Vamos para a segunda parte da história dos comerciais que marcaram época na nossa publicidade.

Bombril – O Garoto Bombril

A agência de publicidade DPZ recebeu de “herança” da concorrente McCann a conta da Bombril, cuja marca já tinha o conhecido slogan “mil e uma utilidades”.

Na época, o publicitário Washigton Olivetto sentia que o comportamento feminino estava mudando: as mulheres se encantavam com a fragilidade de Woody Allen e não mais com a macheza do ator John Wayne.

Junto com Francesc Petit, sócio e diretor de arte, Olivetto teve a ideia de criar um personagem bem jovem, tímido e bem-humorado, que pediria licença a uma senhora antes de falar.

Para encontrar o personagem que estava em suas mentes, Andrés Bukowinski, diretor da produtora ABA Filmes, ficou encarregado de produzir e procurar o protagonista do comercial.

Bukowinski foi assistir a peça “Folias Bíblicas” com seu sócio, Oscar Caporale, e ficou impressionado com o desempenho de um jovem ator: Carlos Moreno.

Moreno foi à ABA e fez um teste rápido e simples, falando do detergente Limpol. Os produtores adoraram o teste e recomendaram à DPZ ficar de olho no “candidato 18”. Olivetto e Petit adoraram o desempenho de Moreno e decidiram que ele seria o “Garoto Bombril”.

A primeira peça foi ao ar em 1978, se tornando um grande sucesso e faturando vários prêmios ao longo dos anos.

De 1978 até 2014, foram 344 comerciais gravados, além de peças para jornais e revistas, entrando no Guinness Book.

Telesp – Vandalismo

A cidade de São Paulo enfrentava grande número de casos de vandalismo e os orelhões eram as principais vítimas dessa violência.

A Telesp, que na época controlava a telefonia no Estado, pediu à DPZ para criar um comercial conscientizando as pessoas sobre o vandalismo contra os orelhões. A ideia era humanizar esse patrimônio público, mostrando sua “morte” e as consequências de sua perda.

Domingos Utimura, especialista em efeitos especiais, deu vida ao orelhão e, com efeitos incríveis, mostrou o fim de um telefone público em meio ao centro de São Paulo.

A peça faturou o prêmio Leão de Bronze em Cannes entre outros.

Folha de S. Paulo – Hitler

Em 1987, Nizan Guanaes era um jovem publicitário que mostrava seu talento na W\GGK.

Guanaes trouxe à agência uma ideia que já vinha bolado há uns dias para a Folha de S Paulo: uma mão invisível riscando alguns traços e desenhando, aos poucos, o rosto de um homem.

A voz do locutor trazia algumas informações sobre a figura que seria retratada, como a recuperação da economia em seu país, queda do índice de desemprego e inflação, aumento do PIB e renda per capita, entre outras qualidades.

No final, a figura era revelada e o rosto de Adolf Hitler surgia na tela.

Produzido pela ABA Filmes, Andrés Bukowinski trouxe outra ideia: ao invés de um desenho, uma foto seria utilizada.

Guanaes não concordou, falou que a ideia era dele e que não poderia ser modificada. Para a decepção dele, os diretores da W\GGK optaram pela ideia de Bukowinski.

A peça ganhou Leão de Ouro, entre outros prêmios pelo mundo, tornando-se referência até os dias de hoje.

Em breve, falaremos de outros grandes comerciais que ficaram registrados na história e em nossa memória.

Ideia e colaboração – Ingrid Nascimento


Compartilhar.
Avatar photo

Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor