Stulbach – ele faria o papel de Nassau – à minha casa, para dizer que infelizmente a minissérie havia sido adiada. Então o telefone tocou e era a [diretora] Denise Saraceni, que acabava de sair de uma reunião com o Mário Lúcio Vaz [diretor-geral artístico da Globo]. Ele tinha lhe perguntado se eu não tinha nada de minha autoria, passível de ser adaptado para minissérie. Nessa tarde estava particularmente irritada e respondi que não. E o Dan, que ouvia a conversa, observou que o romance Aos Meus Amigos daria uma minissérie. Considerei a ideia, escrevi um argumento e recebi sinal verde para fazer a sinopse. E então me dei conta de que estava fazendo o primeiro trabalho exclusivamente meu para a TV. No teatro e na literatura quase sempre fiz isso”, explicou Maria Adelaide Amaral ao livro Autores – Histórias da Teledramaturgia.

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Nova chance

Guilherme Weber em Cara e Coragem
Guilherme Weber em Cara e Coragem (Divulgação / Globo)

Queridos Amigos foi ao ar entre 18 de fevereiro e 28 de março de 2008. A produção, que foi bastante elogiada pela crítica e rendeu um prêmio da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) de melhor ator para Guilherme Weber, registrou média de 18 pontos no Kantar Ibope, considerado satisfatório.

Mas, depois de sua exibição original, a minissérie nunca foi reprisada. A Globo a lançou em DVD no segundo semestre de 2008, com todos os seus 25 capítulos na íntegra. Na mesma época, a emissora lançou também a trilha sonora, recheada de clássicos da MPB.

Agora, a produção ganha uma nova chance no Globoplay. No painel da plataforma que aconteceu na CCXP 2023, evento de cultura pop e geek realizado em São Paulo (SP), foi anunciado que Queridos Amigos será disponibilizada pelo Projeto Resgate em 2024. No entanto, não foi divulgada a data de estreia.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor