Escrita por Lauro César Muniz, Transas e Caretas (1984) conquistou fãs ardorosos ao propor uma fábula que fundia o passado e o futuro. O robô Alcides (Quinzinho) é, até hoje, lembrado pelos entusiastas da trama. Outro destaque foi Lídia Brondi, como Luciana.

Transas e Caretas - Lídia Brondi
Divulgação / Globo

Na época de sua exibição, Transas e Caretas registrou índices satisfatórios de audiência. No entanto, a novela nunca foi reprisada, fazendo com que ela ficasse meio esquecida em meio aos arquivos da Globo.

O projeto Resgate do Globoplay reacendeu a esperança dos fãs em rever o folhetim. Porém, Erick Bretas, diretor de Produtos Digitais e Canais Pagos da Globo, negou que Transas e Caretas entrará no catálogo da plataforma em 2023.

Assim, o público terá que esperar um pouco mais para reencontrar Alcides…

Trama inusitada

Transas e Caretas - Alcides (Quinzinho)
Reprodução / Globo

Exibida na faixa das sete da Globo entre janeiro e julho de 1984, Transas e Caretas contava a história de dois irmãos de personalidades completamente opostas. Jordão (Reginaldo Faria) era um conservador, que vivia como um monarca do século 19; já Thiago (José Wilker) era todo moderno e entusiasta da tecnologia. Era ele quem tinha um robô mordomo, de nome Alcides.

Jordão e Thiago eram filhos de Francisca Moura Imperial (Eva Wilma), chamada jocosamente de FMI, uma milionária que fazia de tudo para controlar os filhos. Preocupada com a continuidade de seu legado, ela decide buscar uma mulher para se casar com um de seus herdeiros.

Marília (Natália do Vale) entra em cena e seduz os dois rapazes, que se modificam por conta da súbita paixão. A jovem decide se casar com Jordão, mas se arrepende e o deixa no altar. Thiago, rejeitado, passa a se envolver com várias mulheres, enquanto Jordão se une à dançarina Liana (Lady Francisco).

Recepção

Transas e Caretas - Natália do Vale
Divulgação / Globo

De acordo com o site Teledramaturgia, do nosso colunista Nilson Xavier, Transas e Caretas surfava na popularidade do romance 1984, de George Orwell, que estava em alta na época por conta do ano. O folhetim também trazia elementos de 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968).

Ismael Fernandes, no livro Memória da Telenovela Brasileira, afirmou que a trama tinha uma boa proposta, mas se perdeu em seu desenvolvimento.

“Boas ideias, mas lamenta-se a queda da qualidade do meio para o fim da novela”, citou.

Em crítica publicada no jornal O Globo, em 22 de julho de 1984, o jornalista Artur da Távola fez análise semelhante.

“Foi uma deliciosa fábula sobre o poder. Assim funcionou até o terço final, quando a artificialidade do esticamento levou-a a aditar um prolongamento da história, que já chegara a seu auge, e, assim, ver cair a tensão interna dos personagens”, escreveu.

Resgate

Escrava Isaura - Edwin Luisi e Lucélia Santos
Divulgação / Globo

No Twitter, Erick Bretas prometeu o resgate de quatro novelas dos anos 1970 e outras quatro dos anos 1980 no Globoplay. Além de Dancin’ Days (1978), que estreou recentemente, Escrava Isaura (1976, foto), Locomotivas (1977) e A Sucessora (1978) devem ser resgatadas ao longo do ano.

Água Viva (1980), Baila Comigo (1981) e Cambalacho (1986), prometidas quando o projeto Resgate foi lançado, em maio de 2020, podem estar entre as “oitentistas”, unindo-se a Elas por Elas (1982), disponibilizada recentemente.

Mas, em interação com internautas, Bretas negou que Transas e Caretas esteja entre os títulos deste ano. O jeito é esperar mais um pouquinho ou torcer pra que a novela entre no radar do Canal Viva.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor