A Globo parece gostar bastante do Tiago Leifert. A emissora o presenteou simplesmente com quatro programas e só não conseguiu emplacá-lo em cinco porque não havia possibilidade de conciliação do trabalho. Atualmente, o apresentador pode ser visto quase diariamente no Central da Copa, iniciado em 14 de junho, junto com a Copa do Mundo de 2018. O jornalista tem um incontestável carisma e sabe comandar um programa ao vivo como poucos, mas a pergunta é: essa “overdose” é realmente necessária?

Tiago estreou no canal a cabo SporTV em 2006, como repórter, e migrou definitivamente para a Globo em 2009, onde passou a apresentar o Globo Esporte SP. Ficou na atração esportiva até 2015 e inseriu um novo jeito de comandar um programa de esportes. O tom mais sério e sóbrio foi deixado de lado, enquanto a descontração virou a protagonista. Deu tão certo que virou uma espécie de “regra” em todo formato, estendendo-se para outros estados. Não por acaso, deixou de vez o jornalismo, indo para o entretenimento em 2012. Virou o apresentador do The Voice Brasil, que iniciava sua primeira temporada.

Sua desenvoltura caiu como uma luva na competição musical e de lá não saiu mais. Leifert acabou virando peça fundamental no comando da disputa de vozes, sempre interagindo bem com os jurados e o público. Em 2015, chegou a substituir Fátima Bernardes durante suas férias, fazendo dupla com Ana Furtado no Encontro.
No mesmo ano, foi escalado para apresentar o É de Casa, então novo programa matinal da Globo aos sábados, junto com André Marques, Cissa Guimarães, Patrícia Poeta, Zeca Camargo e Ana Furtado. Não durou muito lá por uma simples razão: em 2016 foi escolhido para apresentar o The Voice Kids, versão com crianças do The Voice Brasil.

Mas a Globo ainda não estava satisfeita. Queria mais Tiago Leifert no ar. A saída de Pedro Bial do Big Brother Brasil, após 16 temporadas, virou outra oportunidade para o apresentador. A emissora, então, o escalou para a difícil missão de substituí-lo. Entretanto, ao contrário das atrações já citadas, o apresentador não foi feliz na empreitada. Escancarou sua preferências no BBB 17, interferiu diretamente no jogo e não soube se impor, sendo constantemente desrespeitado pelos participantes, que várias vezes nem escutavam suas orientações na hora das explicações das provas. Mas, ainda assim, foi efetivado e comandou o BBB 18 este ano. Seguirá por muitas outras edições.

O apresentador, é preciso lembrar, também ganhou da emissora o Zero 1 em 2016. Um formato semanal curto, com menos de dez minutos, que explora a cultura nerd. Na época, estreou em grandes pretensões e até saiu do ar. Todavia, voltou em 2017, com maior duração, contando até com convidados para rodadas de vídeo-game e muito bate-papo sobre cultura pop. Vai ao ar após o Altas Horas. Leifert mais uma vez se mostra à vontade na função e realmente se diverte. Ele sempre faz questão de dizer o quanto é conhecedor do assunto. Sabe tudo de jogos, filmes da saga Star Wars, enfim. Essa atração, por sinal, é a que melhor combina com Tiago.

E como está no ar diariamente com o Central da Copa, o apresentador não pôde conciliar com o Zero 1, que saiu de cena durante esse período. Mas o fato é que se ele conseguisse se dividir em dois, a emissora com certeza deixaria os dois programas na grade. Tanto que Leifert só deixou o The Voice Kids porque a competição musical vai ao ar na mesma época que o Big Brother Brasil. Ou seja, tem formato demais para um só apresentador. É uma superexposição desnecessária, por melhor que seja o profissional em questão. Para culminar, a sétima temporada do The Voice Brasil será exibida duas vezes na semana (terças e quintas), estreando logo após a Copa, quebrando a tradição do formato semanal. Mais Tiago no ar.

O talento de Tiago Leifert é incontestável, assim como sua facilidade em dialogar com o telespectador, goste dele ou não. Porém, a Globo está abusando da sua imagem e parece até que está faltando bons apresentadores no mercado ou na própria emissora. O ideal seria o jornalista comandar apenas o The Voice Brasil e o Zero 1. Já estava de bom tamanho. Agora, colocá-lo em em tantas atrações ao mesmo tempo cansa o público e até mesmo o apresentador. A audiência pouco satisfatória do Central da Copa, por exemplo, talvez seja uma resposta a essa overdose de Leifert na tevê.


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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor