Morreu o ator Gésio Amadeu, aos 73 anos, vítima de Covid-19, nesta quarta-feira (5), em São Paulo, onde estava internado no hospital há quase dois meses para tratar a doença. A série Bugados, no canal Gloob, foi seu último trabalho. O ator fez longa carreira na TV, cinema e teatro.

Mineiro de Conceição do Formoso, distrito de Santos Dumont, Gésio Amadeu nasceu em 14 de junho de 1947. A carreira começou no teatro e na televisão, ao mesmo tempo, no final da década de 1960. Apadrinhado pelo dramaturgo Bráulio Pedroso, Gésio atuou na revolucionária novela Beto Rockfeller, em 1968, e não parou mais.

Foram 33 novelas, com trabalhos marcantes em Éramos Seis (Tupi, 1977), como Raio Negro, Gaivotas (Tupi, 1979), como Otávio, Sinhá Moça (Globo, 1986), como o escravo Fulgêncio, Renascer (Globo, 1993), como Jupará (pai de Zinho, na primeira fase), Os Ossos do Barão (SBT, 1997), como Misael, Chiquititas (SBT, 1997-2001), como o mestre-cuca Chico, Terra Nostra (1999-2000), como o cocheiro Damião, o remake de Sinhá Moça (2006), como o escravo Justo, e Velho Chico (Globo, 2016), sua última novela, como o vendeiro Chico Criatura.

No cinema, Gésio atuou em filmes como A Moreninha (1970) e Eles Não Usam Black-Tie (1981). No teatro, participou de montagens como Macbeth (1970), Os Rapazes da Banda (1971), Jesus Cristo Super Star (1972), Gaiola das Loucas (1974), Eles Não Usam Black-Tie (1980), Memórias Póstumas de Brás Cubas (1980), Auto do Frade (1985), Os Negros (1989), Melômana (1994), A Sopa de Pedra (1998), A Falecida (2012), A Última Sessão (2014) e outras.

Além de Bráulio Pedroso, Gésio foi também amigo pessoal dos novelistas Benedito Ruy Barbosa e Walther Negrão, que sempre que possível lhe reservavam papeis em suas novelas: Velho Chico, Flor do Caribe, Araguaia, Paraíso, Sinhá Moça (duas versões), Terra Nostra, Renascer, Os Imigrantes.

Por seu papel na novela Gaivotas, de Jorge Andrade (Tupi, 1979), Gésio Amadeu ganhou citação no documentário A Negação do Brasil (2000), de Joel Zito Araújo, que, com tom crítico e analítico, abordava a forma como os negros eram representados na teledramaturgia brasileira. O personagem Otávio foi uma das primeiras representações em telenovela de um negro bem posicionado socialmente, mas que nem por isso, na trama, deixou de ser vítima de racismo.

O tom emotivo de interpretação de Gésio Amadeu conferiu momentos marcantes na TV, como o amável Chef Chico de Chiquititas, que marcou toda uma geração de crianças, e em textos de Benedito Ruy Barbosa carregados de emoção, como em Velho Chico e Sinhá Moça, brilhantemente representados por Gésio. Seu semblante sempre amável fica em nossas lembranças.

SOBRE O AUTOR
Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira.

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Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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