Girlboss é mais uma divertida adaptação “bem livre” de uma história real

25/05/2017 às 12h00

Por: Redação
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A cidade é Los Angeles e um carro velho morre enquanto tenta subir uma ladeira. Na linha do bondinho. Uma moça sai do carro e tenta empurrá-lo na marra, o bondinho chega e buzina, a garota discute, grita, xinga e mostra o dedo para o guia turístico do bondinho e continua empurrando o carro.

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Depois deste início hilariante, a cena muda para um close no rosto dessa garota, Sophia Marlowe (Britt Robertson), dizendo que “a vida adulta é onde os sonhos vão para morrer”, antes de levar um tapa na cara de uma idosa que diz que essa geração está perdida. A jovem é caricatura da real Sophia Amoruso, fundadora da loja online de roupas e acessórios Nasty Gal.

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Assim, nos minutos iniciais, a série me ganhou. Girlboss, mais uma produção original da Netflix, estreou em 21 de abril e divide opiniões.

Sophia está sem emprego e quase sendo despejada por atraso do aluguel, até que em um brechó da vizinhança ela gasta seus últimos centavos em uma grandessíssima pechincha de uma jaqueta antiga, que ela reforma e consegue fazer ser um sucesso de lances no eBay. Assim começa seu novo sonho.

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Mas para quem pensa que Sophia segue essa trajetória literalmente do lixo ao sucesso com modéstia e simpatia está enganado. Ela é trapaceira, grossa (como pode ser percebido na primeira cena), trata mal até a melhor amiga. Por essa razão, a personagem e a série foram bastante criticadas, há quem diga que a trama retrata uma pessoa de má índole conseguindo subir na vida pisando em outras pessoas.

No entanto, minha interpretação é de que quando ela caiu por consequência de seu jeito impulsivo, imaturo e mal educado, Sophia foi capaz de crescer e aprender que as coisas não eram exatamente da forma desleixada que ela pensava, tornou-se capaz de reconhecer seus erros e pedir perdão.

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Além disso, muitos dizem que as coisas dão certo para a personagem de uma forma muito fácil. Eu digo que além do fato de Sophia ter um pai rico e ser socialmente privilegiada, apesar de preferir sair de casa e viver sob suas próprias regras, ela sabe que se as coisas derem muito errado, pode correr para o pai.

Nesses pontos, temos que considerar que é uma série de comédia, não um drama sobre a vida de Sophia e suas dificuldades para construir sua carreira.

Além da protagonista um tanto controversa, Girlboss desenvolve bem a personalidade e relacionamentos dos demais personagens. Annie (Ellie Reed), a melhor amiga de Sophia que tornou do negócio de sua amiga seu sonho também; Shane (Johnny Simmons), o bateirista e empresário de banda que se torna o namorado de Sophia e gera uma história no mínimo interessante e que não se torna a base da série; também conta com memoráveis participações especiais de RuPaul como Lionel, vizinho de Sophia que proporciona os conselhos mais engraçados nas horas que ela precisa. As amizades que a protagonista cultiva se tornam o significado de família para ela, já que sua relação com o pai não é das melhores e sua mãe foi embora quando ela era criança.

Como é uma história em que a internet tem suma importância, a alternativa a cenas chatas de pessoas digitando é uma sacada genial: as cenas do fórum de discussão virtual que misturam presença física com linguagem da internet geram boas risadas. Outro recurso muito bem utilizado na série é sua trilha sonora, escolhida para realmente combinar com a história; o nome da loja de Sophia, inclusive, partiu de uma música e o episódio sobre essa escolha é um dos meus favoritos.

Ame ou odeie, mas dê uma chance para os 13 episódios dessa série cativante que vai te fazer gargalhar, talvez chorar, morrer de raiva da Sophia em alguns momentos, mas em outros torcer para que o negócio – que a personagem hesitou muito até chamar de negócio – dê certo.

STEPHANIE MOREIRA. Projeto de publicitária, ama séries, cinema e compartilhar o que pensa, como percebe-se neste espaço semanalmente e em seu canal do Youtube. Contatos podem ser feitos pelo Twitter.


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