Galã que morreu sozinho deixou novelas da Globo após herdar milhões

28/07/2024 às 8h25

Por: André Santana
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João Paulo Adour

Em Corpo a Corpo (1984), trama que está no ar na faixa das 14h40 do canal Viva, o ator João Paulo Adour dá vida a Orlando. Esse foi o penúltimo trabalho do galã na telinha, já que ele abandonou a vida artística pouco tempo depois.

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João Paulo Adour

Presente na televisão desde o final dos anos 1960, Adour fez vários trabalhos marcantes em novelas de enorme sucesso. No entanto, apesar da carreira vitoriosa, ele acabou se afastando da vida artística para cuidar da fortuna da família.

Ele morreu sozinho, aos 78 anos, vítima de um infarto.

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Quem é João Paulo Adour, o Orlando de Corpo a Corpo?

Nascido em 7 de novembro de 1939 no Rio de Janeiro, João Paulo Adour era filho do diplomata Jayme Adour Câmara. Por conta disso, o ator se acostumou a conviver, desde muito cedo, com escritores e intelectuais, como Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes.

Na juventude, após desistir da faculdade de Direito, Adour preparava-se para uma estadia na Europa. No entanto, ele acabou desistindo da empreitada ao ser aprovado num concurso para o novo espetáculo do teatrólogo Pedro Bloch, Família Pouco Família (1962).

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Foi assim, meio por acaso, que João Paulo Adour ingressou na vida artística. Sua performance no espetáculo teatral lhe rendeu o prêmio de Ator Revelação da Associação de Críticos de Teatro.

Carreira

João Paulo Adour

João Paulo Adour

Depois disso, João Paulo Adour foi para Londres estudar arte dramática e voltou aos palcos. A estreia na TV aconteceu em Um Gosto Amargo de Festa (1969), novela da Record. Em seguida, chegou à Globo, onde fez vários trabalhos.

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A Ponte dos Suspiros (1969), Verão Vermelho (1969), Assim na Terra como no Céu (1970), Bandeira 2 (1971) e Selva de Pedra (1972) foram algumas das novelas de sucesso que o ator participou. Ele também esteve em O Bem-Amado (1973), na qual viveu um de seus personagens mais famosos: Cecéu, filho do prefeito Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo).

Depois de atuar em Gabriela (1975) e O Grito (1975), João Paulo Adour iniciou uma parceria com Gilberto Braga, atuando em Dona Xepa (1977), Brilhante (1981) e Corpo a Corpo, trama em cartaz no Viva. Atuou ainda em Olhai os Lírios do Campo (1980), As Três Marias (1980) e Novo Amor (1986), na Manchete, seu último trabalho na TV.

O que aconteceu com João Paulo Adour, o Orlando de Corpo a Corpo?

Numa entrevista à revista Contigo!, em 1994, João Paulo Adour explicou porque deixou a vida artística. Ele contou que se afastou das novelas pela necessidade de assumir os negócios da família, já que era herdeiro de uma grande fortuna.

“Viajei pelos Estados Unidos e pela França. Fiz vários cursos, um filme franco-português. Fiquei indo e vindo até 1993, quando retornei definitivamente”, revelou.

Adour morreu em 3 de setembro de 2018, aos 78 anos, vítima de infarto. Seu corpo foi encontrado no apartamento em que ele morava no bairro de São Conrado, Zona Sul do Rio de Janeiro.

Havia a suspeita de latrocínio, mas a família descartou a hipótese em entrevista ao G1. Tomaz Adour, sobrinho do ator, revelou, pelo estado do corpo, a morte teria acontecido cerca de 10 dias antes de ele ser encontrado.

“Está tudo no apartamento, relógios, quadros, pela posição em que ele estava, foi constatado que ele enfartou sozinho. Ele era cardíaco também e não gostava de seguir uma dieta, uma hora o coração não aguenta. A polícia pegou impressões digitais e não esteve ninguém lá, a casa revirada é bagunça dele mesmo. Ele morreu nu e com o livro que estava lendo na mão”, disse.

“Foi uma das pessoas mais inteligentes e cultas que eu conheci. Era fechado, mas muito carinhoso e rascante, adorava fazer críticas ao teatro. Na casa dele há tesouros, cartas trocadas entre ele e Lima Barreto, João do Rio, Guimarães Rosa, Tônia Carrero, entre tantas outras coisas. Quem não sabe dá um livro?”, completou.

A atriz Patrícia Bueno, amiga do ator, foi a última pessoa com quem ele conversou ao telefone. Ao G1, ela contou que o amigo se encontrava bastante desesperançoso com os rumos da cultura no Brasil.

“Conversávamos sobre tudo ao telefone e, quando falávamos de cultura, ele ficava muito triste e desanimado com a falta de incentivo, de preservação, a pobreza que fica da cultura no país. Depois do fogo no Museu Nacional, não gosto nem de pensar. É uma tristeza”, lamentou.

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